terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O refúgio dos desejos


Meus desejos vivem no porão.
Lá, entre móveis e utensílios amontoados, moram meus desejos. Os gestos nobres de heróis de novela, a sordidez do bandido, o amor negado, o amor correspondido.
A pele muito alva da mulher inatingível.
Nos andares de cima desenrola-se a banalidade do real.
Vivo a subir e a descer a escada que une o porão ao mundo. Mas esse percurso é quase todo perpetrado no sonho.
E a indiferença da mulher de neve emudece meus desejos.
Ela, de certeza, irá desperdiçar a vida.
Quanto a mim, continuarei a alimentar meus desejos.
E a pedir que tenham paciência. Não há mais que aguardar.
Talvez, apenas talvez, a lembrança seja a única esperança.

3 comentários:

maray disse...

cada um interpreta de uma forma...sei lá, acho que sempre tem muita lenha pra queimar e mesmo quando a lenha acabar, restarão as brasas, que basta assoprar! Meus desejos talvez também estejam no porão, mas eu ando muito pelo porão, mais do que pela sala ;)

Regina Reis disse...

Que surpresa encontrar vc todo romântico por aqui... E que texto bonito, carregadinho de sentimentos!
Parabéns Alberto! De vez em quando é bom extravasar emoções. Transforma a imagem de um "durão" amante só de conhaque, em alguém que também pisa nas núvens com toda a leveza que apenas os sonhadores possuem!

Regina

Alberto disse...

Regina: obrigado pelos elogios. Mas não penso que haja oposição entre amantes de conhaque e sonhadores. Já Drummond poetava:

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Beijinhos!