terça-feira, 22 de abril de 2014

Pai Natal existe?

Nenhuma criança nasce com a convicção de que o Pai Natal (Papai Noel, no Brasil) é um ser verdadeiro, no sentido de existente.
São os pais - a família, toda a sociedade que a rodeia - que incutem essa ideia na cabeça da criança.
E ela passa a gostar da ideia. Afinal, quando o Natal se aproxima, ela escreve ao Pai Natal sua cartinha e fica à espera de que o presente chegue.
E o melhor: o presente chega!

Como deve ser gostoso acreditar no Pai Natal!



Mas quando a criança chega a uma certa idade, os próprios pais - toda a família, a sociedade que a rodeia - resolvem que chegou a hora de informar à criança que não. Pai Natal não existe.

Por que resolvem fazer essa maldade? Porque entendem que, agora, é salutar que a criança comece a enfrentar o mundo em sua crueza. Sem enfeites, sem Pai Natal.

É certo que a criança viverá uma certa decepção ao ser informada a respeito dessa triste realidade. Mas aos poucos irá perceber que é bem melhor aceitar a realidade do que conviver com fantasias. Será mesmo melhor para ela. Quando tiver de batalhar por um emprego, por exemplo, não se sentará para escrever uma cartinha ao Pai Natal a pedir que ele lhe providencie um bom emprego. Não. Irá lutar pelo emprego. Buscar melhorar sua qualificação profissional, aperfeiçoar-se.

Até aqui toda a gente concorda.

Mas outros Pais Natal surgirão ao longo da vida. Quanto a esses, ficará cada vez mais difícil aceitar que são fantasias. Por mais evidências que se acumulem a mostrar isso.

Quanto a esses novos Pais Natal, deve-se deixar que sigam a alimentar a fantasia das gentes?
De um lado sim. Já a essa altura não se trata mais de crianças. Adultos se aferram aos mais variados Pais Natal. Mas, por serem adultos, espera-se que tenham a capacidade de desconfiar de novas fantasias.
Por outro lado não. Assim como a criança, ao tomar conhecimento da inexistência do Pai Natal, torna-se mais apta a enfrentar a realidade da vida, também adultos livres de fantasias tendem a ser mais produtivos e mais felizes. Mesmo que sejam adultos, talvez muitos precisem de algum auxílio externo que os leve a desconfiar das fantasias.
Portanto, fazer a crítica das fantasias que povoam o imaginário das pessoas e as prendem às esperanças vãs de presentes pode ser uma forma de ajudá-las a encontrar maneira mais adequada de lidar com os mistérios da vida.

Sempre será útil tentar mostrar a toda a gente que não existe Pai Natal.
Nenhum.

3 comentários:

maray disse...

meu deus! Que seria de nós, psicólogos, com adultos sem fantasia nenhuma?? Deixa pelo menos alguma, pra nãao haver desemprego em massa :)

Alberto disse...

Maray: muita calma que os psicólogos têm a vida garantida.
Mas, pra falar sério: eu me refiro - e me parece que não consegui deixar isso muito claro - a fantasias que são tomadas por realidades. As fantasias são muito bem-vindas enquanto habitam o mundo da fantasia.

Alcilea disse...

Talvez por isso, sua sogra, com quem você não conviveu como tal, era contra o hábito de falar do Papai Noel para crianças. Vejo que, até hoje, você se queixa da peça que lhe pregaram... Pois eu prefiro continuar acreditando num Papai de todos os dias, não só do Natal!
Da Léa, a irmã.