terça-feira, 11 de maio de 2004

O amor ao Porto


foto de ERD, ou será de AAJ?

A primeira vez que cheguei ao Porto não tinha um mapa da cidade e fui guiando a esmo. Era domingo de manhã. Depois de algum tempo resolvi parar para perguntar onde estava e como chegar ao centro histórico. Percebia estar em um bairro residencial. Parei em uma padaria de esquina. Dela ia saindo um rapaz de bermudas. Estava evidente que acordara havia pouco tempo. Decidira ir comprar uns pães, jornal, coisas assim. Iria voltar pra casa (devia morar ali por perto) e aproveitar o restante daquela bela manhã dominical para não fazer deliciosamente nada. Perguntei-lhe como devia fazer para ir ao centro. Disse-me que entrasse no carro e o seguisse. Fiquei um tanto desconsertado mas fiz o que me sugeria. Ele dirigiu durante uns quinze minutos, parou em uma praça e me esclareceu que estávamos já no centro histórico, ali estava a Torre dos Clérigos. Explicou-me como descer até a margem do Douro, desejou boa estada, despediu-se e foi embora. Minha mulher e eu ficamos nos olhando por uns segundos, sem entender tudo aquilo. A gentileza daquele tripeiro escapava à nossa compreensão de selvagens paulistanos.
Vários anos antes eu - indo para Lisboa - sobrevoara o Porto e ficara com uma impressão idílica da cidade. Essas lembranças se concretizavam nesse momento, em função daquele gesto.
Mais tarde, conhecemos o Majestic. Lá, tomando vinho durante conversas intermináveis, convenci-me de que essa cidade é a minha preferida. Certo que Passos é minha pátria. Mas Passos é pequenina, tadinha. Cidade, cidade mesmo, é o Porto.

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