Um dia, no Presídio Tiradentes, surgiu - não sei de onde - uma vitrolinha. E, também não me lembro como, apareceu junto um LP de Nina Simone. E a interpretação dela de Ne me quitte pas.
Era tudo que eu queria ouvir, naqueles dias.
Que não me deixasse a esperança. Que não me abandonasse a alegria.
Que aquelas paredes sebosas da ala, o corredor que percorria as celas do Pavilhão 2, que aquelas paredes fossem provisórias, que o mundo voltasse a existir.
E tudo aconteceu como devia acontecer.
No início de 1.973 as portas se abriram. E retornei ao mundo.
E até hoje ouço Nina a cantar Ne me quitte pas com a emoção de alguém que foi resgatado.
1 comentário:
ela tb sempre me comoveu nessa música. Tanto que não hesitei em dar a minha filha o nome dela. Só lamento mesmo tê-la assistido quando esteve no brasil, pela última vez. Sua voz estava alterada, a banda desconectada, foi no ibirapuera, ao ar livre e as pessoas nem ligavam muito. Teria sido melhor não ter visto isso e ficado só com a lembrança.
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