sexta-feira, 30 de junho de 2006

Médicos e spirits


Hoje fui ao Dr.Mistrorigo.
Gostaria de ter alguma doencinha, vez em quando, para ter uma justificativa de conversar com ele.
É um médico como já não se faz.
Quando casou, fez uma viagem à França – em lua-de-mel – em navio que demorava 16 dias na travessia do Atlântico. Logo de cara, percebeu que no mesmo navio viajavam Vinicius de Moraes e Pablo Neruda. Pensou:
- Vou bater altos papos com eles.
Ledo engano. Eles bebiam tanto que não estavam nunca disponíveis para um papo.
Em especial Neruda ficava em uma cabine vizinha à de Mistrorigo. Todo dia, pela manhã, Mistrorigo constatava uma garrafa de whisky descartada, à porta.
Quando chegaram à França, Neruda saiu do navio em maca, com crise de gota.
Mas, como bem lembrou Dr. Mistrorigo, não fosse todo esse whisky, talvez não houvesse toda a produção literária que se conhece, desses dois poetas.
De minha parte, cuido em ingerir altas quantidades de destilados. Mistrorigo quis saber quais. Detalhei: cachaça, grappa, bagaceira, vodka, gim, whisky, steinhäger, sakê etc.
Falta a poesia.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Linguagens da Copa


No Brasil é:
Oitavas de final
Quartas de final
Semi-finais
Final

Em Portugal:
Oitavos de final
Quartos de final
Meias finais
Final

Quer dizer: no Final, a gente concorda.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Agora chega de trocadilho


Passado o jogo Brasil x Gana, espero que parem os trocadilhos com o nome do país adversário. Afinal, eles voltarão pra casa. E há outras formas de fazer graça.
Chega de dizer que a vitória foi enganosa, que não jogamos com gana, coisas assim.
Pelamordedeus.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Apesar do Filipão


Sofri um bocado, ontem.
Durante o jogo, por motivos óbvios. E depois, por constatar que a imprensa (pelo menos a brasileira) atribui a vitória ao Scolari.
Não vou discutir os méritos do Filipão no trabalho de formação da equipe portuguesa. Pode ser que sejam muitos.
Agora: durante o jogo, ele foi um desastre.
Já não basta insistir em fazer do Costinha titular. Mas depois do dito cujo fazer falta violenta logo no início e reincidir pouco depois, tendo o juiz russo deixado claro que na primeira oportunidade o colocaria fora do jogo, qual era a elementar obrigação do Scolari?
Trocar o Costinha, óbvio. Até eu percebi isso na hora.
Sabe-se lá por que cargas d’água, Filipão não fez o que devia fazer. O resto todo mundo já sabe.
Agora, que venha a Inglaterra.
E que o Filipão não atrapalhe.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Lições da Copa


Entendo pouco de futebol. Mas às vezes aprendo alguma coisa. Por exemplo, o técnico Parreira ensinou – certa vez – que o gol é um detalhe.
Agora nesta etapa da Copa 2006, aprofundei meu conhecimento. Uma rápida análise dos jogos mostrou-me que os técnicos têm horror a gol. Basta um jogador fazer gol, pronto: eles o substituem.

Veja se não tenho alguma razão:

Alemanha 4 x 2 Costa Rica

Klose marcou dois gols e foi substituído.

Equador 2 x 0 Polônia

Tenório e Delgado marcaram os gols e foram substituídos.

Equador 3 x 0 Costa Rica

Tenório insistiu em fazer gol. Foi substituído.

Polônia 2 x 1 Costa Rica

Ronald Gómez fez o gol da Costa Rica. Saiu.

Alemanha 3 x 0 Equador

Klose fez dois gols. Substituído.

Inglaterra 1 x 0 Paraguai

Gamarra fez gol contra. Ficou até o fim.

Paraguai 2 x 0 Trinidad e Tobago

Sancho (T & T) fez contra. Ficou até o fim.

Inglaterra 2 x 2 Suécia

Allbäck (Suécia) marcou. Saiu.

Argentina 2 x 1 Costa do Marfim

Crespo e Saviola marcaram. Foram ambos substituídos.

Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro

Maxi Rodriguez fez dois gols. Saiu.

Holanda 2 x 1 Costa do Marfim

Bakari Kone, que fez o único gol de Costa do Marfim, foi tirado do time.
Van Nistelrooy, que fez o gol da vitória da Holanda, também foi substituído.

Costa do Marfim 3 x 2 Sérvia e Montenegro

Zigic fez um dos gols de S & M. Foi substituído.

Portugal 2 x 0 Irã

Deco fez gol e saiu.

República Tcheca 3 x 0 Estados Unidos

Rosicky e Koller fizeram os três gols e saíram.

(o time aprendeu a lição. Nos demais jogos não fez mais nenhum gol)

Itália 2 x 0 Gana

Iaquinta fez gol e saiu.

Gana 2 x 0 República Tcheca

Asamoah fez um dos gols e foi substituído.

Gana 2 x 1 Estados Unidos

Draman fez o primeiro gol de Gana. Adivinha. Isso mesmo. Saiu.

Brasil 2 x 0 Austrália

Adriano fez o primeiro. Substituído.

Espanha 4 x 0 Ucrânia

Xabi Alonso e Villa (2) marcaram três dos quatro gols. Foram embora mais cedo.

Ucrânia 1 x 0 Tunísia

Shevchenko fez o gol e tchau.

Viu só?

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Dilema


Gostaria (lá venho eu com meus desejos) que Brasil e Portugal fizessem a final da Copa. Claro: seria a forma de eu ser campeão por antecipação. Certo?
Acontece que pra isso ser possível o Brasil tem de perder do Japão hoje (além da Austrália ganhar da Croácia e ainda dependendo de saldo de gols etc etc).
Não consigo me imaginar torcendo pelo Japão, contra o Brasil.
Como diria Lênin, Que fazer?

terça-feira, 20 de junho de 2006

Notícias escatológicas (I)


Hoje de manhã, a caminho do trabalho, rádio do carro sintonizado na rádio CBN. No ar, o papo diário entre Heródoto Barbeiro, o apresentador do jornal matinal, e os jornalistas Xexéo e Carlos Heitor Cony, que participam via celular.
Conversa vai, conversa vem, ouve-se – quase ao final – o inconfundível barulho de descarga de vaso sanitário.
Não sei quem teve a lúcida iniciativa de mandar a conversa pro devido lugar.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Que sorte o Brasil tem


O Brasil é um país de sorte. E não só no futebol. Na política também.
Veja se não tenho razão.
Em 1.984, reuniu-se um Colégio Eleitoral para escolher entre Tancredo Neves (oposição) e Paulo Maluf (situação).
Todos sabem que Tancredo foi o escolhido.
Agora: imaginem só o que teria acontecido se Maluf tivesse sido eleito.
Logo depois de um desastroso governo, em que lançaria planos econômicos estapafúrdios (Plano Furado, Plano Furado II etc), conseguiria eleger um sucessor aventureiro (assim como o fez na Prefeitura de São Paulo, quando conseguiu emplacar o Pitta como sucessor).
Esse sucessor, provavelmente, quereria para si todo o butim. Seria, então, impedido pelo Congresso, já que todos são filhos de deus e precisam também de algum.
Assumiria em seu lugar algum obscuro vice. Mineiro, de preferência.
Cansados de tanta inépcia, os brasileiros entregariam então o poder a algum intelectual eminente. O dito cujo, do alto de sua sapiência, promoveria privatizações que ficariam conhecidas como privataria, dadas suas características de dilapidação do patrimônio público sem benefício correspondente.
Cansados de tanta competência (em benefício próprio, é verdade, mas who cares?), os incansáveis brasileiros mudariam de idéia: entregariam então o poder a um analfabeto.
E a lambança continuaria.
Mas, como todos sabem, nada disso aconteceu. O eleito foi o Tancredo.
Sorte nossa.

sábado, 10 de junho de 2006

Lembranças de Santos


Na verdade, lembranças da vida em família.

A casa era alta. Eu tinha de gritar para ser ouvido

Foi nessa casa que vivi meus últimos anos em uma família na qual eu não era o pai.
Ao contrário. Era o caçula, o escravo. Qualquer coisa: Beto, vai comprar isso, vai comprar aquilo. Beto, engraxa os sapatos do pai. Beto, sei lá.
Como era bom (e também não, não sejamos maniqueístas).
Vai daí, um dia minha irmã mais velha (ela vai me matar, quando vir que contei essa história aqui) estava menstruada. E faltava absorvente em casa.
Pronto. Tinha de ser o Beto.
Beto! Vai na farmácia comprar Modess. Mas, veja lá. Discreto. Chega junto do farmacêutico e pede baixinho.
Tudo bem. Lá foi o Beto.
Daqui a pouco volta. Lá da calçada grita pela irmã.
Ela aparece naquela sacada lá de cima.
- O farmacêutico disse que não tem Modess. Serve Miss?
A vizinhança toda ficou inteirada do que ocorria.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

A comemoração

Parabéns!

Para comemorar o aniversário dela, fomos a Santos. Afinal, ambos nascemos lá.
Visitamos o centro histórico. Muito bem conservado.
A Bolsa de Café, outrora centro da riqueza do País. Prédio suntuoso, comme il faut.
Prédios antigos.
Não podia faltar a Praça Mauá, coração de Santos.
Depois a praia.
Prédios tortos. (é que eu sou um péssimo fotógrafo e não consigo passar para o leitor o quanto esses prédios estão tortos. Então pus umas setas pra ressaltar. Leve em consideração que a mureta com grade, em frente ao prédio, é que é a referência horizontal. Observe as setas à esquerda e à direita)
A casa em que ela nasceu. Era linda. Não é mais.
A última casa dela em Santos.
Minha última casa em Santos (quando eu morava lá, ela não era horrorosamente verde, assim como está).

Recordar, rever, é bom.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

E deus criou a mulher


Pelo menos a minha foi criada no dia de hoje, há alguns anos. Iremos a Santos (afinal ambos nascemos lá) almoçar e curtir a data.
À meia-noite, estávamos no Genésio, Vila Madalena. Cantamos parabéns pra ela. Ordisi, Branco, as respectivas e eu.
Que a vida continue linda, amor.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Blogue com moderação


Hoje não vou postar nada. Saí para encontrar-me com Ordisi Raluz e Branco Leone. As respectivas estarão presentes.
O que é certo: tomaremos umas cachaças, uns choppinhos, comeremos uns bolinhos de carne, coisas assim.
Deus sabe o que mais virá.

Inutílcias


Por que os assassinos irmãos Cravinhos estão presos e a assassina Suzane está solta?
Porque a Suzane é Richthofen.
E os irmãos Cravinhos são Poorthofen.

terça-feira, 6 de junho de 2006

sábado, 3 de junho de 2006

Direito de não ficar doente


Meu cunhado foi quem me chamou a atenção para isso: a Constituição cidadã, de 1.988, não dá direito a assistência médica. Dá direito a saúde.
Daí o s-tevao:

CLIQUE

sexta-feira, 2 de junho de 2006

O livro e o blog


O livro tem uma, digamos, materialidade que o blog não tem. Tem peso, volume, cheiro. Principalmente cheiro. Que delícia, o cheiro de livros.
Certo. Isso, pra mim, é vantagem.
Há outras, claro.
Mas, na relação com o leitor, o livro é a prostituta.
Você vai ao bordel, melhor, à livraria, escolhe nas prateleiras um livro, paga por ele e o leva embora. Embora o leve, nem sempre o lê. Utiliza-se dele a seu bel prazer (eu sabia que um dia ainda conseguiria encaixar esse bel prazer em algum texto), depois o deixa em uma estante do escritório de sua casa. Ou, pior, relega o coitadinho a algum sebo empoeirado, desses do centro da cidade.
O blog não.
O blog você conhece por meio de algum amigo ou amiga que o recomenda. Ou por meio do Google, o que vem a dar no mesmo. O Google é o melhor amigo do homem na Internet. Parodiando o poetinha, o Google é o cachorro informatizado.
Estabelecido o contato, que é grátis (claro que para encontrá-lo você pagou um sistema qualquer de banda larga ou de linha discada, pagou um provedor etc e tal. Mas para encontrar-se com uma pessoa que seja um potencial relacionamento amoroso você sempre gasta algum), tudo pode acontecer: insatisfação total ou amor à leitura dos primeiros posts.
Se o caso for o último, estabelece-se uma relação duradoura. Quase todo dia você vai querer dar uma espiadinha no blog, fazer um comentário.
Aliás, essa é outra diferença fundamental. No livro, você pode, claro, escrever para o autor (se ele for vivo), por carta ou por e-mail. Mas é algo meio fora do padrão. E, além disso, algo do tipo one of a kind. Você não vai ficar a escrever ao autor toda semana.
No blog, tudo é diferente. Você pode fazer comentários todos os dias. Alguns leitores chegam a enlouquecer o blogueiro, com seus comentários. Tudo normal, aceitável.
O blog é amante. O blog é paixão, amor, relação que dura – pelo menos – mais que o tempo de uma única leitura de final de semana.
Do livro você guarda a sensação da leitura única. Essa será a que vai perdurar pelo resto da vida. A menos de uma releitura, ficção que costuma só existir em textos de críticos literários.
Do blog não. Dele você terá sensações diferentes a cada dia, mixed feelings cambiantes, com o passar do tempo. Tal como em uma relação amorosa.
Meu amigo Zezinho, do alto de sua vasta experiência, costumava dizer que a prostituição jamais acabaria. Talvez, do mesmo modo, os livros não acabem.
Mas o tempo é dos blogs.