quinta-feira, 30 de maio de 2013

As voltas que o mundo dá

Quando, no Brasil, irrompeu o movimento militar-popular de 1.964, a adesão foi quase total.
Os inimigos do novo regime eram poucos, pouquíssimos.
Até finais de 1.968, houve um regime de liberdade relativa.
Alguns poucos haviam sido presos, outros banidos, vários outros perseguidos.
Com o Ato Institucional nº 5, começou a verdadeira ditadura.
A partir de então, quase nenhuma contestação.
As organizações de esquerda, raquíticas, foram perdendo o apoio dos poucos setores da classe média que ainda lhes davam algum respaldo.
Em finais dos 60 e início dos 70, a aceitação da ditadura foi quase absoluta.

O povo, quase em uníssono, era parceiro do regime.

É por isso que hoje, quarenta anos depois, fico admirado ao ver a enorme quantidade de brasileiros acima dos 50 anos que revelam sua profunda aversão àquela ditadura.

Onde estaria essa gente toda nos anos 70? A passear em Marte?

Isso para não mencionar as instituições que hoje fazem profissão de fé na democracia.
Onde estavam naquela época?

Nos anos 70 existiam os que gostavam da ditadura militar e os que sonhavam com a ditadura do proletariado.

Noves fora, quase nada mais.

Hoje, quase todo mundo, no Brasil, é democrata desde criancinha.

Quanto aos mais velhos, são poeira que vai para onde o vento a leva.

Já os mais jovens... Nada sabem da História. Navegam no imenso mar do analfabetismo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ia


Hoje eu quis fotografar
Lua cheia que brotou
no horizonte de Bragança.

Deixei de lado a ideia.
Esta lua é de hoje,
a nossa é de antigamente.

Nem crescente nem minguante.
Lua nova inesquecível.
Invisível. Radiante.

É astro que não se vê,
mas chama que não se apaga.
Beleza num céu vazio.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os instantes de fama de uma juíza


Uma juíza de Indaiatuba, Estado de São Paulo, ordenou à Folha de SPaulo a retirada de menção, em coluna do José Simão de 22/08/2012, a uma candidata nas eleições do ano passado. Para ajudar a tal juíza a perceber que em tempos de Internet essa censura é inócua, aí vai a explicação do caso e o texto original do Simão.

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domingo, 12 de maio de 2013

A falta de carácter de Jorge Jesus

Porto e Benfica jogaram entre si para, na prática, definirem o campeão da temporada.
Ao Benfica bastava um empate.
O Porto precisava da vitória.
Se Jorge Jesus, o treinador do Benfica, tivesse visto com atenção o jogo de Barcelona entre o Bayern e o Barcelona, teria aprendido uma boa lição. O Bayern havia vencido a primeira mão, em Munique, por 4 a 0. Bastava não perder por diferença de 5 golos em Barcelona. Jogou a abafar o Barcelona desde o início. Resultado: 3 a 0 para o Bayern.
Não. Jorge Jesus decidiu lutar pelo empate. Foi castigado por um golo nos acréscimos. Aliás, um golo brasileiro. Tabela entre Kelvin e Liedson (com esses nomes, só podiam ser brasileiros...) e belíssimo pontapé de Kelvin, cruzado, indefensável.

O que me chocou foi a declaração de Jorge Jesus ao final. Ao invés de reconhecer que sua estratégia fracassou, desculpou-se ao alegar que o primeiro golo do Porto foi um auto golo (gol contra) do guarda-redes brasileiro Artur.
Ora, a bola tinha a direção da meta. Artur tentou desviá-la para fora. Não conseguiu e ela entrou. Se isso é auto golo, todo golo em que o guarda-redes toca na bola antes que ela entre na meta seria auto golo.

Para uma equipa - o Benfica - que joga na próxima quarta-feira uma final da Liga da Europa, essa verdadeira acusação do treinador ao guarda-redes é desastrosa.

