II - Sexo (ou quase)
Ainda lá pelos catorze ou quinze anos (algo assim) tive minhas primeiras possibilidades concretas de iniciar uma vida sexual completa, barba e cabelo.
Meus pais, dotados de uma ingenuidade que – hoje – me aparece como alarmante, até, contrataram uma empregada que tinha quase todas as características de uma dama da noite. O quase vai por conta de que não havia nenhum letreiro na testa dela que piscasse, luminoso: PUTA, PUTA, PUTA.
Para completar o cenário, costumavam sair à noite e me deixar acompanhado da moçoila, nós dois, ambos os dois, totalmente ao sabor dos ventos. Ela, desinibida, punha um disco na vitrola (sim, era o tempo da vitrola). Esticava-se langüidamente em um sofá, saia curta e apertada, blusinha sumária, abria as pernas o mais que a justa saia permitia e orientava a abertura na direção do meu olhar.
E que olhar. Entre desejoso e apavorado, ficava eu na dúvida entre atacá-la e correr o risco das chamas do inferno, ou conter-me e sobreviver.
Claro que sobrevivi. Arrependido até a medula, mas sobrevivi.
Fui perder a virgindade só aos vinte e um anos (depois que acabarem de rir, volto pra conversar mais um pouco).
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