Artistas brasileiros (Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e talvez outros menos nobres) uniram-se em um movimento curiosamente chamado Procure Saber (ao que parece eles já acharam) com o expresso objetivo de não permitir que fossem liberadas, no Brasil, biografias não autorizadas pelo biografado ou seus descendentes.
Entendiam que deixar uma biografia dessas ser publicada para só depois buscar reparação judicial rendia pouco dinheiro.
E eles, como quase todo mundo, gostam de muito.
Quando a iniciativa deles começou a ser duramente criticada, começaram os recuos.
Chico Buarque, de seu refúgio em Paris, tratou de procurar a porta de saída:
- Posso não estar muito bem informado sobre as leis e posso ter me precipitado.
Parece que, domingo passado ou um dia qualquer desses últimos, Roberto Carlos, conhecido como O Rei (presumo que do Reino da Música porque do Reino do Futebol é o Pelé, que - por sinal - é muito ruim de música), deu uma entrevista à TV Globo para dizer que não é bem assim.
Tenho um amigo que quando quer, ironicamente, defender algum argumento absurdo, começa a argumentação com um:
- Veja bem!
Caetano Veloso, ao perceber que ia levar bola nas costas, soltou o verbo no jornal O Globo de hoje:
(clique na imagem para ampliá-la.
Mesmo assim ela não ficará em bom tamanho.
Não tenho culpa de Caetano precisar ser prolixo
Mesmo assim ela não ficará em bom tamanho.
Não tenho culpa de Caetano precisar ser prolixo
para defender o indefensável)
Primeiro ele atira em Roberto:
- Atribuí a Roberto Carlos o fato de ter sido obrigado a chegar até ali. Eu, que sempre me posicionara contra a exigência de aprovação prévia para biografias.
O tiro ricocheteia em Chico Buarque:
- Chico era o mais próximo da posição dele [Roberto], eu, o mais distante.
Essa postura caetaneana me lembra aquela velhíssima anedota contada por José Vasconcelos:
O camarada roubou um porco e saiu em disparada, com o porco às costas.
Quando foi alcançado pelos que o perseguiam, perguntou:
.- Porco? Que porco? Tira esse bicho daí!
Caetano procura, no artigo acima, tirar o corpo fora. Não o do porco. O dele.
Isso graças a artigos como o de Ruy Castro:
E mesmo o de Janio de Freitas:
Para não dizerem que não mostrei o artigo a que Caetano também se refere, desta vez um bocadinho favorável a ele e aos demais trapalhões (o artigo de Fernanda Torres), aí vai a parte do texto que se refere ao nosso assunto. Antes ela fala de um livro que vai publicar e de outro livro, que dá título ao artigo.
Aos poucos a moçada vai tirando os respectivos da reta.
Não sei se é preciso, mas vou explicitar: gosto muito da produção de música popular de quase todos eles.
Neste último sábado, por exemplo, fiquei durante umas duas horas a ouvir e ver o show acústico MTV de Gilberto Gil.
Isso nada tem a ver com o caráter deles. Picasso, por exemplo, era excelente pintor mas...
Isso já é outra história. A que chegaremos, qualquer hora dessas.
Também acrescento que todos eles já produziram o que tinham para produzir.
Sendo assim, termino com o finalzinho do texto da doidivanas Barbara Gancia, sexta-feira última, também na Folha.
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