segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

História serve pra alguma coisa.

Reinaldo Azevedo, o "esquisito", segundo alguns que não frequentam dicionários, enumerou em seu blog (veja excerto) cinco razões pelas quais ele entende que haverá - sim - desordem após o impeachment de Dilma. Provocada por "petistas e comunistas".
Eu desconfio que, se o novo governo for firme, não haverá desordem alguma. 1964 está aí para reforçar essa hipótese.
As Esquerdas, então, prometiam mundos e fundos e foi só um milico colocar as tropas na rua que elas enfiaram a viola no saco e foram amargar sua tibieza na cama, que é lugar quente.


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Revelações da linguagem

O Brasil abusa dos gerúndios.
Um poeta amigo meu já dizia, há quase quarenta anos, que abominava o “Explode coração”, de Gonzaguinha. Um tsunami de gerúndios.

Como se não bastasse, criou-se, no país, o “gerundismo”.
Vamos estar avacalhando tudo, vamos estar acabando com a educação.
Os cuidados com a saúde vão estar sendo abandonados. E dá-lhe microcefalia.

Agora, na maratona do impeachment, surge uma comissão parlamentar alternativa.
Nome? : “Unindo o Brasil”.

Não poderia ser “Para limpar o Brasil” ?


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Dicionário Brasil - Portugal

Os termos a seguir são conhecidos nos dois países. Apenas são predominantemente usados em um deles.
Há muitos mais na mesma condição.
Aqui vão alguns poucos:


Muito obrigado                                      Obrigadíssimo
O maior de todos os tempos                   O maior de sempre
Inclusive                                               Inclusivamente
Principalmente                                      Nomeadamente
Marrom                                                Castanho
Entretanto                                            Entretanto
(usado como “contudo”, “porém”)          (como “nesse ínterim”)
Top de linha                                         Topo de gama
Modo de atender ao telefone:
Alô!                                                     Tô! / Estou!

Antes que alguém proteste: não quer dizer que seja assim em todo Portugal. Muito menos em todo Brasil.

sábado, 28 de novembro de 2015

Cometem-se erros



Tentei ler editorial de hoje no Público.
Parei ao pisar nesta pedra:
"No Parlamento, ontem percebeu-se as dificuldades..."
E o que me doeu nem foi a colocação de vírgulas. 

Enquanto morei no Brasil, tropeçava com frequência nesse desprezo pelo valor apassivante do pronome Se.
Com algum espanto, percebo que em Portugal esse pouco caso é também corriqueiro.

Pergunto a meus amigos professores: consta de algum programa do ensino básico essa questão?

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Que máfia é essa?




O Senado brasileiro reuniu-se neste dia 25/11/2015 para decidir se mantinha preso o senador Delcídio do Amaral ou se mandava soltá-lo.
Como a audiência da sessão do Senado devia estar alta na TV, quase todos os senadores quiseram manifestar-se. Ou melhor: quiseram aparecer na transmissão.

A decisão acabou por ser a única possível: Delcídio vai continuar preso.

Mas o protagonismo ficou para a nota do Partido dos Trabalhadores (PT) a respeito de seu senador.
O PT, por meio de seu presidente, apressou-se em desvincular-se de seu membro. 

"1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;
2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;"
Pergunta-se: que se pode esperar de máfia que não socorre seus delinquentes?
A tendência inevitável é o desaparecimento.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Cartilha do Partido dos Trabalhadores (PT)

O PT lançou hoje um texto para orientar seus militantes na defesa do Partido.
De maneira um tanto surpreendente, o documento pretende também guiar seus leitores na defesa da Verdade e da Democracia.
Fiquei curioso para saber como é possível fazer a defesa de tudo isso ao mesmo tempo.
Se Verdade e Democracia nem sempre coincidem, conciliá-las com o PT já é tarefa para super-heróis.

Já na apresentação do trabalho, o Presidente Nacional da sigla me fez sentir um odor a ditadura militar.
Explico: os que já se consideravam gente nos tempos da ditadura militar brasileira hão de lembrar que era muito difícil encontrar manifestação de militar que não utilizasse o adjetivo "solerte".

Pelo que se vê, o PT pretende ressuscitar o termo. Aliás, diga-se, adjetivo de ambiguidade preciosa.
Os dicionários lhe reconhecem dois significados: dotado de sabedoria, iniciativa, por um lado. Mas que usa meios desonestos para conseguir algo, por outro.

