Fiquei agradavelmente surpreendido,
logo que vim morar em Bragança, Portugal, ao notar que as mulheres
se referem a seus maridos como “meu homem”. Não sei se isso é
hábito português ou do Norte de Portugal. Ou, mais restritamente,
de Trás-os-Montes. Também não sei se é costume de alguns lugares
no Brasil. Como o Criador na criação, apenas constatei que é bom
que assim seja.
Isso para dizer que minha mulher
comentou comigo uma notícia vista na TV: foi descoberto um planeta
com características semelhantes às da Terra.
Para mim, nenhuma novidade. Penso ser
quase impossível que não existam outros vários planetas com vida
semelhante à nossa, dada a abundância de corpos celestes que
compõem esse (quase) infinito Universo.
Mas minha mulher persistiu:
- E como fica a religião diante
dessa possibilidade?
As religiões, acostumadas a dar nó em
pingo de éter (nó em pingo d'água até eu dou), não devem
encontrar dificuldade em lidar com essa pluralidade de Humanidades.
Deus, ao criar nosso mundinho, pode
ter, antes, durante e depois, criado outros muitos mundos, habitados
por seres mais ou menos semelhantes a nós.
Na Bíblia, o Manual do Usuário
(/Utente) que ele criou para nos orientar, preocupou-se tão somente
em falar do nosso mundo. Mas os demais mundos devem ter suas Bíblias,
com suas particularidades contempladas.
Mundos há em que Eva não foi na
conversa da serpente e não comeu do fruto proibido. Com isso, neles
não há pecado original, nem necessidade de um Salvador que redima
tais humanidades. Todos continuam a desfrutar do Paraíso.
Em outros mundos, a serpente saiu a
ganhar, assim como cá entre nós. Vai daí, Deus teve de mandar Seu
Filho Unigênito para a redenção de tais humanidades.
Isso talvez até explique por que Jesus
custou a vir à Terra. Havia muitos outros mundos a salvar.
Ele teve de encarnar-se em diferentes
civilizações, de diferentes planetas. Em todas elas passar por um
processo de implantação da semente cristã. E sacrificar-se de
acordo com os costumes locais a fim de salvar cada uma de tais
culturas.
Talvez até hoje Cristo esteja a ser
crucificado (ou submetido a algum outro suplício) em algum planeta
distante.
Em alguns desses mundos o cristianismo
terá vingado, auxiliado – como cá na Terra – por fatores
políticos propícios a seu protagonismo. Alguns mundos devem ter
tido, como aqui, seus imperadores Constantinos dispostos a implantar
o cristianismo na marra.
Em outros, nem um Paulo terá surgido e
a seita diluiu-se em pouco tempo, dividida em várias facções
rivais. Para esses mundos talvez uma nova visita do Cristo seja
necessária, para tentar repor ordem na casa.
Enfim, as hipóteses são infindáveis.
Não sei como ainda não surgiu uma
seita Cristãos de Andrômeda. Ou será que já existe?
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