terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Celyna (*)


Lá pelos idos da década de 60, levei Celina ao cine Bijou, praça Roosevelt, São Paulo, a assistir a Uma Velha Dama Indigna, de René Allio.
É aquela história da aldeã italiana que vivia em função do marido e dos filhos e netos. Quando o cônjuge morre e os filhos já começam a disputar a herança, ela – a verdadeira herdeira – resolve contratar uma jovem de reputação duvidosa como acompanhante, compra um carrinho e sai pelo mundo a aproveitar a vida. Aquelas coisas simples que compõem o enredo da vida.
Não me conformava em ver Celina desinteressada do que eu considerava vida e por isso a arrastei ao cinema.
Ficara viúva há pouco e vivia para os filhos e netos. Casar de novo nem pensar. Gozar a vida, no apogeu dos seus cinqüenta anos, idem ibidem.
Fora os olhares cúmplices ou irônicos dos demais espectadores à saída da sessão de cinema, nada mais consegui.
Celina seguiu sendo Celina.
Hoje completaria 99 anos.
E continuará a completar anos enquanto viverem seus irmãos – que ela sempre tratou como filhos -, filhos, netos e um montão de órfãos da vó Celina.


(*)Celyna é a grafia de nascimento.

1 comentário:

Léa, a irmã. disse...

O dia 31 de janeiro nunca será um dia comum em nossas vidas, isso é verdade. Quanto ao cinema, não interessa o que aconteceu. A mamãe deve ter passado uns momentos de extrema felicidade por estar tendo a atenção do filho amado. Gostar de um filme mesmo, só me lembro do "Se meu fusca falasse"!