Mais do que isso: revela total falta de carácter.

sábado, 11 de maio de 2013

De boleiros e jornalistas

Pensar com os pés não costuma dar bons resultados.
Mas, neste caso, fico na dúvida: quais serão os mais ignorantes: os jogadores de futebol ou os jornalistas que fizeram a pesquisa e escreveram essa matéria?
Afinal, separar evangélicos de um lado e batistas de outro é samba do jornalista doido.
Ou analfabeto.


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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Propaganda e Verdade


Quando era menino, perguntei certo dia a minha mãe se havia manteiga de 2ª qualidade. Na mercearia da esquina eu só via manteiga de 1ª qualidade.
Foi meu primeiro esbarrão na propaganda.
É evidente que propaganda é mentira.
Um dos melhores pleonasmos correntes é o tal propaganda enganosa.
Ora, toda e qualquer propaganda é necessariamente enganosa. Ou seria desnecessária.
Claro: estabeleceram-se certos limites para separar a propaganda normal da enganosa.
Por exemplo, se uma propaganda afirmar que a geleia XPTO cura o cancro, é enganosa.
Mas se afirmar que a geleia XPTO é excelente coadjuvante no tratamento do cancro, é normal.
Mesmo que a tal geleia nada tenha a ver com cancro.

Mesmo quando nada se diz quanto ao produto propagandeado mas cria-se um clima que venha ao encontro dos sonhos do consumidor, a propaganda continua a ser, em certo sentido, enganosa. Ou seria melhor dizer, dissimuladora. O que não nos tira do terreno da mentira.
Quanto a isso, basta lembrar das famosas propagandas de margarina, a mostrar pequenos-almoços idílicos, com todos os membros da família a distribuir sorrisos nos primeiros minutos de um novo dia, em ambientes quase paradisíacos.
Uma propaganda assim seria capaz de convencer muita gente a comer veneno.

A partir de tais reflexões, ponho-me a pensar em como seria um mundo moderno mas desprovido de propaganda.
É facto que tal mundo é quase impensável. Mas vamos fazer um esforço.

Ligo a TV e assisto a informações precisas sobre todo tipo de objecto.
Quanto às margarinas, para ficar no exemplo, fico a saber quantas calorias nos fornecem, quais os benefícios e quais os inconvenientes de seu consumo.
Se falam de móveis, alertam para os vários tipos de mesas e cadeiras para salas de jantar. Suas vantagens e desvantagens. Mostram-me comparações de preços e analisam as relações custo/benefício.
E por aí vamos.
Tudo verdadeiro. Tudo às claras.

E me interrogo:
Não seria esse mundo muito enjoado?
Um bocadinho de mentira, de ilusão, não nos faz falta?
Afinal, não é essa necessidade que dá longa vida também às religiões?

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sobre traduções



No Antigo Testamento há um sem número de casos de nomes atribuídos a recém nascidos em função de algum evento associado ao nascimento deles.
Essa vinculação de nomes a significados relacionados aos nomeados é explícita e clara no texto original, em hebraico. Mas esse elo se perde com a tradução do texto bíblico para outras línguas.

Um bom exemplo disso consta da narrativa do nascimento de Isaac, filho de Abraão e de Sara.
A história é bem conhecida: Deus resolve conceder a maternidade a Sara quando esta já é quase centenária.
Sara, então, diz (Gênesis 21:6):
{Nota: as traduções deste versículo para o português, várias das mais difundidas, são muito ruins. Vou citar as menos fracas]
Versão católica:
Sara disse: "Deus deu-me algo de que rir; e todos aqueles que o souberem se rirão de mim."
Sociedade bíblica britânica:
Disse Sara: Deus preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá por minha causa.
Uma tradução melhor, ou seja, mais fiel ao original e até mais compreensível seria:
Disse Sara: Deus me fez algo risível: todos que souberem disso rirão de mim.
Ou até mesmo:
Disse Sara: Deus me fez algo risível; todos que souberem disso zombarão de mim.
Pra quem gosta de modernices, poderia ser:
Disse Sara: Deus aprontou o maior mico pra mim; quando o pessoal souber, vai me tirar o maior sarro.

Enfim, dá pra entender o sentimento de Sara. Mas o ponto aqui não é este.
A questão é que pouco antes (Gênesis 21:3) ficamos a saber que o nome dado ao garoto foi Isaac (ou Isaque).
Em português a escolha do nome parece ter sido absolutamente aleatória.
Mas não foi.
Em hebraico, “rirá” (com um sentido beirando o “zombará”) é יצחק, que se pronuncia mais ou menos assim: Itsrrac (com “r” à moda carioca ou como o “j” do espanhol).
Ora, o personagem que conhecemos como Isaque tem seu nome grafado, em hebraico, exatamente assim como consta acima.

Minha sugestão seria a de buscar-se, para esses nomes próprios, traduções que se ligassem – em português – ao evento que evocam em hebraico.
No caso de Isaque, eu proporia chamá-lo, em português, de Hilário.
Missão difícil? Claro! Quase impossível.
Ora, mas depois que conseguiram traduzir Guimarães Rosa para o alemão, tudo é possível.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Espiritismo, coisa de vivos.

E, às vezes, resulta.
Quando meu pai escreveu o livro Espiritismo, coisa de vivos e não de mortos, o intento dele era o de mostrar que os tais fenômenos extraordinários que costumam ocorrer em sessões espíritas eram simplesmente fraudes.

Mas, vista a coisa de outro ângulo, chega-se a conclusão não oposta mas diferente.

Comecei, agora, a me dar conta de que esse tal de kardecismo tem seu lado interessante.

Nessa onda de como é bom ser bom, muito gajo consegue mulheres que não conseguiria com outra estratégia.
No tempo em que os animais falavam e eu trabalhava, nas doces paragens da cidade de Osasco, vizinhança de São Paulo, tive um colega de trabalho que, nas horas vagas, pilotava um grupo espírita.
Não sei qual era a rotina do grupo. Apenas sei que o tal líder, com o papo que Kardec lhe emprestou, faturava a mulherada toda na maior.
Bendito seja.

Hoje percebo que ele não estava só. Há muito garanhão por aí a utilizar-se das ideias espíritas para, digamos, arregimentar fãs.
É o que se pode chamar de presença de Espírito.

E não digo mais nada para não comprometer ninguém.
Sabe-se lá o que pode fazer um espírito traído se percebe que a encarnação com que vive anda a baixar em outros terreiros?

sábado, 4 de maio de 2013

Pílulas Bíblicas - 03


Resumo do início da história:
Um levita (na época os levitas eram os sacerdotes de Israel) arrumou uma concubina (os homens, naquela época, podiam ter varias mulheres). Essa o traiu, ou se encheu dele, e voltou para a casa de seus pais. Passados alguns meses, o levita foi buscá-la. Levou consigo um moço, seu servo, e dois jumentos.
Ficou alguns dias na casa do sogro e depois iniciou o caminho de volta a sua casa, levando a concubina.
Ao chegar em uma cidade (Guibea ou Gibeá) foi hospedado por um ancião que o viu na praça e o convidou para pousar em sua casa.
A partir daí eu os deixo com o texto bíblico, para que o leiam e façam o que ele, ao final, recomenda:
Pensem! Reflitam! Digam o que se deve fazer!


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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Pílulas Bíblicas - 02


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E os gays continuam a querer ser aceitos nas igrejas cristãs. Perto da Bíblia, a homofobia (palavrinha mais mal construída...) do tal pastor Feliciano é argent de poche.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pílulas Bíblicas - 01


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Naqueles longínquos tempos, Deus ainda não ouvira falar de ecumenismo nem de liberdade de crença.
Modernices.