segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Eu, Souza Franco

Minha mãe era Celina Souza Franco. Aliás, Celyna Souza Franco.
Meu pai, Alberto Augusto ... de não se sabe o quê. Naquele tempo incorporava-se o sobrenome mais tarde, já na vida adulta.
Depois de vários dissabores em relação à família, meu pai adoptou o Alberto Augusto. Apenas.
Ao casar-se com minha mãe, aceitou que ela retirasse o Souza Franco. Minha mãe passou a ser, para o resto da vida, Celina Augusto.

Convivi muito com o lado materno da família.
Quase nada com o ramo paterno.

Ironia da vida, acabei por aproximar-me da vertente paterna. E a afastar-me do lado materno.
Vim conhecer a terra de meu pai e por aqui fiquei.
Agora, já faz 10 anos, Portugal é minha pátria.

Quanto aos parentes do lado materno, a religião nos afastou. Os primos com os quais mais convivi na infância fogem de mim como o diabo da cruz. São todos cristãos fervorosos, que detestam o mundo, como se diz nas igrejas baptistas. E eu, feliz ou infelizmente, vivo no mundo.

Paciência. As religiões, historicamente, foram sempre as grandes promotoras de guerras, perseguições e infâmias. Em minha família não seria diferente.
Ou é. Tenho, felizmente, uma tia que convive bem comigo, apesar de garantir em seu blogue que não gosta de incredulidades. O facto é que sei que gosta de mim, por mais incrédulo que eu seja.
Seu marido, catolicão da pesada, é uma figura fantástica, uma das melhores pessoas que já conheci.

É isso. O mundo é variado. E isso é muito bom. Desde criança gosto de drops misto.


Aos poucos, nos últimos anos, fui descobrindo que o lado materno de meu sangue não é assim tão adverso. Meu saudoso tio Vadinho, por exemplo, era alguém pra se ter no coração.
Meu tio Afrânio, lutador como poucos, me deu um primo pra lá de humano, com o qual vivo às turras pelas ideias malucas que ele acalenta. E que eu critico mas - lá no fundo - incentivo. Gosto que ele tenha todas as utopias do mundo.
 E outros primos com os quais nunca convivi, mas gostaria de conhecer melhor.

Meu tio Paulo, que povoou minha infância com as delícias de seus exageros, como - por exemplo - a informação que me deu como garantida, quando eu tinha algo em torno dos 10 anos, de que no Maracanã cabiam dois milhões de pessoas.

 Isso pra falar dos vivos. Dos que já morreram poderia falar bastante, também. Mas não cabe aqui.

Agora, graças ao Facebook, começo a conhecer um bocadinho de filhos e netos de meu tio Vadinho.

E vejo que é muito agradável ser um Souza Franco.

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