Ao final das
legislativas portuguesas de 2015 escrevi no Facebook que os
comunistas estavam a afirmar que a coligação Portugal à Frente
(PàF = PSD/CDS) perdera as eleições quando – de facto –
ganharam.
Diziam isso ao comparar
os resultados da coligação PàF agora com os resultados da mesma
coligação nas legislativas de 2011. E é verdade que, em relação
a 2011, essa coligação teve menos votos, elegeu menos deputados e
perdeu a maioria absoluta.
Qualquer raciocínio
vale quando se quer adoçar o dissabor de uma derrota.
O defeito dessa
comparação é o de relevar os quatro anos que medeiam os dois
eventos eleitorais.
Em 2011 Portugal
afundara em profunda crise e o governo era socialista. Sem discutir
se o Partido Socialista tenha sido em algum grau responsável por tal
crise, é natural esperar-se que o eleitorado corresse em grande
parte para os braços da centro-direita.
O governo da coligação
PSD/CDS foi um período de aplicação de medidas de austeridade,
medidas altamente impopulares, mesmo que as consideremos necessárias.
Isso, é claro, elevou a cotação do PS na bolsa eleitoral.
Tanto que, ao vencerem
as eleições europeias de 2014, os socialistas consideraram tal
vitória insuficiente (quase 32% contra menos de 28% da coligação),
uma “vitoriazinha”. E defenestraram seu secretário-geral António
José Seguro. Colocaram em seu lugar o autarca de Lisboa, António
Costa, fadado a mostrar ao mundo o que é uma vitória de bom
tamanho.
Desde que começaram as
campanhas eleitorais para esta últimas legislativas, o PS quase só
experimentou descidas. Já a coligação PàF ainda perdeu intenções
de voto durante algum tempo, mas nos últimos meses começou a
crescer e suplantou os socialistas.
A observação do
gráfico das sondagens nos mostra duas grandes disputas: PS versus
coligação PàF, na parte alta do gráfico; CDU (comunistas e
verdes) versus Bloco de Esquerda na parte de baixo.
No final, a coligação
PàF venceu o PS e o Bloco derrotou a CDU.
É pura ironia que
muitos sugiram a formação de um governo de coalizão PS/CDU.
Seria unir o roto ao
esfarrapado.
De resto, considerar a
vitória da coligação PàF como derrota, em face dos resultados de
2.011, é comparar laranjas com parafusos.
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