terça-feira, 12 de setembro de 2006
O quase sucesso de Marcelo
Ele vivia do melhor jeito possível: um dia depois do outro, uma noite no meio. Dormia bem, não tinha insônia. Acordava bem, sempre disposto para o trabalho ou para o lazer. Homem de posses medianas, funcionário sem altos nem baixos, tocava a contabilidade de uma empresa de porte médio com a sobriedade que o cargo exigia.
Adorava a esposa. Mulher perfeita, impecável. Quer dizer, quase. A rigor, a rigor, tinha um pequeno defeito: gastava muito papel higiênico. À toa. Qualquer xixizinho e pronto. Lá se iam metros de papel higiênico. No fundo, isso o irritava um pouco. Mas, dado seu comedimento em tudo, nunca reclamou. Verdade que o preocupava o possível entupimento do esgoto da casa. Mas preferia manter desobstruída sua relação com a companheira.
Por todos os motivos, começou a exercitar-se em um esporte inédito: pontaria de mijo.
Explico. Dado que a descarga quase nunca dava conta de tanto papel, quando era sua vez de fazer xixi, era comum encontrar, no fundo da privada, um certo volume de papel não enviado ao esgoto.
Começou distraidamente. Divertia-se pulverizando o papel com o jato de sua urina. Percebia, além disso, que isso facilitava a eliminação do papel quando de nova descarga.
Tomou gosto pela coisa.
Gabava-se (só com seus botões, claro) de conseguir cada vez mais pulverização com menores quantidades de xixi.
Foi quando surgiu, em um blog que costumava visitar, a campanha pela pontaria de mijo. Como quase todos sabem, há sempre blogs dispostos a fazer todo tipo de campanhas.
É um tal de campanha a favor disso, campanha contra aquilo.
Embarcou nessa.
Não se deu bem, infelizmente. A campanha do tal blog era virtual.
E a pontaria do xixi dele era pra lá de real.
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