terça-feira, 14 de setembro de 2004

Era uma vez - XII
Zezinho - o final



No sítio Ternuma, que já citei aqui, Zezinho aparece como Juraci, na descrição do seqüestro do cônsul do Japão em São Paulo. É dado como participante dos preparativos para o seqüestro e é noticiada sua prisão logo após o dito cujo.
De facto, dentre seus vários nomes de guerra, Zezinho teve esse. Juraci. Foi o que “pegou”, no presídio. Todos o conheciam por Juraci.
Diga-se, de passagem, que aquilo que Juraci realmente fez – ou não – nem o pessoal do Ternuma sabe na sua inteireza. Nem jamais saberá. E olha que eles tinham posição privilegiada na relação interrogador-interrogado (eufemistiquemos assim).
Por outro lado, imagino que a turma da ALN (e adjacências) deve ter dito cobras e lagartos de Juraci. Afinal, ele se entendia maravilhosamente bem com os carcereiros, preparava – dentro da cela – sua cachaça de laranja (uma coisa intragável, diga-se) e não morria de amores pelos “guerrilheiros” do fundão. Ouviam-se críticas à sua excessiva “intimidade” com os “homens da repressão”. Zezinho nunca me passou procuração para defendê-lo. Ele não precisava disso. O facto é que todos foram pra casa e Zezinho ficou preso até o fim. É verdade que – nos últimos tempos – conseguia (soube por minha mãe) sair nos finais de semana pra ficar com a família.
Mas, quiseram os fados, Zezinho morreu logo que ganhou a liberdade. Atingido por um câncer, lá se foi José Rodrigues Ângelo Junior.
Se a tal esquerda revolucionária brasileira fosse feita de Zezinhos, não teria muita teoria. Mas não lhe faltaria alma.
Fica aqui a homenagem a uma das pessoas mais emocionantes que conheci em minha vida.


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