O judaísmo tem um
tratamento todo especial para as virgens. Basta ler Gênesis 19.
Lá conta-se que Deus,
antes de destruir Sodoma e Gomorra, mandou dois emissários à casa
de Ló para tirá-lo da cidade. Deus havia se convencido de que Ló
merecia ser salvo da destruição.
Ló, então, hospeda os
dois emissários. Sua casa é cercada por homens da cidade que exigem
que Ló lhes entregue os dois emissários para que eles os conheçam.
“Conhecer”, aqui, é no sentido bíblico: fazer sexo com eles.
A postura de Ló diante
de tal exigência é:
“Eis
aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora
vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente
nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu
telhado.” (Gênesis [Bereshit] 19:8)
Não
é à toa que nos dias de hoje os judeus ortodoxos nem cumprimentam
as mulheres com a mão. Temem tocar em uma mulher menstruada.
Já
os muçulmanos gostam de virgens. A tal ponto que se prontificam a se
explodirem para obtê-las no paraíso. Mas durante esta vida terrena
sabemos todos como encaram e tratam as mulheres, virgens ou não.
Os
cristãos pensam que não seria adequado que uma não virgem fosse a
mãe do Cristo.
Os
católicos foram mais radicais e decidiram que Maria teria de ser
virgem toda a vida. Os protestantes permitiram que ela tivesse
relações sexuais mas apenas depois de dar a luz a Jesus.
Todos
eles ignoram os fortes indícios históricos que apontam o soldado
romano Panthera como tendo feito o papel que os cristãos atribuem ao
Espírito Santo. Só é desconhecido se a relação dele com Maria
foi consensual ou se se tratou de um estupro.
Para
mim, o curioso é que essa ojeriza pelas relações sexuais e a
consequente glorificação da virgindade convivem no cristianismo com
o forte respeito e carinho pela figura de mãe. Esquecem-se de que
não há e nunca houve mãe virgem.
Do
judaísmo ao cristianismo, passando pelo islamismo, a visão que os
adeptos têm das virgens vai do desprezo à veneração.
Quanto
a mim, sempre que tomo conhecimento, ou mesmo apenas desconfio, de
que uma mulher adulta é virgem, apiedo-me. Ela está a desperdiçar
uma das melhores emoções da vida.
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