quinta-feira, 30 de agosto de 2007
O valor de cada cidadão
Vai daí, uma de nossas filhas foi viver na Austrália. Final do ano vai ter um filho . O Taj. Antes de se saber o sexo, era Taj, se homem, Tereza, se mulher. Era, portanto, Little T. Agora já se sabe que será o Taj.
Toca providenciar vistos pra Austrália. Já tínhamos verificado (antes da ida para Portugal) que a Baixinha tinha de preencher um longo formulário baixado da Internet e providenciar um monte de anexos comprovando uma porção de coisas, principalmente condição financeira para manter-se na Austrália durante o tempo de permanência lá. E toca a imprimir declaração de Imposto de Renda, limites de cartões de crédito, de cartões de débito, extratos bancários de contas correntes, investimentos. O scambau.
A tudo isso, junta-se o passaporte, uma foto, coloca-se o conjunto em um envelope e manda-se o cartapácio para a embaixada da Austrália, em Brasília, para ser analisado.
Caso o visto seja aprovado, volta o passaporte com o selo de autorização, em envelope previamente pago pelo pretendente.
Tudo providenciado em relação à Baixinha, fui tratar de pedir meu visto. Com passaporte português.
Preenche-se um formulário on line, basicamente com a informação do número do passaporte e sua data de validade.
Pronto. Está concedido o visto.
Há cidadãos e cidadãos.
Só que nós, os brasileiros, parece que não nos damos conta de que somos cidadãos de quinta categoria.
E viva o carnaval.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Coisas de Espanha
Há pouco tempo, renovamos – a Baixinha e eu – nossas Carteiras de Habilitação Internacional. Estranhamos o fato de as duas virem compostas por formulários diferentes. Como foram obtidas em lugares distintos, não demos a isso maior importância.
Isso foi antes de irmos a Portugal. Como sempre, não fomos abordados por policiais nem agentes de trânsito em lugar algum.
Sexta, 24, partimos de Bragança para Madrid. Ao tentar chegar ao hotel, descobri que uma conversão à esquerda, que antes era permitida, agora fora proibida. Comecei a dar voltas e voltas para tentar chegar ao hotel por outro caminho. Em meio a essas tentativas quase entro em uma rua de mão contrária à direção em que íamos. Dois agentes de trânsito, com seus coletes amarelos, mandaram que parássemos.
Começou a ladainha:
- Documentos.
Quem conduzia o carro era eu, mas as Carteiras - minha e da Baixinha - estavam ambas guardadas no mesmo plástico e foram parar nas mãos dos eficientes agentes.
Disse-me um deles:
- Sua Carteira está correta. Mas a de sua mulher não é válida.
Não dei – a princípio – importância maior àquilo. Afinal, ela não estava dirigindo o veículo.
Mas, como aprendi com meu mestre Newton da Costa, não há uma lógica. Há várias. A rigor, infinitas. Bom, não exageremos: digamos que há tantas lógicas quanto chineses.
- Vamos ter de reter a Carteira de sua mulher.
- !?!? (procurei dar sotaque espanhol a essa perplexidade)
- Então, forneça-me ao menos um termo de retenção do documento. Ou indique-nos em que local podemos solicitar sua devolução.
- Não. Apenas vamos ficar com ele. Um documento inválido pode ser mal utilizado.
Claro que disseram isso porque não conhecem a Baixinha. A dita cuja postou-se ao lado do agente que segurava sua Carteira e sentenciou:
- Sem meu documento não saio daqui.
Sai não sai, retém não retém, a Baixinha propôs uma saída para o dilema:
- Pelo menos rasurem todos os meus dados.
O agente topou.
Armou-se de uma caneta e começou a rabiscar tudo.
A Baixinha fazia o papel de crítica de arte:
- Aqui. Rabisque mais aqui. Isso. Um pouco mais. Bom. Bom.
Feitas as pazes com os nobres defensores da lei, até nos ensinaram o caminho ao hotel. Que – diga-se – incluía a conversão à esquerda proibida. E que eu evitara. Dessa vez virei à esquerda. Afinal, orientados estávamos por zelosos servidores da ordem pública.
No hotel, perguntamos se tudo isso fazia parte da ordem natural das coisas, em Espanha.
Não. Não parecia ser muito adequado, o comportamento dos agentes. Procurem a Polícia.
É pra já.
Já na delegacia, os policiais também estranharam tudo aquilo.
Munido de um mapa de Madrid, consegui localizar a praça em que fomos parados. O policial nos pediu que esperássemos um pouco.
Vinte minutos depois – AhAh – lá vêm os dois zelosos agentes do Bem em suas bicicletas, chamados que foram a apresentar suas razões na delegacia de Polícia.
Explicaram que acharam tudo muito estranho: eu, por exemplo, no afã de satisfazê-los em sua ânsia por documentos, lhes mostrara meus passaportes brasileiro e português, meu RG brasileiro, meu BI português. Muito documento. Tudo muy sospechoso.
E foi pra lá de franco: se fosse um casal jovem, chamariam a Polícia e nós seríamos presos (e mostrava as mãos unidas pelas algemas). Mas, dada nossa aparência, intuíram tratar-se de gente boa. Só um pouco exagerada em matéria de documentos.
Resumo: ficamos sem a Carteira da Baixinha e fomos chamados de velhos.
Mas os guapos agentes da Lei vão pensar três vezes antes de perturbarem a paz de velhinhos brasileños.
Devem perguntar-se, até agora, como foram localizados se foram eles a nos ensinarem o caminho.
Coisas de Portugal
Estávamos a beber uns finos em um boteco de Bragança, a Baixinha e eu.
Um garoto que acompanhava o pai foi se chegando à nossa mesa, nitidamente a querer prosa.
Não me fiz de rogado.
- Quantos anos tens?
- 8 anos.
- Então já estudas. Tens aulas de Português?
- Sim, respondeu o menino, sem nenhum entusiasmo pelo assunto e de olho na chave do carro, largada sobre a mesa.
Foi a vez de ele perguntar:
- Qual é o teu carro?
Como o lugar fosse todo composto de grandes janelas de vidro, bastou-me apontar para a rua:
- É aquele.
O puto olhou, e disparou:
- Ah. Um Toyota.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Bragança - 360 graus
Ainda não é desta vez que mostro à minha mana as fotos do centro de Bragança em toda sua atividade. Já as tenho. Mas virão a seu tempo.
Por hora, mostro as nove fotos que tirei do alto do Hotel Turismo São Lázaro, no qual estamos hospedados (só até amanhã, que já voltamos a Madrid).
Esse Hotel fica na parte nordeste de Bragança (que por sua vez é a capital do distrito nordestino de Portugal), junto à IP-4, estrada que passa acima de Bragança. Tirei as fotos de modo a dar a volta completa ao Hotel. Trata-se de setor já periférico da cidade. Acima da IP-4 pode-se quase dizer que já se está fora da cidade.
As fotos têm partes comuns, para que se perceba a continuidade delas. Vamos no sentido horário, a partir do setor mais a nordeste.
Vejam:
terça-feira, 21 de agosto de 2007
domingo, 19 de agosto de 2007
Vinde comer a Passos
A idéia foi da Baixinha. Saiu a fotografar frutas, verduras, tubérculos e vai por aí. E, no final das contas, gerou este post.
Vejam o que há para comer em Passos (entre outras coisas mais):
Cebolas:
Tomates:
Pimentões:
Couves e Repolhos:
Couves são as esverdeadas:
Repolhos são os azulados:
Cabaças (abóboras):
E agora, as sobremesas:
Castanhas:
Maçãs:
e Peras:
Água na boca? Vinde a Passos.
Há muito, muito mais.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Festa em Passos
Os que costumam freqüentar este Bazar sabem que não sou lá muito chegado a religiões. Para ir direto ao ponto, sou ateu. Já houve época em que me dizia agnóstico. Mais recentemente cheguei à conclusão de que isso de agnóstico é dar muita importância à coisa. É mais fácil ser ateu e pronto.
Mesmo assim, fiquei feliz ao saber que ainda na minha geração produziram-se dogmas. Eu sempre pensei que essa coisa de milagres, dogmas, enfim, marcos realmente importantes da vida religiosa, tais como multiplicar pães e peixes, transformar água em vinho etc, era coisa de tempos passados. Pois hoje, depois de saber tratar-se – o dia 15 de agosto – de feriado nacional em Portugal, fui informar-me a respeito. Pois não é que fiquei sabendo que nos primeiros séculos da era cristã dizia-se de Maria que ela tinha dormido, não morrido.
Lá pelo século VIII, já que quem conta um conto aumenta um ponto, passou-se a dizer que Maria subira aos céus, de corpo e alma. Estava estabelecida a Assunção de Nossa Senhora. Pois bem, só em novembro de 1.950, quando eu já me preparava para freqüentar os bancos escolares, o Papa Pio XII resolveu transformar a história em dogma. Pronto. Maria subiu de corpo e alma aos céus e não se fala mais no assunto.
Toda essa conversa mole pra dizer que domingo, 12 de agosto, foi festa de algum(a) santo(a) em Passos.
Nunca vi tanta gente em minha aldeia.
Missa, procissão, comemorações completas.
Contudo, o grande furor do dia foi o novo Café.
De propriedade de Otavio Marcelo, a nova sensação de Passos foi prestigiada pelos irmãos de Otávio, Marciano e Isaías. (este post ameaça transformar-se em programa do Amaury Jr.)
Um montão de gente foi lá, tomar café ou saborear um fino (chopp), além de – claro – jogar conversa fora. Quase não havia mais lugar pra tanto automóvel.
Enquanto isso, crescem as uvas.
domingo, 12 de agosto de 2007
Salamanca e espirros
A viagem de Guarulhos a Madrid foi excelente. O avião saiu no horário (o que, no Brasil, hoje em dia, já é um milagre). Quase nenhuma turbulência. A Baixinha dormiu cinco horas seguidas, como pedra. Eu, dei minhas cochiladas.
De manhã cedo (em Madrid, 7 da manhã; no nosso organismo, 2 da madrugada), pegamos o carro alugado e rumamos para Salamanca. Era pra ser um Peugeot 307, mas nos deram um Toyota com cara de Rolls Royce. Coisas de japonês. Aliás, coisa de asiáticos. Eles vêem um carro que acham bonito, vão e fazem melhor e com o mesmo jeitão. Pra dar uma idéia, o Toyota já rodou de Madrid a Salamanca, daí para Bragança e não usou nem meio tanque (diesel). Deve usar ar de vez em quando, pra economizar combustível.
Mas vamos devagar com o andor. Vamos falar de Salamanca. Já na saída do aeroporto a Baixinha começou a espirrar. A crise de espirros só fez aumentar ao longo do caminho. Paramos algumas vezes em lugarejos à beira da estrada para comprar mais lenços de papel e qualquer remédio que servisse pra diminuir a malfadada crise. Aprendi, com isso, que dono de farmácia, na Espanha, é como dono de farmácia no Brasil. Receita com a maior tranqüilidade, sempre garantindo sucesso absoluto.
Já em Salamanca, fomos almoçar antes que todos os restaurantes fechassem. Não fomos felizes. Serviram-nos um Cogote de Merluza na grelha. Veio um tanto cru. Se o peixe soubesse falar, teria falado.
Como a crise de espirros da Baixinha continuava tão intensa quanto a crise do Renan no Senado, fomos para o Hotel dormir um pouco. Antes, passamos na Plaza Mayor (praça que parece que toda cidade espanhola tem).
Estava quase vazia, como você pode constatar pelas poucas fotos que consegui tirar durante o dia:
Parcialmente refeitos do fuso horário e – principalmente – dos espirros da Baixinha, fomos jantar no El Zaguán. Desta vez a sorte ficou do nosso lado. Refeição impecável.
Íamos voltar pro hotel quando percebemos que pequenas multidões nem pensavam em dormir. Partimos, então para a Plaza Mayor.
Fantástico.
Pessoas, muitas pessoas, sentadas no chão, nos bancos, conversando, tomando sorvete, curtindo o verão.
No verão, tanto em Espanha quanto em Portugal, pouco se dorme.
E é impossível não dizer: há uns quarenta anos atrás, pouco mais, pouco menos, a Espanha era uma droga. Brincava-se que Portugal e Espanha eram os países mais avançados de África. De lá para cá, os espanhóis resolveram valorizar-se. Reinventaram o país. Hoje, a Espanha é maravilhosa. Os espanhóis têm um padrão de vida invejável.
Se o Brasil tomasse vergonha na cara e começasse a mudar, quem sabe daqui a uns quarenta anos não seria um lugar maravilhoso. Quem sabe.
Amanhã, vamos falar sobre Bragança. Se as festas de Passos deixarem.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Para carregar baterias
Começa agosto. Dia 9, quinta da semana próxima, lá vamos, a Baixinha e eu, recarregar baterias. Destino: Bragança. Chegada a Madrid, dia 10, uma paradinha em Salamanca, para um primeiro contato com a cidade. Dia 11, imersão na terrinha. Já não é sem tempo. A energia está quase esgotada.
Pena que seja só até dia 25, quando voltaremos a Madrid para voar de volta a São Paulo.
Minha irmã mais velha comentou que não entendia como nós podíamos gostar de lugares tão desertos. Por isso, vou fotografar Bragança de modo a mostrar a ela que a cidade é linda e dotada de tudo aquilo de que necessita uma cidade decente.
Por enquanto, fica o esperar pela festa que - como diz o ditado - é o melhor. Será?
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