sexta-feira, 27 de março de 2015

Vamos lá, levar bordoadas


Quando fiz o ginásio, Colégio Canadá, Santos, São Paulo, dois de meus melhores amigos eram gêmeos: o Aramir e o Arimir.
O Aramir teve paralisia infantil – ainda existente no Brasil à época. O Arimir não. Mas o Aramir convivia de igual para igual com todos. Jogava bola, corria, brigava, mesmo com todos aqueles ferros a reforçarem-lhe uma das pernas.
Com o tempo, a tese da inclusão transmudou-se em dogma. Hoje já ninguém pode perguntar se o guri tem mesmo condição de conviver em escola convencional. É óbvio que alguns podem, outros não. Mas essa obviedade foi soterrada pelo politicamente correto.
Nem mesmo a linguagem escapa ao tacão ideológico. Não se pode falar em cego, em mudo, em manco, em anão. Nem mesmo a expressão deficiente visual é agora aceita. Tem de ser “portador de deficiência” tal ou qual.
Espero não viver o suficiente para ser obrigado a referir-me a cego como “atingido aleatoriamente pela obrigatoriedade de portar deficiência visual”.

Essa imposição de tratar desiguais de maneira igual parece ter sido a causa de se permitir que um indivíduo que passou ano e meio em tratamento psiquiátrico graças a uma profunda depressão fosse autorizado a prosseguir seu treinamento para piloto de aeronaves. Apenas foi recomendado que ele passasse por avaliações periódicas.


O resultado está espalhado entre montanhas nos Alpes.

Sem comentários: