sábado, 26 de julho de 2008

Problemas com a censura


Ontem, nem sei por que, lembrei vagamente de uma piada que minha irmã contava, quando eu era garoto, piada inspirada em um hino do Cantor Cristão.
O Cantor Cristão reúne hinos a serem cantados nas igrejas batistas. Não sei se outras denominações o utilizam. Os hinos têm títulos mas os fiéis costumam conhecê-los pelo número de ordem deles no Cantor Cristão.
Vai daí, pedi a minha irmã que me dissesse qual o número do hino da piada.
Ela, por sorte, mandou-me, além do número, a partitura escaneada do Cantor Cristão dela.
Digo por sorte porque, logo que vi qual era o número, ao invés de abrir o anexo do e-mail com a partitura, peguei o Cantor Cristão da Baixinha (presente de minha outra irmã, de edição bem mais recente do que aquele do qual minha irmã escaneou a partitura) e procurei o dito cujo: hino 472.
Li, reli, nada.
Não sei se vocês sabem, mas os hinos evangélicos são compostos, em geral, de algumas estrofes e um estribilho. Canta-se a primeira estrofe, seguida do estribilho. Em seguida, a segunda estrofe, também seguida do estribilho. Etc etc.
Fui então ao anexo do e-mail. Constatei, surpreso, que o hino 472, que no Cantor da Baixinha tinha quatro estrofes, no Cantor de minha irmã tinha cinco.
Adivinha qual a estrofe que falta no Cantor da Baixinha?
Acertou: a estrofe da piada. Censuraram a piada.
Pra não dizerem que minto, aí vão as duas partituras, para comparação.

Clique para ver a versão censurada
Falta só contar a piada.
Na nossa igreja, em Santos, existia uma senhora portuguesa, de algumas posses, chamada Generosa.
Conta a lenda que num belo domingo convenceu sua empregada doméstica a acompanhá-la à igreja. A moça era negra. Hoje seria afro-descendente.
Ao chegarem ao templo, o culto já começado, cantava-se justamente o hino 472. Sua 2ª estrofe:

Hoste negra vem chegando,
Temerosa, atroz;
Vêm fileiras avançando
Com ardor feroz.


A moça levou um enorme susto. Ela entendeu assim:

Esta negra vem chegando,
Generosa atrás.


Imagine ser recepcionado dessa maneira, num lugar desconhecido, por um coral de centenas de vozes.

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