sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Mixórdia



Bobó de camarão, para mim, tem vários significados.
Uns dez anos depois de ter saído do Presídio Tiradentes, em São Paulo, fui convidado a comer um bobó de camarão em uma casa do Pacaembu, bairro de Sampa que já foi o reduto da alta burguesia e já era, na altura, um bocadinho decadente.
Ao lá chegar, fui informado que o cozinheiro responsável pelo bobó era nada mais nada menos que Frei Beto.
Fui à cozinha cumprimentá-lo. Ambos fomos civilizados. Nenhum de nós dois revelou o desconforto diante da presença do outro.
Pois nunca tivemos um relacionamento que se pudesse classificar de amigável. Quem quiser, procure neste blogue os posts relativos à prisão (São os "Era uma vez").

Sim. O bobó estava ótimo. Nem tudo que Frei Beto produz é ruim.

Cá em Portugal, minha mulher - a Léa - resolveu fazer bobó de camarão para os amigos portugueses.
Foi um sucesso. Ela havia recebido, de uma amiga que nos veio visitar, um bocado de azeite de dendê.
A mandioca compra-se cá.
Pois.
Nosso anjo da guarda, que vem cá em casa duas vezes por semana, resolveu fazer o bobó na casa dela.
E não é que também fez sucesso?!
O facto é que, hoje, trouxe-me um bocadinho ( um montão, na verdade!) do bobó que voltou a fazer na casa dela.
Disse-me que a filha caçula pede sempre que ela refaça o prato.
E o de que mais gostei é que o chama de Mixórdia.

Belo nome para o bobó de camarão.

4 comentários:

Léa, a irmã. disse...

Quanto ao Frei Beto, muito mais do que o bobó, soube que foi ele quem deu a ideia de levar o advogado Joaquim Barbosa para o STF!
E quanto ao seu amigo, dono do volume da Mafalda que vc guarda até hoje, será ele o Luiz Bursztyn do Facebook, que estudou e mora no Rio de Janeiro? Pelo menos, devem se conhecer, pois é quase certo que, se não for ele próprio seja algum parente...

Anónimo disse...

A receita de bobó de camarão mais gostosa que já provei era feita por mim (na condição de coadjuvante) e Sílvia, minha mulher, falecida em 2008.
Se quando ela vivia eu já não gostava de comer bobó fora de casa, depois que ela faleceu passou a ser um prato que "sabe mal" como dizem em Portugal.
Manoel Carlos

Anónimo disse...

como pode um brasileiro com 1 percurso de vida ,como o seu, ter 2 aparttos: 1 em Bragança,que conheço e outro em Matosinhos, zona cara aqui do Porto???alguém me explica isto????eu que levo a vida a trabalhar, numa profissão liberal, alto quadro do Estado,estou a pagar um normal apartto, na zona de Gaia e no fim do mês nada sobra!!!Sr.Alberto dê-me a sua formula mágica de fazer eurs !!!assino: Gajo Ingénuo

Alberto disse...

Oh Gajo ingênuo! (e ao que parece um bocadinho idiota). Veja a resposta no post seguinte.