domingo, 5 de dezembro de 2004

E deus criou Portugal


E o diabo o fez descobrir o Brasil. E é por isso que é tão bom ser brasileiro e português ao mesmo tempo. Deus e o diabo. Sai-se de sua terra e chega-se a ela. Atlântico no meio.
Aliás, talvez o melhor exemplo de mal necessário seja a viagem aérea transatlântica. Meu único consolo é pensar que no tempo das caravelas era um pouquinho pior.
Lá pelas sete da manhã, já no horário português, vê-se o azul do céu ao olhar para cima. O azul do mar ao olhar-se pra baixo. Só que um pouquinho mais escuro e salpicado de pequenos flocos de nuvens, deixados cair aleatoria e despreocupadamente por algum anjinho errante.
E finalmente: Lisboa, beleza envolta em recato.
Pela A8, vamos a Óbidos. O reencontro é prazeroso. Ao passear pelas vielas de dentro das muralhas, ouço um comentário de uma senhora portuguesa cuja família levou-a a conhecer Óbidos, certamente enchendo-lhe o espírito de expectativas: "Só o que vi até agora foram pedras. Pedras e mais pedras. Nada mais vi."
Almoçamos bem. Um licor de ginja em copinho de chocolate pra fechar a visita.
A8 até Leiria, depois A1.
De Mealhada, chega-se ao Palace Hotel de Buçaco. Deslumbramento.
Estou sentado no bar do hotel, salão imponente mas aconchegante. Meu notebook liga-se ao wi-fi do hotel sem mistérios.
Pra mim, é aterradoramente maravilhoso. Essa tecnologia não pára de me pregar peças. Quase sempre benvindas.
Hora dessas, vamos falar sobre essa construção que abriga o hotel. Melhor que rapadura mole.
Por enquanto, deixa que eu beba mais um Logan e vá dormir. Afinal, idosos recolhem-se cedo.

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