quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Desculpas atrasadas

Um bocadinho atrasadas. Só quarenta anos.
No Presídio Tiradentes, em São Paulo, onde a ditadura militar me deixou trancafiado pouco menos de dois anos (1.971 - 1.973), conheci boa parcela da Esquerda Revolucionária brasileira.
De muitos passei a querer distância.
Mas a alguns me afeiçoei. Guardo boas recordações de vários companheiros de presídio.
Um deles foi Luiz Bursztyn, o Bom Bril, alcunha que derivou da aparência dos cabelos dele.
Aliás, a mulher dele, também presa na ala feminina (conhecida como A Torre), tinha o nome de Jurema. Virou, claro, Ervilha, pois Jurema era uma marca conhecida de ervilhas em lata.
Convivi pouco com Bom Bril, pois morávamos em celas diferentes. Mas tínhamos nossas afinidades.

Poucos anos depois, talvez uns seis anos, trabalhava eu na Promon Engenharia e encontrei Bom Bril nos corredores da Empresa. Ele fazia parte de um grupo de visitantes. Paramos, cumprimentamo-nos... e eu não consegui lembrar o nome dele, nem a alcunha, nem nada. Apenas sabia que estivéramos presos junto.

Jamais me perdoei por essa falha de memória.

Como se isso não bastasse, fiquei com um volume - o de número 7 - da Mafalda, que era dele.
Está comigo até hoje. Como informa a capa, ele morava no Pavilhão 2, Xadrez 8.



Se por um desses raros acasos ele chegar a este blogue, quero que me diga para onde enviar o seu volume da Mafalda, com minhas esfarrapadas desculpas pelo lapso de memória.

A situação que vivíamos penso que explica parte dele.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu desejo muito reencontrar um amigo, pois um dia eu estava aflito, numa situação delicada e o encontrei em companhia de uma mulher com quem eu tivera um problema.
Ele foi efusivo ao me cumprimentar e eu apenas queria sair de onde estava, aperriado, desesperado.
Talvez a mulher com quem ele estava tenha dito a ele que eu fui "frio" por causa dela, não sou tão mesquinho.
Como eu gostaria de reencontrá-lo e lhe pedir desculpa, explicar o que se passava naquela ocasião...
Manoel Carlos

Anónimo disse...

Manoel Carlos : você já o encontrou: é o amigo Alberto Junior,de seu nome, kkkkkkkkk