Estava, agora à tarde, a fazer umas comprinhas no Lidl, cá em Bragança. Não havia lá muita gente.
De repente, percebo uma senhora, junto ao marido, a procurar algo ou alguém nos corredores do mercado. Lá ao final de um dos corredores apareceu o que procurava: o filho - uns 13 anos - a empurrar o carrinho de compras da família. O menino apressou-se a alcançar a companhia dos pais. Mas antes que chegasse junto a eles, perguntou-lhes:
- Onde é que estáveis?
Não aplaudi. Mas me deu gana.
sábado, 30 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Sou biodegradável
Antes que me torne indesejável, anuncio: sou biodegradável.
Reforcei minha convicção agora, em meio a uma gripe daquelas. E, hoje, vou me degradar mais um bocadinho, a ponto de torcer pela selecção portuguesa contra os vizinhos espanhóis.
Aliás, a julgar pelos silêncios que tenho ouvido ao longo dos jogos dos portugueses na Euro 2012, talvez só eu esteja a preocupar-me com os destinos da selecção cá nesta terra abençoada por deus e bonita por natureza (esta sim, senhor Jorge Ben).
E já que falei em Jorge Ben, lembro-me de meu amigo Paulo Feofiloff. Começámos juntos no Instituto de Matemática e Estatística da USP. Pouco depois de ter saído da prisão, eu o convidei para ir à minha casa. Não sei se para almoçar ou jantar. Mas foi algo assim. Corria o ano de 1.973. Jorge Ben (que ainda não era Jorge Benjor), lançara seu LP de dez anos de carreira. Estava tudo lá, em um balanço inovador.
Eu, empolgado, fui mostrando a Paulo todas as faixas do disco. Ele as ouviu em silêncio.
Ao final, lá de dentro de sua formação musical erudita, típica de um oriundo da Rússia, com a honestidade intelectual que sempre foi a sua:
- Como é que você consegue gostar disso!?
Paulo, meu amigo. O pior é que continuo a gostar.
Outro grande amigo meu, o Luís, meu hermanito, (aliás, nosso, pois também amigo de Paulo. Trocámos vasta correspondência durante o tempo em que eu estava no Brasil, Paulo em Waterloo, no Canadá, e Luís em Amesterdão.) lembrou-me, dia desses, de um episódio de 1.970.
Levei à casa em que Luís vivia sozinho (seus pais haviam falecido havia pouco tempo), um militante do POC, o Gilberto, que tinha sido meu colega na Faculdade de Filosofia da USP. Minha intenção era que alguém, como Gilberto, tão sofisticado como era - e é - meu hermanito, pudesse convencê-lo a participar connosco da luta que entendíamos ser a única atitude possível diante da situação política brasileira.
Quando chegámos, Luís nos pediu que esperássemos um bocadinho e foi desligar a vitrola, que tocava Brahms. Gilberto comentou comigo:
- Não é saudável ouvir Brahms pela manhã.
Continuo sem saber se os médicos aconselham Brahms logo após o pequeno almoço, mas sinto saudade do Gilberto, com o qual nunca mais tive oportunidade de conviver.
Do Luís, felizmente, desfruto a companhia até hoje, apesar de, agora, existir um oceano entre nós. E, diga-se, o danado continua a ouvir Brahms de manhã. Foi, dia desses, assistir ao ensaio da OSESP na Sala São Paulo. Teve de engolir dois concertos de Brahms pela manhã. Depois não diga que não avisei...
De Brahms a Jorge, continuo a degradar-me.
E, se depender de mim, os defensores da Lusitânia, incluído aí o mestre Pepe, digno representante de Maceió, esmagam hoje os magos espanhóis.
Saravá!
PS: Esmagar não esmagaram. Mas venderam caro a derrota. (22:50 h)
Reforcei minha convicção agora, em meio a uma gripe daquelas. E, hoje, vou me degradar mais um bocadinho, a ponto de torcer pela selecção portuguesa contra os vizinhos espanhóis.
Aliás, a julgar pelos silêncios que tenho ouvido ao longo dos jogos dos portugueses na Euro 2012, talvez só eu esteja a preocupar-me com os destinos da selecção cá nesta terra abençoada por deus e bonita por natureza (esta sim, senhor Jorge Ben).
E já que falei em Jorge Ben, lembro-me de meu amigo Paulo Feofiloff. Começámos juntos no Instituto de Matemática e Estatística da USP. Pouco depois de ter saído da prisão, eu o convidei para ir à minha casa. Não sei se para almoçar ou jantar. Mas foi algo assim. Corria o ano de 1.973. Jorge Ben (que ainda não era Jorge Benjor), lançara seu LP de dez anos de carreira. Estava tudo lá, em um balanço inovador.
Eu, empolgado, fui mostrando a Paulo todas as faixas do disco. Ele as ouviu em silêncio.
Ao final, lá de dentro de sua formação musical erudita, típica de um oriundo da Rússia, com a honestidade intelectual que sempre foi a sua:
- Como é que você consegue gostar disso!?
Paulo, meu amigo. O pior é que continuo a gostar.
Outro grande amigo meu, o Luís, meu hermanito, (aliás, nosso, pois também amigo de Paulo. Trocámos vasta correspondência durante o tempo em que eu estava no Brasil, Paulo em Waterloo, no Canadá, e Luís em Amesterdão.) lembrou-me, dia desses, de um episódio de 1.970.
Levei à casa em que Luís vivia sozinho (seus pais haviam falecido havia pouco tempo), um militante do POC, o Gilberto, que tinha sido meu colega na Faculdade de Filosofia da USP. Minha intenção era que alguém, como Gilberto, tão sofisticado como era - e é - meu hermanito, pudesse convencê-lo a participar connosco da luta que entendíamos ser a única atitude possível diante da situação política brasileira.
