quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Quid rides?


Em 1.977, ano em que o presidente militar Ernesto Geisel baixou o pacote de abril, com o qual criou a figura do senador biônico, bolado para dar maioria ao governo no Senado (o mensalão só seria inventado mais recentemente). Ano durante o qual se esperava a abertura política e o que veio foi mais endurecimento (a anistia teve ainda de esperar dois anos). Ano em que recebi excelente proposta para mudar de emprego mas – como eu tinha meus direitos políticos cassados – a Lion, revendedora Caterpillar, desistiu de me contratar. Ano ainda de chumbo. Falta de liberdade. Vida intelectual relegada à sombra.
Em 1.977, ano em que minha primogênita começou a andar. Ano em que li Grande Sertão: Veredas, na tranqüilidade de São Lourenço.
Em 1.977, às vésperas de mais uma comemoração da Independência desta terra pra lá de dependente, nasceu meu único filho. Chamei-o Horacio. Por não ser nome de santo. Por ser nome de poeta.
Teve cólicas, nos primeiros meses. Berrava muito, logo depois de mamar.
Isso passou, como tudo passa.
Cresceu e construiu personalidade própria.
Hoje, é profissional de excelência em sua área de atuação.
Casou com seu primeiro, grande e único amor.
Quem sabe surjam daí alguns netinhos fabulosos.
Saboreamos juntos muitos e muitos churrascos. No tempo em que ele era carnívoro. Hoje, quase vegetariano.
Jogamos bola juntos.
Já nos demos fortes abraços em momentos intensos de nossas vidas.
Já reclamei dele. E ele de mim.
Espero que a vida nos permita o aconchego permanente.

E, como o poeta (mas sem ironia), digo a ele, a propósito deste post:

De te fabula narratur
(é de ti que se fala)

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