domingo, 29 de novembro de 2009
Pai dos pobres
Na terça-feira, 24 de agosto de 1.954, eu brincava no jardim da frente da casa de meus pais quando chegou Regina Evangelista, filha do ponta esquerda do ataque dos cem gols do Santos F.C., o famoso Evangelista, para avisar minha mãe da morte de Getúlio Vargas.
Do ponto de vista de meus modestos nove anos de existência, a choradeira a que minha mãe se entregou foi uma enorme surpresa. Nunca a vira chorar tanto.
Minha mãe fora uma das muitas pessoas recebidas, anos antes, por Darcy Vargas, esposa de Getúlio, no Palácio do Catete. Dona Darcy atendia pedidos de populares me parece que uma vez por semana. Formava-se uma fila no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, e dona Darcy ouvia os pedidos de cada um, anotava tudo e tentava atendê-los. Minha mãe, por exemplo, foi pedir a ela um emprego na Central do Brasil para um irmão que perdera, aos quatro anos de idade, um braço e uma perna em acidente de trem. Ela arranjou o emprego, meu tio trabalhou muitos anos na Central e hoje, aposentado, vive a casa dos oitenta anos muito bem, obrigado.
Lula vai pelo mesmo caminho. O de pai dos pobres e mãe dos ricos, como a oposição se referia a Getúlio.
O Bolsa Família, por exemplo, pôs fermento na popularidade de Lula e rende curiosas histórias. Uma delas me foi contada esta semana pela empregada aqui de casa, a Raimunda.
Ela, de tanto ouvir falar em Bolsa Família, resolveu verificar se não sobraria algum pra ela. Diga-se, resumidamente: Raimunda viveu alguns anos com um companheiro (não sei se casou formalmente ou não) e teve com ele três filhos, duas filhas agora já adultas e um garoto hoje com uns 10 anos. O marido, a certa altura da relação, mandou-se para o nordeste e ela segurou a barra dos filhos.
Pois bem: ao tentar arranjar uma boquinha na tal Bolsa Família, descobriu que o ex-marido, lá no nordeste, já estava recebendo a devida grana, em nome próprio e em nome dos três filhos.
O malandro foi rápido no gatilho.
Não tenho ideia de quais são e de como funcionam os mecanismos de controle dessa tal de Bolsa Família. Mas acredito na Raimunda e creio que a história seja mais ou menos essa mesmo.
Nesse ritmo, logo logo a popularidade do homem passa de 100%.
Nota: o chamado Ataque dos Cem Gols foi o ataque do Santos campeão em 1.935. Naqueles tempos, o ataque era formado por dois pontas, dois meias e um centroavante. O de 35, do Santos, era: Siriri, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista. Só foi superado pelo ataque dos anos 60: Dorval, Mengálvio, Pagão (depois Coutinho), Pelé e Tite (depois Pepe).
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário