domingo, 20 de julho de 2008

Ύβρις e Σωφροσύνη


Para a Grécia clássica, os grandes valores éticos eram Hýbris e Sophrosýne (fala-se Íbris e Sofrosine).
Hýbris é o excesso, o exagero, a sem-medida.
Sophrosýne é o comedimento, a moderação, a temperança.
Claro que Sophrosýne é o ideal grego, a excelência moral.
Quanto a mim, sempre fui Hýbris.
Mas devagar com o andor.
A coisa não é tão simples.
Neste sábado, chamou minha atenção o magnífico artigo de Drauzio Varella na Folha (aqui, para assinantes Folha ou UOL).
Em princípio, Varella é modelo de sophrosýne. Equilibrado, faz questão de dizer que curte uma cachacinha mas, por outro lado, é totalmente a favor da nova Lei Seca brasileira.
Um trecho de seu artigo, contudo, acendeu em mim uma luzinha amarela:

Aos sábados e domingos, quando estou de folga, tomo uma cachaça antes do almoço, hábito adquirido com os carcereiros da antiga Casa de Detenção. Difícil é escolher a marca, o Brasil produz variedade incrível. Tomo uma, ocasionalmente duas, jamais a terceira.

Esse jamais a terceira, a meu ver, já é Hýbris.
A fronteira entre os dois conceitos é muito sutil.
Todo cuidado é pouco.
Ou melhor, algum cuidado.
A Hýbris está sempre à espreita.

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