quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Virgens


O judaísmo tem um tratamento todo especial para as virgens. Basta ler Gênesis 19.
Lá conta-se que Deus, antes de destruir Sodoma e Gomorra, mandou dois emissários à casa de Ló para tirá-lo da cidade. Deus havia se convencido de que Ló merecia ser salvo da destruição.
Ló, então, hospeda os dois emissários. Sua casa é cercada por homens da cidade que exigem que Ló lhes entregue os dois emissários para que eles os conheçam. “Conhecer”, aqui, é no sentido bíblico: fazer sexo com eles.
A postura de Ló diante de tal exigência é:
Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.” (Gênesis [Bereshit] 19:8)
Não é à toa que nos dias de hoje os judeus ortodoxos nem cumprimentam as mulheres com a mão. Temem tocar em uma mulher menstruada.

Já os muçulmanos gostam de virgens. A tal ponto que se prontificam a se explodirem para obtê-las no paraíso. Mas durante esta vida terrena sabemos todos como encaram e tratam as mulheres, virgens ou não.

Os cristãos pensam que não seria adequado que uma não virgem fosse a mãe do Cristo.
Os católicos foram mais radicais e decidiram que Maria teria de ser virgem toda a vida. Os protestantes permitiram que ela tivesse relações sexuais mas apenas depois de dar a luz a Jesus.
Todos eles ignoram os fortes indícios históricos que apontam o soldado romano Panthera como tendo feito o papel que os cristãos atribuem ao Espírito Santo. Só é desconhecido se a relação dele com Maria foi consensual ou se se tratou de um estupro.
Para mim, o curioso é que essa ojeriza pelas relações sexuais e a consequente glorificação da virgindade convivem no cristianismo com o forte respeito e carinho pela figura de mãe. Esquecem-se de que não há e nunca houve mãe virgem.

Do judaísmo ao cristianismo, passando pelo islamismo, a visão que os adeptos têm das virgens vai do desprezo à veneração.


Quanto a mim, sempre que tomo conhecimento, ou mesmo apenas desconfio, de que uma mulher adulta é virgem, apiedo-me. Ela está a desperdiçar uma das melhores emoções da vida.


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