sábado, 2 de abril de 2005

Do Golpe à barbárie
(o Brasil que eu conheci)


31 de março de 1.964. Eu acabara de completar 19 anos. Início da noite. O rádio começa a dar notícias importantes. Os governadores de São Paulo e de Minas Gerais, Adhemar de Barros e Magalhães Pinto, fazem declarações à imprensa contra o governo federal e conclamam à insurreição.
Militares saem de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro sob o comando do General Mourão. Sem dar um único mísero tiro, os militares tomam o poder e instituem uma ditadura que duraria 20 anos.
31 de março de 2.005. Acabo de completar sessenta anos. Início da noite. Alguns policiais militares vão à baixada fluminense, Rio de Janeiro, e distribuem tiros ao acaso. Matam umas trinta pessoas. Por motivos ignorados, certamente fúteis.
Não sei se a coincidência de datas é ironia do destino.
Sei que nesses mais de quarenta anos o Brasil deteriorou-se a tal ponto que não vejo mais como sairá desse buraco.
Não há risco de barbárie. Ela já chegou e instalou-se.
E não adianta atribuir a culpa às “autoridades”. Quem cavou o buraco foi o povo brasileiro.

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