Perfeito para quem defendia a mentira sob ditadura.
Perfeito para quem tenta defender-se da verdade em democracia.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Dói no orgulho

Sempre que utilizo o Google lembro de meu maior fracasso.
Trabalhava em uma grande e conceituada empresa de projetos de engenharia, no Brasil.
Formei uma equipe de excelentes analistas/programadores para desenvolver um programa de pesquisa de dados para a empresa. Éramos uns cinco profissionais.
Gastamos algo da ordem de dois anos para chegar a um produto final.
Em um fim de tarde, colocamos nele uma palavra para pesquisar no banco de dados da empresa e fomos descansar.
O sistema demorou a noite toda pra chegar a um resultado.
Ficou claro que nosso trabalho havia sido em vão.
Sim. O computador que usávamos, na época, não comportava um sistema desse porte.
Era o início dos anos 80.
Mas lembro sempre disso quando recordo os versos de Pessoa (Álvaro de Campos):

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
(...)
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Hoje digito lá uma coisa qualquer e o Google me devolve logo centenas ou milhares de endereços.
Isso me dói em algum lugar de meu orgulho.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Governo esvaziado.

A Esquerda sempre lutou para transformar greves de reivindicações pontuais de uma ou várias categorias em greves políticas.
Agora, quando caminhoneiros (camionistas, em Portugal) brasileiros fazem paralisação de âmbito nacional e deixam claro que querem a derrubada de Dilma Rousseff, vem a público o ministro Edinho Silva a afirmar que greve deve tão somente buscar o atendimento de reivindicações da categoria.
Esse governo está com todos os pneus vazios.

domingo, 8 de novembro de 2015

Minha implicância com "implicar"

Depois de quase cinco anos de residência em Portugal, torna-se mais evidente para mim o quanto os jornalistas brasileiros (os de agora e os de pijama) torturam a língua portuguesa.
Claro. Nem todos. Mas a maioria deles.
Se o meu caro leitor-jornalista (se é que os há. Quase sempre eles só escrevem) costuma dizer que alguma coisa implica em..., saiba que implico com.

sábado, 7 de novembro de 2015

Apenas Outono

No inevitável Outono, as folhas caem,
a obedecer à lei da gravidade e 
ao ritmo das Estações.

Não se perguntam por que caem.
Não constroem explicações.

Apenas realizam o Outono.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Conversa de esquecer

O Bloco de Esquerda (BE) fechou acordo com o Partido Socialista (PS)..

Falta agora a António Costa um acordo com o Partido Comunista (PCP).

Meu stalinista de estimação, o Jerónimo de Souza, anda um bocadinho escondido.

Deve andar a escutar os conselhos de Vinícius de Moraes, em Canto de Ossanha:

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pé de pato, mangalô três vezes

Para comemorar meus setenta anos, redondinhos, comprei ingressos para o show de António Zambujo nas vésperas de meu aniversário. Coliseu do Porto, Fevereiro de 2015.

No dia anterior ao show recebo a notícia de que minha aposentadoria havia sido considerada ilegal pelo Tribunal de Contas da União (TCU), órgão do Legislativo brasileiro que eu imaginava ter algo mais importante com que se preocupar.

Lá se foi o show do Zambujo.

Só depois de me certificar de que a bobagem seria corrigida, corri a assistir ao Zambujo em Coimbra.

Eis que agora, com minha aposentadoria já legalizada (o TCU corrigiu a situação em Agosto), fico a saber que haverá novo show de Zambujo no mesmo Coliseu do Porto, no dia seguinte a meu aniversário, em 2016.

Como não sou supersticioso, comprei já os ingressos.
Como é mesmo? Pé de pato, mangalô três vezes.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Do Brasil caipira

O Brasil é um país tão caipira, tão dedicado a seu mundinho circundante, que para se assinar jornal ou revista brasileira estando fora do Brasil percorre-se uma via crucis.
O indivíduo informa que vive em Portugal, para citar meu caso, mas continua a ter de fornecer CPF, Estado da Federação em que reside (a selecionar em elenco dos Estados brasileiros) e código postal com o número de dígitos vigente no Brasil. Além de número de telefone com DDD brasileiro.
Até hoje não consegui fazer uma assinatura da revista Veja.
Assinatura do Estadão foi um parto complicado.
Renovação da Piauí fui impedido de fazer porque estão a reformular o atendimento ao exterior.

