quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Formas de tratamento


Há pessoas – eu, por exemplo – que não gostam de ser tratadas de forma cerimoniosa. Não gosto de ser chamado de senhor. O Junior, do Frigideira, me trata por Sr. Renato. Paciência. Fazer o quê. Prefiro que ele visite Meu Bazar mesmo assim.
Quando eu comecei a fazer análise, com Luiz Meyer, ficava desconfortável com o tratamento de Senhor que ele me dispensava. Numa das primeiras sessões, das quase mil que mantivemos, pedi a ele que me chamasse de você, já que eu o tratava assim. Ele, calmamente:
- O senhor pode me chamar como quiser. Eu também o tratarei da maneira que eu preferir.

Só muitos meses adiante ele começou a me chamar de você.

Nas conversas com familiares, em Portugal, as pessoas estranham que eu as trate por você. Para um português, isso é cerimonioso. O normal entre familiares é Tu. E eu, apesar de ser santista, perdi o hábito de tutear (como dizem os de língua espanhola).

Por outro lado, há os que fazem questão de tratamento diferenciado. Meu orientador de Lógica, por exemplo, o fantástico professor Newton da Costa, costumava dizer aos alunos jovens que o tratavam por você:
- Se você não me chamar de senhor, vou chamá-lo de Juquinha. Está bem?

Meu pai, certa vez, em uma convenção Baptista na Igreja da Vila Mariana, em São Paulo, encerrou uma disputa acalorada entre pastores que exigiam tratamento mais formal, valendo-se dos famosos versos de Gregório de Mattos a respeito de um magistrado pretensioso:

Se tratamos a El Rei por Vós
E a Jesus por tu,
Como chamaremos nós
Ao juiz de Igarassu:
Tu e vós ou vós e tu?

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