sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A cara de perro

Hoje, ao ler uma crônica em El País, me deparei com uma expressão em espanhol que não conhecia.
No momento em que compreendi seu significado, comecei a gostar bastante dela.
A expressão me apareceu no blog do correspondente de El País em Lisboa, Antonio Jiménez Barca. Ele comenta a boutade do ministro da Economia de Portugal, Álvaro Santos Pereira, a propósito dos pasteis de nata. E salienta que o gosto dos portugueses pela ironia fez com que “El hombre, envuelto en la negociación de una reforma laboral a cara de perro se convirtió (aún lo es), en el Ministro de los Pastelitos de Nata”.

NÃO CLIQUE PRA NÃO SER MORDIDO
A cara de perro significa sem concessões.

Logo me dei conta de que sempre fui um indivíduo a cara de perro.
Nos primeiros 17 ou 18 anos de vida fui cristão a cara de perro.
Depois de uma fase anarquista a cara de perro, tornei-me um marxista-leninista-trotskista a cara de perro.
Curado dessas doenças, resolvi ser pai. Claro, a cara de perro. Entre outras coisas, essa decisão me arrastou a uma postura utilitarista a cara de perro. Disso entende todo pai que tem de lidar com um orçamento familiar.

Agora, aposentado e consciente de que a vida te trata a cara de perro, resolvi aproveitar meus últimos anos como um inútil a cara de perro.

Não me sinto de todo mal.

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