sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Comida fria


Sou assim. Detesto brigar com alguém, mesmo que verbalmente. Mas as agressões de que sou vítima ficam gravadas sem chance de serem apagadas.
E acontece coisa curiosa: sendo eu ateu, percebo que meu santo é forte. Pessoas que aprontam comigo acabam por receber castigos dos quais não posso ser culpado. Nem que desejasse.
Quantas vezes fui traído de modo mesquinho. Quantas vezes fui injustiçado por pessoas que mal me conheciam. Passado algum tempo, batata! A pessoa se arrebenta contra algum evento no qual não tive a menor participação.
Trabalhei em uma empresa na qual me sentia tão bem que imaginei encerrar nela minha carreira. Tramas de familiares da tal empresa, familiar, me dedicaram um sonoro ponta pé na bunda.
Segui minha vida. Passado algum tempo, li nos jornais que o dono da empresa tinha sido assassinado pelo próprio filho. Coisas que acontecem.
Algum tempo depois fui ajudar amigo de adolescência a dirigir uma empresa que ele criara. Passado um ano e meio, realizamos negócio de uns 25 milhões de dólares. Ele acenou com um milhão pra cada um dos diretores da empresa (havia outro, meu amigo até hoje).
Depois de muita luta, consegui receber 100 mil dólares.
Passados alguns poucos aninhos, o cidadão, que fugira pra Portugal pra evitar os credores, morreu próximo a Évora, de modo até hoje um tanto misterioso.
Que azar. O dele, claro.
Tive um chefe que me reservou um rancor cuja origem me escapa. Conseguiu presentear-me com quatro longos anos de vida quase insuportável. Livrei-me dele, é verdade. Mas, além disso, tive a surpresa de vê-lo esborrachar-se contra acusações que lhe encerraram a carreira.
Que pena!
Bem antes, coisa dos anos 80, tive chefe que me demitiu da empresa e foi demitido quando os donos souberam que ele havia me demitido. E eu continuei lá, pra chateação do dito cujo.
Você pode pensar: pô, esse cara deu um jeito de ferrar o chefe. Mas não. Eu simplesmente aceitei a demissão e fui fazer a tradicional entrevista de bota-fora no RH.
Só que o pessoal da diretoria soube da história, sei lá como, e reverteu a coisa.
Coisas do meu santo forte. Fazer o quê.
Se eu esticar o papo, este post não acaba nunca.
Vejam: vou ser bacana com meus eventuais desafetos.
Se vocês quiserem me destruir, bola pra frente. Tentem.
Mas, desculpem, vai ser difícil.
Adoro comida fria.

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