Quando chegámos, Luís nos pediu que esperássemos um bocadinho e foi desligar a vitrola, que tocava Brahms. Gilberto comentou comigo:
- Não é saudável ouvir Brahms pela manhã.
Continuo sem saber se os médicos aconselham Brahms logo após o pequeno almoço, mas sinto saudade do Gilberto, com o qual nunca mais tive oportunidade de conviver.
Do Luís, felizmente, desfruto a companhia até hoje, apesar de, agora, existir um oceano entre nós. E, diga-se, o danado continua a ouvir Brahms de manhã. Foi, dia desses, assistir ao ensaio da OSESP na Sala São Paulo. Teve de engolir dois concertos de Brahms pela manhã. Depois não diga que não avisei...
De Brahms a Jorge, continuo a degradar-me.
E, se depender de mim, os defensores da Lusitânia, incluído aí o mestre Pepe, digno representante de Maceió, esmagam hoje os magos espanhóis.
Saravá!
PS: Esmagar não esmagaram. Mas venderam caro a derrota. (22:50 h)
domingo, 10 de junho de 2012
Mais ignorância
Não sei como isso é possível: minha ignorância a respeito de catolicismo é total. E, no entanto, não pára de crescer.
Um primo, mistura de cardecista* com pesquisador de ETs, me envia um powerpoint com um retrato de Nossa Senhora (como sou ateu, melhor seria dizer Vossa Senhora...). O retrato foi feito pelo pintor Vicente D'Ávila, da cidade de São Paulo, em 1.984, orientado por Chico Xavier, a quem o espírito Emmanuel ditou a imagem a ser pintada.
O que mais me surpreendeu, no resultado da empreitada, foi que Maria, lá do Oriente Médio do início da era cristã, saiu um bocadinho parecida com a Xuxa.
Já outro dia, em conversa com amiga brasileira que vive cá em Bragança, também cardecista*, ouvi do orgulho dela em reconhecer a fisionomia de Nossa Senhora de Fátima nas imagens que se vendem por aí.
- Mas todas as Nossas Senhoras não são iguais?
- Não!
- Mas não são todas elas aparições distintas da mesma Maria?
- São. Mas cada Nossa Senhora tem uma fisionomia diferente!
Muito estranho. Mas, pensando bem, para uma religião monoteísta que possui três deuses, essa variedade de fisionomias da Mãe de Deus não chega a ser o principal mistério.
(*) cardecista: discípulo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, Allan Kardec para os íntimos.
Um primo, mistura de cardecista* com pesquisador de ETs, me envia um powerpoint com um retrato de Nossa Senhora (como sou ateu, melhor seria dizer Vossa Senhora...). O retrato foi feito pelo pintor Vicente D'Ávila, da cidade de São Paulo, em 1.984, orientado por Chico Xavier, a quem o espírito Emmanuel ditou a imagem a ser pintada.
O que mais me surpreendeu, no resultado da empreitada, foi que Maria, lá do Oriente Médio do início da era cristã, saiu um bocadinho parecida com a Xuxa.
Já outro dia, em conversa com amiga brasileira que vive cá em Bragança, também cardecista*, ouvi do orgulho dela em reconhecer a fisionomia de Nossa Senhora de Fátima nas imagens que se vendem por aí.
- Mas todas as Nossas Senhoras não são iguais?
- Não!
- Mas não são todas elas aparições distintas da mesma Maria?
- São. Mas cada Nossa Senhora tem uma fisionomia diferente!
Muito estranho. Mas, pensando bem, para uma religião monoteísta que possui três deuses, essa variedade de fisionomias da Mãe de Deus não chega a ser o principal mistério.
(*) cardecista: discípulo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, Allan Kardec para os íntimos.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Corpus Christi
Não entendo patavina de catolicismo. Mas, salvo engano, se entendi o significado de Eucaristia, hoje é o dia em que os católicos comemoram o facto de serem canibais e vampiros ao mesmo tempo.
Mundo estranho, este.
Mundo estranho, este.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Onde foi parar o template?
Alguém sabe dizer como se faz, no novo Blogger, para alterar o template (ou modelo) do blog?
domingo, 3 de junho de 2012
Oba! Ma?
Logo depois de sua eleição a presidente dos EUA eu o chamei, aqui, de pastel de vento.
É verdade que eu, em política, sou vários zeros à esquerda. Não fosse e não teria me enfiado nas besteiras em que me meti, não teria curtido um bom tempo de sol quadrado etc etc. Mas, vez ou outra, dou uma dentro.
Hoje, a julgar pelo que leio na imprensa e, principalmente, nas pesquisas para a eleição americana, Obama já deixou de ser aquela maravilha de 2.008.
Em matéria de EUA não sou nem republicano nem democrata. Sou apenas avô de uma americaninha sensacional.
É verdade que eu, em política, sou vários zeros à esquerda. Não fosse e não teria me enfiado nas besteiras em que me meti, não teria curtido um bom tempo de sol quadrado etc etc. Mas, vez ou outra, dou uma dentro.
Hoje, a julgar pelo que leio na imprensa e, principalmente, nas pesquisas para a eleição americana, Obama já deixou de ser aquela maravilha de 2.008.
Em matéria de EUA não sou nem republicano nem democrata. Sou apenas avô de uma americaninha sensacional.
sábado, 2 de junho de 2012
E mir? Sader!
Recebo diariamente os e-mails de Carta Capital. Há lá, sempre, link para o Blog do Emir.
Apesar de guardar alguma lembrança agradável da rápida convivência com ele, lá no início dos anos 70, não costumo ler o que escreve.
Até que, dia desses, um post dele chamou minha atenção: De ex a anti-esquerdistas.
Começa por referir-se a um artigo de Isaac Deustcher. Vai daí, o restante do texto fica naquele limbo: será a opinião de Deustcher ou a opinião de Emir? Penso que é a de ambos.
Trata-se de análise das diferentes formas que assume a passagem de um esquerdista a “furibundo anti-esquerdista”.
Uma dessas “passagens” começa por condenar o stalinismo para terminar “condenando a Lenin e, finalmente, a Marx e ao marxismo “.
“Há os tipos padrão, os que foram de esquerda, militantes mesmo, de repente 'se arrependem', largam tudo, renegam, denunciam seu passado e seus companheiros, os ídolos em que acreditaram cegamente, para se entregar de armas, bagagens e, frequentemente, emprego, para a direita.”
Depois de citar alguns outros tipos, segundo ele – ou Deustcher – abjetos, termina:
“Há ainda escritores, intelectuais, músicos, decadentes, em triste fim de carreira, que abandonam posturas rebeldes que tiveram no passado para submeter-se aos donos do poder e dos meios de comunicação em troca de espaços para escrever, prêmios, elogios, que confirmam sua perda de dignidade no fim da carreira.”
Emir, não sei por que, não mencionou os que viajaram para Paris em 1.971 ao menor sinal de perigo, nem os que – ao retornar com a anistia – aceitaram convite da joia da coroa da Imprensa Golpista para comentarem política internacional na Globo News. Talvez por não terem deixado de ser esquerdistas...
De qualquer modo, fico feliz em ter saído de um país em que a discussão política ainda se dá nesses termos.
E não consigo entender como pessoas que respeito intelectualmente ainda levam a sério o pensamento de um Emir Sader.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Lusofonia
Passeava hoje a Doga no jardim da Braguinha, cá em Bragança. Um menino de uns cinco ou seis anos começou a acompanhar-nos, interessado no cão.
De repente, percebi que ele me perguntava algo. Mas não percebi o que era.
- Não entendi.
- Perguntei por que o cão faz esse barulho ao caminhar.
Expliquei que eram as unhas das patas que batiam no chão.
E ele, com a sinceridade que só as crianças manifestam:
- Só consegues falar assim?!
De repente, percebi que ele me perguntava algo. Mas não percebi o que era.
- Não entendi.
- Perguntei por que o cão faz esse barulho ao caminhar.
Expliquei que eram as unhas das patas que batiam no chão.
E ele, com a sinceridade que só as crianças manifestam:
- Só consegues falar assim?!
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Festa da cereja
No fim de semana 9-10 de Junho vamos a Alfândega da Fé visitar a Festa da Cereja.
Os hotéis já estão lotados, mas - como moramos perto - é só ir, visitar a feira e voltar.
Desde já, estou a me empanturrar de cerejas. O quilo tem andado aí pelos dois euros e meio (a não ser nos mercados, onde chega quase aos quatro euros).
Os hotéis já estão lotados, mas - como moramos perto - é só ir, visitar a feira e voltar.
Desde já, estou a me empanturrar de cerejas. O quilo tem andado aí pelos dois euros e meio (a não ser nos mercados, onde chega quase aos quatro euros).
terça-feira, 29 de maio de 2012
Aqui se faz, aqui se paga
Em Minas Gerais, Brasil, uma mulher foi condenada a indemnizar o ex-companheiro por tê-lo traído abertamente e, principalmente, por ter comentado com vários amigos comuns a respeito da presumível inapetência sexual do dito cujo.
O site Migalhas, ao dar a notícia colocou o título deste post no super lead (veja aqui).
Pensando no ex-companheiro da ré, que irá embolsar R$ 8.000,00 (cerca de 3.000 euros), entendo que o melhor super lead seria:
Aqui não se faz, aqui se recebe.
O site Migalhas, ao dar a notícia colocou o título deste post no super lead (veja aqui).
Pensando no ex-companheiro da ré, que irá embolsar R$ 8.000,00 (cerca de 3.000 euros), entendo que o melhor super lead seria:
Aqui não se faz, aqui se recebe.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Nossa Senhora da Caridade
Quanto à festa, propriamente dita, nada posso dizer. Cheguei apenas para o almoço - e que almoço! - na casa de Zelinda.
Parece que a festa da padroeira da aldeia consiste em uma missa, depois uma procissão, vai-se então ao almoço, mais adiante ao jantar. Junto ao café do Octavio vai haver música à noite. Já não estarei aqui.
Depois do almoço, fomos à Maria Tereza. Ao voltarmos, demos de cara com as vacas do sr. Manoel. Esperámos que ele as recolhesse. Mas ele queria que tirássemos fotos delas. Eu não levara minha nova Canon Ainda não estudei o manual suficientemente e, sabem, quem não tem competência não se estabelece. Mas, com a velha Casio, deu pra fotografar as vacas e até alguns bezerrinhos.
Vou imprimir essas fotos e levar ao sr. Manuel. Ele as quer.
Uma pose de uma delas:
Essas três se reuniram pra foto:
Esta parece ser a queridinha do sr. Manuel:
Vejam só o aparato de protecção para as vacas, durante a noite:
Elas passam a noite aqui:
Já os bezerrinhos dormem mais protegidos:
E, pra quem prefere rosas:
Assim é Passos de Lomba.
Parece que a festa da padroeira da aldeia consiste em uma missa, depois uma procissão, vai-se então ao almoço, mais adiante ao jantar. Junto ao café do Octavio vai haver música à noite. Já não estarei aqui.
