terça-feira, 17 de março de 2015

De borboletas sonhadoras


No dilema do mestre taoista Chuang Tzu lembrado por – entre outros – Jorge Luis Borges, não se sabe se Tzu sonhou ser uma borboleta a voar livremente ou se a borboleta é que sonha ser Tzu.

A presidente Dilma sonha ter sido uma revolucionária que lutava pela democracia ou é a revolucionária encarcerada na Torre do Presídio Tiradentes que sonha ser presidente da República?

Borges, que recorda essa história, velha de 24 séculos, em sua refutação do tempo (Nova refutação do tempo, in Otras Inquisiciones) encerra o dilema de um modo que Dilma poderia parafrasear:

O tempo é um rio que me arrebata, mas eu sou o rio; é um tigre que me despedaça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo. O mundo, desgraçadamente, é real; eu, desgraçadamente, sou Dilma.

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