Quando fiz o ginásio,
Colégio Canadá, Santos, São Paulo, dois de meus melhores amigos
eram gêmeos: o Aramir e o Arimir.
O Aramir teve paralisia
infantil – ainda existente no Brasil à época. O Arimir não. Mas
o Aramir convivia de igual para igual com todos. Jogava bola, corria,
brigava, mesmo com todos aqueles ferros a reforçarem-lhe uma das
pernas.
Com o tempo, a tese da
inclusão transmudou-se em dogma. Hoje já ninguém pode perguntar se
o guri tem mesmo condição de conviver em escola convencional. É
óbvio que alguns podem, outros não. Mas essa obviedade foi
soterrada pelo politicamente correto.
Nem mesmo a linguagem
escapa ao tacão ideológico. Não se pode falar em cego, em mudo, em
manco, em anão. Nem mesmo a expressão deficiente visual é agora
aceita. Tem de ser “portador de deficiência” tal ou qual.
Espero não viver o
suficiente para ser obrigado a referir-me a cego como “atingido
aleatoriamente pela obrigatoriedade de portar deficiência visual”.
Essa imposição de
tratar desiguais de maneira igual parece ter sido a causa de se
permitir que um indivíduo que passou ano e meio em tratamento
psiquiátrico graças a uma profunda depressão fosse autorizado a
prosseguir seu treinamento para piloto de aeronaves. Apenas foi
recomendado que ele passasse por avaliações periódicas.
O resultado está
espalhado entre montanhas nos Alpes.
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