Depois do almoço, fomos à Maria Tereza. Ao voltarmos, demos de cara com as vacas do sr. Manoel. Esperámos que ele as recolhesse. Mas ele queria que tirássemos fotos delas. Eu não levara minha nova Canon Ainda não estudei o manual suficientemente e, sabem, quem não tem competência não se estabelece. Mas, com a velha Casio, deu pra fotografar as vacas e até alguns bezerrinhos.
Vou imprimir essas fotos e levar ao sr. Manuel. Ele as quer.
Uma pose de uma delas:
Essas três se reuniram pra foto:
Esta parece ser a queridinha do sr. Manuel:
Vejam só o aparato de protecção para as vacas, durante a noite:
Elas passam a noite aqui:
Já os bezerrinhos dormem mais protegidos:
E, pra quem prefere rosas:
Assim é Passos de Lomba.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Henrique Setti Neto
Do Brasil me vem a notícia de que Henricão morreu.
Conhecemo-nos no início de 1.968. Dávamos aulas no mesmo cursinho preparatório para vestibulares. Eu de matemática. Henrique de Português.
Mais do que professor, era poeta.
Na falta do pai, cuidou da mãe e dos irmãos até quando foi preciso.
Quando a vida lhe concedeu uma certa tranquilidade, utilizou alguns recursos para editar um livro de poemas seus, Do Zero ao Tempo (1.977). Pedia aos amigos, entre eles eu, que vendessem exemplares do livro. Fiz o que outros devem também ter feito: os exemplares que não conseguia vender, eu os comprava e dizia a ele que os vendera. Truque baixo, mas útil...
Pouco tempo depois começaram os surtos psicóticos. E a vida de Henricão desandou.
Prefiro lembrar dele nos tempos antigos. Certa vez, raspei meu bigode e deixei a barba. Ele chegou em minha casa e assustou-se com meu aspecto.
Argumentei:
- Ora! O Soljenitsin não usa a barba assim?!
E ele:
- Acontece que você não é judeu. Muito menos intelectual!
Ainda não localizei nenhum exemplar de Do Zero ao Tempo em meio à bagunça em que ainda se encontram meus livros. Mas copio de uma página da internet um poema dele:
Serei o que quiser
o que me vier
o que me der
Serei o que eu sou
e o que devo ser
viverei a minha vida
sendo sempre eu
Não saindo de mim
eu serei a vida
eu serei a morte
serei alegria
e dor
Viverei a vida
sendo eu
o tempo todo
Atualização (25 de Julho de 2.013): Um comentário a este post esclareceu: esse poema não é de Henrique. É de Maria Stella Vidigal Barbosa de Almeida. E ela o escreveu aos 11 anos de idade.
Disse acima que não havia achado o livro de Henrique ao escrever este post. Achei o poema na Internet, atribuído a ele.
Agora que tenho nas mãos o livro, verifico que Henrique mencionou a correta autoria do poema. O poema fecha o livro e tem como título: SEMPRE SEREI.
Vai abaixo outro poema, esse sim, de Henrique. É o poema HISTÓRIA, mencionado em outro comentário por Marisa Schmidt.
Eu e você estávamos
lá estávamos
quando infinitas partículas
povoaram o caos
Eu e você
quase sem sentir
inventamos nossas luzes
duas crianças
enfeitiçadas
e rimos
rimos muito
Mas agora
nos perdemos
nesses caminhos de rato
e ficamos chorando o dia todo
Conhecemo-nos no início de 1.968. Dávamos aulas no mesmo cursinho preparatório para vestibulares. Eu de matemática. Henrique de Português.
Mais do que professor, era poeta.
Na falta do pai, cuidou da mãe e dos irmãos até quando foi preciso.
Quando a vida lhe concedeu uma certa tranquilidade, utilizou alguns recursos para editar um livro de poemas seus, Do Zero ao Tempo (1.977). Pedia aos amigos, entre eles eu, que vendessem exemplares do livro. Fiz o que outros devem também ter feito: os exemplares que não conseguia vender, eu os comprava e dizia a ele que os vendera. Truque baixo, mas útil...
Pouco tempo depois começaram os surtos psicóticos. E a vida de Henricão desandou.
Prefiro lembrar dele nos tempos antigos. Certa vez, raspei meu bigode e deixei a barba. Ele chegou em minha casa e assustou-se com meu aspecto.
Argumentei:
- Ora! O Soljenitsin não usa a barba assim?!
E ele:
- Acontece que você não é judeu. Muito menos intelectual!
Ainda não localizei nenhum exemplar de Do Zero ao Tempo em meio à bagunça em que ainda se encontram meus livros. Mas copio de uma página da internet um poema dele:
Serei o que quiser
o que me vier
o que me der
Serei o que eu sou
e o que devo ser
viverei a minha vida
sendo sempre eu
Não saindo de mim
eu serei a vida
eu serei a morte
serei alegria
e dor
Viverei a vida
sendo eu
o tempo todo
Atualização (25 de Julho de 2.013): Um comentário a este post esclareceu: esse poema não é de Henrique. É de Maria Stella Vidigal Barbosa de Almeida. E ela o escreveu aos 11 anos de idade.
Disse acima que não havia achado o livro de Henrique ao escrever este post. Achei o poema na Internet, atribuído a ele.
Agora que tenho nas mãos o livro, verifico que Henrique mencionou a correta autoria do poema. O poema fecha o livro e tem como título: SEMPRE SEREI.
Vai abaixo outro poema, esse sim, de Henrique. É o poema HISTÓRIA, mencionado em outro comentário por Marisa Schmidt.
