segunda-feira, 3 de setembro de 2012

2. A estrela guia

Na maioria dos relatos a respeito do nascimento de deuses ou de heróis menciona-se a aparição de estrelas ou outros sinais celestes que anunciam a qualidade sobrenatural do recém nascido. Assim, por exemplo, na lenda chinesa de Buda se fala de uma milagrosa luz celeste que anunciou sua concepção; no Bhâgavata-Purâna conta-se como um meteoro luminoso anunciou o nascimento de Krishna; o historiador Justino refere como a grandeza futura do rei Mitríades já havia sido anunciada pela aparição de um cometa no momento de seu nascimento e no de sua ascensão ao trono; no dia em que Julio Cesar nasceu apareceu a estrela Ira no firmamento e, segundo Suetonio, não voltou a aparecer até a véspera da batalha de Farsalia; (...)
(Pepe Rodríguez, Mentiras fundamentales de la Iglesia Católica, p. 139)

Mateus é o único livro do Novo Testamento que fala dos magos que chegaram a Jesus guiados pela estrela (aliás, "uns magos", não três) (Mateus 2:1-12).
Lucas, ao narrar os eventos prodigiosos do nascimento de Jesus, não fala nos tais magos. Muito menos em qualquer estrela (Lucas 2:8-14). Curioso: ao orientar uns pastores de ovelhas para que encontrassem o local em que estava o recém nascido, ao invés de recomendar que procurassem a brilhante estrela estacionada sobre o local do nascimento, sugere que procurem, em plena noite, uma criança envolta em panos e reclinada em uma manjedoura...
Mateus e Lucas, evangelhos escritos em terras diferentes (Egipto e Roma, respectivamente), adornam seus relatos sobre Jesus inspirando-se em lendas já existentes mas que gozavam de diferente prestígio em um lugar ou no outro;  por isso, Mateus tingiu de orientalismo popularesco o nascimento de Jesus enquanto que Lucas torceu a mão para adaptar-se a tradições míticas que fossem mais críveis na capital do império.
(Pepe Rodríguez, op. cit. p. 143)
Na linha da narração de Lucas estão, por exemplo, os nascimentos de Buda (a terra tremeu, ondas de chuvas perfumadas e de flores de loto caíram de um céu sem nuvens etc etc), de Krishna (todos os devas - divindades resplandecentes - deixaram seus carros no céu e, fazendo-se invisíveis, foram à casa de Mathura na qual estava por nascer o menino divino e, unindo suas mãos, puseram-se a recitar os Vedas e a cantar louvores em honra de Krishna etc etc), de Confúcio (apareceram dois dragões no ar por cima de sua casa e cinco veneráveis anciãos, que representavam os cinco planetas então conhecidos, entraram na habitação para honrar o recém nascido etc etc)

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