E depois reclamam que o mundo pensa que a capital do Brasil é Buenos Aires.
Ou Rio de Janeiro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Dos mortos

Os vivos tornam vivos os mortos.
Nessa lida erigem religiões e crenças.
Matam e morrem por elas,
para se fazerem vivos.

domingo, 1 de novembro de 2015

Coligação delirante

Ao redor de um cozido à portuguesa na aldeia de Passos de Lomba conversamos. Eu, português de arribação, dois agricultores, um doutor que vive mergulhado em seu Instituto Politécnico e um homem da GNR.
Não sei o valor estatístico disso, mas concordamos todos a respeito da estupidez da delirante coligação à esquerda arquitetada por António Costa.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Nova trindade para Portugal


A entrevista a Jerónimo de Souza (Partido Comunista) na SIC/SIC Notícias leva à conclusão de que Portugal passará a ser governado por uma nova trindade.
O PS entra com seus Dez Mandamentos, o PCP limita-se a um "Passa de mim este cálice" e o Bloco de Esquerda, ungido em novo Espírito Santo, incita os portugueses a falar línguas estranhas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Humor socrático

O jornal das oito da SIC, hoje (26/10/2015), resumiu as estranhezas relativas ao caso José Sócrates, o ex-Primeiro-Ministro português.
A mim, basta uma.
Era uma vez um grande amigo do ex-PM - Carlos Santos Silva.
Tão grande que lhe fornecia vultosas somas em dinheiro para que as torrasse como bem lhe aprouvesse.
Tendo tão chegado amigo adquirido obras de arte de elevado valor, descobriu-se que várias dessas obras foram parar nas paredes da residência do ex-PM.
Mais: algumas foram achadas na casa de empregada de Sócrates.
Questionado a respeito, este teria afirmado:
- Não me dei conta disso.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Novilíngua


Ao final das legislativas portuguesas de 2015 escrevi no Facebook que os comunistas estavam a afirmar que a coligação Portugal à Frente (PàF = PSD/CDS) perdera as eleições quando – de facto – ganharam.
Diziam isso ao comparar os resultados da coligação PàF agora com os resultados da mesma coligação nas legislativas de 2011. E é verdade que, em relação a 2011, essa coligação teve menos votos, elegeu menos deputados e perdeu a maioria absoluta.
Qualquer raciocínio vale quando se quer adoçar o dissabor de uma derrota.

O defeito dessa comparação é o de relevar os quatro anos que medeiam os dois eventos eleitorais.

Em 2011 Portugal afundara em profunda crise e o governo era socialista. Sem discutir se o Partido Socialista tenha sido em algum grau responsável por tal crise, é natural esperar-se que o eleitorado corresse em grande parte para os braços da centro-direita.
O governo da coligação PSD/CDS foi um período de aplicação de medidas de austeridade, medidas altamente impopulares, mesmo que as consideremos necessárias. Isso, é claro, elevou a cotação do PS na bolsa eleitoral.
Tanto que, ao vencerem as eleições europeias de 2014, os socialistas consideraram tal vitória insuficiente (quase 32% contra menos de 28% da coligação), uma “vitoriazinha”. E defenestraram seu secretário-geral António José Seguro. Colocaram em seu lugar o autarca de Lisboa, António Costa, fadado a mostrar ao mundo o que é uma vitória de bom tamanho.

Desde que começaram as campanhas eleitorais para esta últimas legislativas, o PS quase só experimentou descidas. Já a coligação PàF ainda perdeu intenções de voto durante algum tempo, mas nos últimos meses começou a crescer e suplantou os socialistas.

A observação do gráfico das sondagens nos mostra duas grandes disputas: PS versus coligação PàF, na parte alta do gráfico; CDU (comunistas e verdes) versus Bloco de Esquerda na parte de baixo.
No final, a coligação PàF venceu o PS e o Bloco derrotou a CDU.
É pura ironia que muitos sugiram a formação de um governo de coalizão PS/CDU.
Seria unir o roto ao esfarrapado.


De resto, considerar a vitória da coligação PàF como derrota, em face dos resultados de 2.011, é comparar laranjas com parafusos.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O português estatístico

A coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) ganhou as eleições com algo como 39% dos votos. O Partido Socialista (PS) ficou em segundo com qualquer coisa como 32%.
Não houve, portanto, maioria absoluta.
Os analistas, na TV, afirmam que os portugueses quiseram dizer, com isso, que querem uma continuidade governamental, mas com "humildade". Ou seja, com atenção às exigências do PS. 
Não consigo imaginar um português que tenha ido votar com essa ideia na cabeça. Pra mim, quem foi votar no PS queria que o PS vencesse, de preferência com maioria absoluta. Idem para o eleitor da coligação.
O eleitor que votou na coligação mas a exigir "humildade" é um mero português estatístico.