Eu e você estávamos
lá estávamos
quando infinitas partículas
povoaram o caos
Eu e você
quase sem sentir
inventamos nossas luzes
duas crianças
enfeitiçadas
e rimos
rimos muito
Mas agora
nos perdemos
nesses caminhos de rato
e ficamos chorando o dia todo
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Evolução
Minha ansiedade em relação à máquina fotográfica que deve chegar amanhã chegou ao auge. Ao menos assim espero... Mais do que isso seria quase insuportável. E de insuportável eu me basto.
A pensar nisso, consolei-me ao perceber que evoluí um bocadinho nesses poucos últimos 60 anos.
Quando tinha lá meus 5 ou 6 anos, meu pai (talvez mais minha mãe, sei lá) costumava presentear-me com carrinhos de brinquedo nas festas (Natal, aniversário etc).
Meu pai ficava furioso, mas o facto é que minha primeira atitude diante do dito carrinho era desmontá-lo. Talvez fosse mais preciso definir minha atitude como a de destruir o carrinho.
Bem feito. Tivessem me dado alguma boneca, eu - ao desmontá-la - talvez descobrisse o sexo com mais rapidez. Mas talvez meu pai também não apreciasse essa minha evolução.
Agora, do alto de meus 67 anos, garanto que não vou destruir a máquina Canon que vou receber amanhã. Vou ler os manuais (sim, hoje em dia, um manual é pouco), vou estudá-la detalhadamente. Talvez isso não impeça que eu venha a destruí-la mais adiante. Fazer o quê?
Pensando bem, minha evolução talvez tenha sido às avessas. Aos 6 ou 7 anos, destruía os carrinhos de modo propositado.
Hoje, eu os destruo sem querer.
A pensar nisso, consolei-me ao perceber que evoluí um bocadinho nesses poucos últimos 60 anos.
Quando tinha lá meus 5 ou 6 anos, meu pai (talvez mais minha mãe, sei lá) costumava presentear-me com carrinhos de brinquedo nas festas (Natal, aniversário etc).
Meu pai ficava furioso, mas o facto é que minha primeira atitude diante do dito carrinho era desmontá-lo. Talvez fosse mais preciso definir minha atitude como a de destruir o carrinho.
Bem feito. Tivessem me dado alguma boneca, eu - ao desmontá-la - talvez descobrisse o sexo com mais rapidez. Mas talvez meu pai também não apreciasse essa minha evolução.
Agora, do alto de meus 67 anos, garanto que não vou destruir a máquina Canon que vou receber amanhã. Vou ler os manuais (sim, hoje em dia, um manual é pouco), vou estudá-la detalhadamente. Talvez isso não impeça que eu venha a destruí-la mais adiante. Fazer o quê?
Pensando bem, minha evolução talvez tenha sido às avessas. Aos 6 ou 7 anos, destruía os carrinhos de modo propositado.
Hoje, eu os destruo sem querer.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Saúde
Pela Constituição brasileira, vide artigo 6º, todo brasileiro tem direito à saúde.
Ficar doente no Brasil, conclui-se, é inconstitucional.
Já em Portugal, temos direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. (artigo 64, 1)
É claro que, com o tempo, eu, português em tudo neófito no que respeita à vida neste cantinho da Europa, vou experimentar situações desagradáveis em relação ao serviço nacional de saúde. É da vida. Nenhum sistema é perfeito. Mas, até agora, sou todo elogios ao tal sistema.
É verdade que quando meu médico de família solicitou - em Dezembro passado - uma consulta com um cardiologista, o hospital informou que o prazo para isso andava aí pelos dez meses. Resultado: fui a uma consulta em clínica privada. Mas, diga-se, no Brasil eu pagava um dinheirão a um plano de saúde e volta e meia tinha também de recorrer a consultas pagas.
Ontem, meu cardiologista me recomendou que procurasse um pneumologista para analisar a hipótese de haver um carcinoma em meu pulmão. Hoje de manhã fui a meu médico de família, no Posto de Saúde. Levei os resultados da angioTAC (imagens e relatório).
Ele não precisou das informações que levei. Tinha-as todas em seu computador. Imediatamente telefonou à colega pneumologista, no hospital, mencionou meu caso, ela abriu lá as mesmas informações de meu exame, analisou-as e decretou, para meu alívio, que não havia nada que preocupasse, naquelas imagens.
Como bem dissera meu cardiologista, os analistas que produzem o relatório precisam de levantar todas as hipóteses. E foi o que fizeram.
Fui orientado a fazer alguns exames de rotina relativos à capacidade pulmonar. E, por via das dúvidas, fazer outras imagens daqui a 3 meses. Por excesso de cautela. Tudo bem, apenas eu preferiria um excesso de caldo de galinha.
Ah! Detalhe: fora a consulta ao cardiologista, tudo o mais gratuito.
Grande coisa. No Brasil eu nem poderia ficar doente. Continuaria a usufruir do direito à saúde.
Ficar doente no Brasil, conclui-se, é inconstitucional.
Já em Portugal, temos direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. (artigo 64, 1)
É claro que, com o tempo, eu, português em tudo neófito no que respeita à vida neste cantinho da Europa, vou experimentar situações desagradáveis em relação ao serviço nacional de saúde. É da vida. Nenhum sistema é perfeito. Mas, até agora, sou todo elogios ao tal sistema.
É verdade que quando meu médico de família solicitou - em Dezembro passado - uma consulta com um cardiologista, o hospital informou que o prazo para isso andava aí pelos dez meses. Resultado: fui a uma consulta em clínica privada. Mas, diga-se, no Brasil eu pagava um dinheirão a um plano de saúde e volta e meia tinha também de recorrer a consultas pagas.
