domingo, 29 de janeiro de 2012

Grandes desastres da minha vida


Lá pelos idos de 1.950, tinha eu 5 anos, meu pai, um ser que vivia estressado, sempre às voltas com problemas nervosos, tirou uns raros dias de férias para ir apaziguar a alma em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais.
Partiu pra lá só.
Não sei por quais cargas d'água (minha irmã Léa deve saber), eu resolvi ir encontrar-me com ele. Digamos a bem da verdade: resolvi estragar seu repouso.
E lá fui eu.
Ele me fez tudo que um pai podia fazer por um filho em Poços de Caldas naquele tempo: levou-me diariamente a passear na praça da cidade (sim, penso que só havia uma), me fez passear nas pequenas charretes puxadas por carneiros – ou coisa que os valha.


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Depois de uns poucos dias, estava eu já entediado com aquela rotina.

Pedi pra voltar a Santos.

Meu pai, que também já devia estar um tanto aborrecido da minha companhia, arrumou um providencial rapaz, sei lá se caixeiro-viajante, conhecido da igreja, que passava por Poços e que iria para Santos, que prontificou-se a levar-me de volta ao lar. E a deixá-lo em paz.

Lá fui eu. Embarcado no autocarro (ônibus) junto com o rapaz conhecido de meu pai.

Não me lembro o tempo de duração da viagem. Nem naquele tempo nem agora. Mas era coisa de muitas horas.
Lá pelas tantas, comecei a sentir uma dorzinha de barriga.
Como não tinha nenhuma intimidade com meu tutor, preferi conter minhas necessidades.
Fui contendo, contendo, até que não me foi mais possível contê-las.

Caguei.

Atualização: Cá, sua irmã Léa completa: você foi o escolhido para fazer companhia ao papai por ser o único que ainda estava de férias em período letivo. Era pequeno, com mãe professora e irmãs estudantes. O seu "tutor", como você diz: foi o Zé, amigo nosso da igreja, o mesmo que o levara para perto do papai, passou o final de semana lá e, quando ia voltar, você quis voltar com ele. O papai voltou no dia seguinte para o aconchego da mamãe que era mais repousante para ele do que qualquer estação de veraneio! Alguns anos depois, fomos todos juntos, em período de férias. Eu, já professora no interior, cheguei pouco depois e você me recebeu dizendo: Respire este ar! (Pensei: trata-se de ar puro!) e você completou: é a única coisa de graça que há por aqui!

4 comentários:

Bic Laranja disse...

Fez uma rica m*****.
Cumpts.

maray disse...

a gente começa cedo fazendo cagadas pela vida. Isso tb já me aconteceu. O problema é a gente pegar o gosto e não parar mais :D

Léa, a irmã. disse...

Cá, sua irmã Léa completa: vc foi o escolhido para fazer companhia ao papai por ser o único que ainda estava de férias em período letivo. Era pequeno, com mãe professora e irmãs estudantes. O seu "tutor", como vc diz: foi o Zé, amigo nosso da igreja, o mesmo que o levara para perto do papai, passou o final de semana lá e, qdo ia voltar, vc quis voltar com ele. O papai voltou no dia seguinte para o aconchego da mamãe que era mais repousante para ele do que qualquer estação de veraneio! Alguns anos depois, fomos todos juntos, em paríodo de férias. Eu, já professora no interior, cheguei pouco depois e você me recebeu dizendo: Respire este ar! (Pensei: trata-se de ar puro!) e vc completou: é a única coisa de graça que há por aqui!

AnaCristina disse...

rsrsrsr
agora tem duas praças e o ar continua sendo a unica coisa de graça rrsrsr