Ontem, meu cardiologista me recomendou que procurasse um pneumologista para analisar a hipótese de haver um carcinoma em meu pulmão. Hoje de manhã fui a meu médico de família, no Posto de Saúde. Levei os resultados da angioTAC (imagens e relatório).
Ele não precisou das informações que levei. Tinha-as todas em seu computador. Imediatamente telefonou à colega pneumologista, no hospital, mencionou meu caso, ela abriu lá as mesmas informações de meu exame, analisou-as e decretou, para meu alívio, que não havia nada que preocupasse, naquelas imagens.
Como bem dissera meu cardiologista, os analistas que produzem o relatório precisam de levantar todas as hipóteses. E foi o que fizeram.
Fui orientado a fazer alguns exames de rotina relativos à capacidade pulmonar. E, por via das dúvidas, fazer outras imagens daqui a 3 meses. Por excesso de cautela. Tudo bem, apenas eu preferiria um excesso de caldo de galinha.
Ah! Detalhe: fora a consulta ao cardiologista, tudo o mais gratuito.
Grande coisa. No Brasil eu nem poderia ficar doente. Continuaria a usufruir do direito à saúde.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Mirandelinda
Perdoem o mau gosto do título. É que Mirandela é, de facto, uma cidadezinha linda.
Hoje fomos até lá. Enquanto o cardiologista não nos atendia, andámos pelos jardins à beira do Tua. Rosas vermelhas, vermelhíssimas, aliás. E flores outras. Muitas flores.
Cuidam bem de Mirandela.
(talvez fosse melhor, já que estou para neologismos, falar em Mirambela...)
E, para maior dos bens, havia sol. Muito sol.
Quanto a meu cardiologista, foi sensato: disse-me que, quanto à aorta, estou perfeito. E recomendou-me que procure logo um pneumologista, pra ver o que fazer dessa mancha que resolveu povoar meu pulmão.
À saída de Mirandela, uma paradinha para comprar sandálias. O verão, afinal, vem aí.
Já quase em Bragança, parámos à beira da estrada para comprar cerejas. A região está coalhada de cerejas, brilhantes, vermelhas. Deliciosas.
Minha prima Isabel, preocupada comigo, fez várias recomendações quanto ao encaminhamento de consultas a especialistas e tal. Vou segui-las à risca.
Como dizia, as rosas às margens do Tua estão lindíssimas.
Hoje fomos até lá. Enquanto o cardiologista não nos atendia, andámos pelos jardins à beira do Tua. Rosas vermelhas, vermelhíssimas, aliás. E flores outras. Muitas flores.
Cuidam bem de Mirandela.
(talvez fosse melhor, já que estou para neologismos, falar em Mirambela...)
E, para maior dos bens, havia sol. Muito sol.
Quanto a meu cardiologista, foi sensato: disse-me que, quanto à aorta, estou perfeito. E recomendou-me que procure logo um pneumologista, pra ver o que fazer dessa mancha que resolveu povoar meu pulmão.
À saída de Mirandela, uma paradinha para comprar sandálias. O verão, afinal, vem aí.
Já quase em Bragança, parámos à beira da estrada para comprar cerejas. A região está coalhada de cerejas, brilhantes, vermelhas. Deliciosas.
Minha prima Isabel, preocupada comigo, fez várias recomendações quanto ao encaminhamento de consultas a especialistas e tal. Vou segui-las à risca.
Como dizia, as rosas às margens do Tua estão lindíssimas.
domingo, 20 de maio de 2012
Amizade e ideologia
Se for pra escolher, escolho a amizade.
Tenho dificuldade em entender como é que alguém joga fora uma amizade por discordância ideológica.
Já li, no blog de Janer Cristaldo, que ele abandonou uma amiga porque ela só comeu em MacDonalds quando esteve na Espanha. E isso depois de - supremo pecado! - ele ter indicado a ela os restaurantes mais interessantes, do ponto de vista dele, conhecedor do país.
Tive uma amiga que me mandou às favas depois que lhe enviei por e-mail uma paródia de um filme sobre os últimos dias de Hitler, em que as falas do ditador eram legendadas como se fosse o Lula a falar com seus asseclas. Isso depois de eu lhe arrumar dois empregos.
Essa mesma ex-amiga, em tempos idos, me confessara que ganhara uns trocados para escrever um artigo para jornal defendendo a não implantação de aeroporto em Ilha Bela, São Paulo, sob pretexto de defesa da natureza etc etc (trocados pagos por um dono de terras na ilha, interessado no aborto do plano do aeroporto).
Aliás, quando fui apresentado à palavra "ecologia" foi por meio de um picareta que comigo trabalhava na Promon Engenharia S.A., em São Paulo, no final da década de 70. Era o Barba, um rapaz que, algum tempo depois, detonou outro colega com o qual fizera sociedade em uma empresa de informática.
Ou seja, cedo aprendi que ecologia rima com patifaria.
Mas, a meu ver, nada justifica abandonar uma amizade por não se concordar com as ideias do amigo.
Claro está que se o amigo for um bandido, é melhor afastar-se. Mas, ao construir a amizade essa bandidagem não ficou visível?!
E, até onde sei, não gostar do Lula e do PT não se enquadra em nenhum artigo do Código Penal Brasileiro. Ao menos por enquanto. E não ter simpatias pelos BigMacs não invalida uma relação prazerosa.
Mas há coisas que as moedas fazem e de que até os deuses duvidam.
Tenho dificuldade em entender como é que alguém joga fora uma amizade por discordância ideológica.
Já li, no blog de Janer Cristaldo, que ele abandonou uma amiga porque ela só comeu em MacDonalds quando esteve na Espanha. E isso depois de - supremo pecado! - ele ter indicado a ela os restaurantes mais interessantes, do ponto de vista dele, conhecedor do país.
Tive uma amiga que me mandou às favas depois que lhe enviei por e-mail uma paródia de um filme sobre os últimos dias de Hitler, em que as falas do ditador eram legendadas como se fosse o Lula a falar com seus asseclas. Isso depois de eu lhe arrumar dois empregos.
Essa mesma ex-amiga, em tempos idos, me confessara que ganhara uns trocados para escrever um artigo para jornal defendendo a não implantação de aeroporto em Ilha Bela, São Paulo, sob pretexto de defesa da natureza etc etc (trocados pagos por um dono de terras na ilha, interessado no aborto do plano do aeroporto).
Aliás, quando fui apresentado à palavra "ecologia" foi por meio de um picareta que comigo trabalhava na Promon Engenharia S.A., em São Paulo, no final da década de 70. Era o Barba, um rapaz que, algum tempo depois, detonou outro colega com o qual fizera sociedade em uma empresa de informática.
Ou seja, cedo aprendi que ecologia rima com patifaria.
Mas, a meu ver, nada justifica abandonar uma amizade por não se concordar com as ideias do amigo.
Claro está que se o amigo for um bandido, é melhor afastar-se. Mas, ao construir a amizade essa bandidagem não ficou visível?!
E, até onde sei, não gostar do Lula e do PT não se enquadra em nenhum artigo do Código Penal Brasileiro. Ao menos por enquanto. E não ter simpatias pelos BigMacs não invalida uma relação prazerosa.
Mas há coisas que as moedas fazem e de que até os deuses duvidam.
sábado, 19 de maio de 2012
Notas esparsas
E as reacções de amigos e parentes (são todos amigos) a respeito de meu último post foi reveladora de cada um: meu primo Wanderley falou de pensamento positivo e de como ele opera milagres. Ele, como sempre, empolgado com o extraordinário. Minha primogénita gostou muito do que Wanderley escreveu. Ela também gosta muito de pensar positivo. Apenas dá sempre uma grande mãozinha ao dito cujo pensamento positivo e consegue realizar proezas. Meu amigo Marcelo, super realista, sugeriu que eu viva os próximos 3 meses na maior alegria e deixe pra pensar no novo exame só quando chegar a hora. E, então, manter o foco nisso. Milton, meu amigo e ex-chefe, ignorou a parte duvidosa do resultado do exame e festejou a parte boa. Minha nora e sua mãe me lembraram que ainda há netos por vir. E que não fica bem eu não aguardar por eles. Vou esperar pelos ninjinhas, como meu filho chama seus futuros rebentos. Meu hermanito Luiz não se contentou em mandar e-mail. Telefonou para ver o que podia ser feito. Também meu amigo Reinaldo queria resolver já a coisa. Nada de aguardar 3 longos meses. Minha querida Helga, alemã muito brasileira, lembrou coisa parecida que aconteceu com a mãe dela. E sugeriu não dar muita bola pra isso. Minha irmã, Alciléa, também minimizou tudo. Ela é como o ex-ministro Ricúpero, só que do bem: o que é bom a gente amplia; o que é mau a gente relativiza e, se possível, menospreza. Há, além desses, os que ainda não leram minhas notícias.
Mas sejam todos louvados. Bem hajam!
- - - - -
Bragança, esta terra abençoada, resolveu imitar São Paulo e Rio de Janeiro. Deve ser pura inveja. Sábado passado, em uma briga de trânsito (como pode existir isso aqui?! Aqui não há trânsito!), lá pelas 23 horas, discutiam: um rapaz de 30 anos e um senhor de 60. Este último sacou de uma arma e atirou três vezes no jovem. Este, ferido, tentou fugir com sua viatura (como se diz aqui). Deve ter perdido os sentidos pois bateu em um contentor de lixo que saiu a voar e atingiu uma senhora que voltava de uma procissão, acompanhada de outras pessoas. Resultado: a senhora ficou bem ferida, o rapaz idem e o senhor que atirou foi preso. Agora fico a saber que enforcou-se na cela. Serão efeitos da crise?
- - - - -
A revista Sábado desta semana traz em destaque matéria sobre como o Facebook ganha dinheiro. Em resumo: eles ficam de olho em seus interesses e preferências, manifestados em comentários, fotos e tudo o mais e orientam propaganda para as pessoas que aparentam gostar dos produtos oferecidos.
Diga-se que não é apenas o Face que faz isso. O Google é mestre na arte.
Só espero que eles aperfeiçoem um bocadinho mais seus métodos. Acontece que eu estava interessado em adquirir uma boa máquina fotográfica. Pesquisei na internet, encontrei o que desejava e comprei. Agora, qualquer página que abro no navegador traz comerciais de máquinas fotográficas. Alô, pessoal do Google! Eu já comprei! Quer dizer: não adianta me cutucar porque não vou comprar novamente.
A menos que a Simply Electronics não entregue a minha máquina. Eles me mandaram e-mail domingo passado a dizer que eu havia passado nos testes de segurança contra fraudes e que iam me enviar minha encomenda. Até agora, nada!
Eu disse fraude? Sai azar!
Mas sejam todos louvados. Bem hajam!
- - - - -
Bragança, esta terra abençoada, resolveu imitar São Paulo e Rio de Janeiro. Deve ser pura inveja. Sábado passado, em uma briga de trânsito (como pode existir isso aqui?! Aqui não há trânsito!), lá pelas 23 horas, discutiam: um rapaz de 30 anos e um senhor de 60. Este último sacou de uma arma e atirou três vezes no jovem. Este, ferido, tentou fugir com sua viatura (como se diz aqui). Deve ter perdido os sentidos pois bateu em um contentor de lixo que saiu a voar e atingiu uma senhora que voltava de uma procissão, acompanhada de outras pessoas. Resultado: a senhora ficou bem ferida, o rapaz idem e o senhor que atirou foi preso. Agora fico a saber que enforcou-se na cela. Serão efeitos da crise?
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A revista Sábado desta semana traz em destaque matéria sobre como o Facebook ganha dinheiro. Em resumo: eles ficam de olho em seus interesses e preferências, manifestados em comentários, fotos e tudo o mais e orientam propaganda para as pessoas que aparentam gostar dos produtos oferecidos.
Diga-se que não é apenas o Face que faz isso. O Google é mestre na arte.
Só espero que eles aperfeiçoem um bocadinho mais seus métodos. Acontece que eu estava interessado em adquirir uma boa máquina fotográfica. Pesquisei na internet, encontrei o que desejava e comprei. Agora, qualquer página que abro no navegador traz comerciais de máquinas fotográficas. Alô, pessoal do Google! Eu já comprei! Quer dizer: não adianta me cutucar porque não vou comprar novamente.
A menos que a Simply Electronics não entregue a minha máquina. Eles me mandaram e-mail domingo passado a dizer que eu havia passado nos testes de segurança contra fraudes e que iam me enviar minha encomenda. Até agora, nada!
Eu disse fraude? Sai azar!
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Cravo e ferradura
Hoje nosso anjo da guarda, a Fátima, veio trazer-me o resultado do exame, deixado - finalmente - pelo carteiro.
Agradeci e corri para o escritório para ler o relatório.
O início, auspicioso: "dilatação moderada da aorta ascendente (46 mm)". E os que analisaram as imagens não conheciam o exame feito em São Paulo (com resultado exagerado de 46,3 mm). Até aí, maravilha!
Devo pedir desculpas a minha aorta por chegar a ter duvidado de sua competência.
E graças ao Dr. Heno e a meu amigo Marcelo (que o recomendou) e com o aval do dr. José Leandro, cá em Bragança, que validou todas as observações do dr. Heno Ferreira Lopes, M.D., Ph.D., Doutor e Prof. Livre Docente pela FMUSP. Louvados sejam!
E não cito os açougueiros que pretendiam operar-me, em São Paulo. Hesitaram em aceitar Janeiro deste ano como data para a cirurgia. Cirurgia de uma aorta estável, como agora se comprova. Cirurgia que, na opinião unânime de meus cardiologistas, seria desastrosa. Não os cito porque poderiam processar-me. E, no Brasil, a experiência ensina que venceriam a batalha jurídica e descolariam a grana que não conseguiram com a cirurgia. Talvez bem mais.
Mas, nem tudo é alegria.
Depois de algumas frases em grego arcaico, o relatório conclui: "[no pulmão] identifica-se uma opacidade nodular mal definida em vidro despolido, com aproximadamente 2 cm, (...) contudo recomenda-se controlo imagiológico dentro de 3 meses, uma vez que a hipótese de carcinoma bronquíolo-alveolar não pode ser formalmente excluída."
Descobri que "carcinoma bronquíolo-alveolar" é, para os íntimos, CBA.
Ou seja, os guapos rapazes de Viana do Castelo, que fizeram a análise das imagens de meu tórax, não ficaram satisfeitos com a estabilidade de minha aorta e resolveram atribuir-me - com o benefício da dúvida - um CBA.
Como o exame tira-dúvida só será feito lá pro final de Julho, vou viver esses 3 meses como se fossem os três últimos.
Convenhamos: como deveríamos viver toda a vida.
Agradeci e corri para o escritório para ler o relatório.
O início, auspicioso: "dilatação moderada da aorta ascendente (46 mm)". E os que analisaram as imagens não conheciam o exame feito em São Paulo (com resultado exagerado de 46,3 mm). Até aí, maravilha!
Devo pedir desculpas a minha aorta por chegar a ter duvidado de sua competência.
E graças ao Dr. Heno e a meu amigo Marcelo (que o recomendou) e com o aval do dr. José Leandro, cá em Bragança, que validou todas as observações do dr. Heno Ferreira Lopes, M.D., Ph.D., Doutor e Prof. Livre Docente pela FMUSP. Louvados sejam!
E não cito os açougueiros que pretendiam operar-me, em São Paulo. Hesitaram em aceitar Janeiro deste ano como data para a cirurgia. Cirurgia de uma aorta estável, como agora se comprova. Cirurgia que, na opinião unânime de meus cardiologistas, seria desastrosa. Não os cito porque poderiam processar-me. E, no Brasil, a experiência ensina que venceriam a batalha jurídica e descolariam a grana que não conseguiram com a cirurgia. Talvez bem mais.
Mas, nem tudo é alegria.
Depois de algumas frases em grego arcaico, o relatório conclui: "[no pulmão] identifica-se uma opacidade nodular mal definida em vidro despolido, com aproximadamente 2 cm, (...) contudo recomenda-se controlo imagiológico dentro de 3 meses, uma vez que a hipótese de carcinoma bronquíolo-alveolar não pode ser formalmente excluída."
Descobri que "carcinoma bronquíolo-alveolar" é, para os íntimos, CBA.
Ou seja, os guapos rapazes de Viana do Castelo, que fizeram a análise das imagens de meu tórax, não ficaram satisfeitos com a estabilidade de minha aorta e resolveram atribuir-me - com o benefício da dúvida - um CBA.
Como o exame tira-dúvida só será feito lá pro final de Julho, vou viver esses 3 meses como se fossem os três últimos.
Convenhamos: como deveríamos viver toda a vida.
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