sábado, 11 de junho de 2005

Torre de Babel


Ano: 1.961 (depois de C): entro no restaurante/bar da avenida Ipiranga, perto da esquina com a São João (esquina que já existia muito antes do Caetano Veloso). Almoço e, por fim, quero um sorvete. Peço um sândei. O garçom me olha com cara de I-beg-your-pardon. Olho em volta, à procura de ajuda. Vejo um adesivo na parede, foto do sundae.

Delícia
Aponto o adesivo. E o garçom:
- Ah. Você quer um sundái.
Algumas semanas depois, mesmo lugar. Quero sundae de sobremesa.
- Garçom, me vê um sundái, simplifico eu.
O cara me olha com total desprezo e pontifica:
- Ah, você quer um sândei.

***

Na empresa de engenharia em que trabalhava, anos 70, emprestam um desenhista pro meu setor. Ele estava sem serviço na área dele. Eu precisava alimentar o computador com uma série de números para calcular já-não-sei-mais-o-quê. Computador assim, em time sharing, com terminais espalhados pela empresa, era novidade absoluta.
O desenhista vem para me ajudar. Procuro explicar a ele que, logo que fizer o log in, preciso dar run no programa e, aí, poderemos entrar com os dados no data base. Passo a ele a tabela que ele deverá me ditar para que eu a digite. O primeiro número é 55.
Logo que ponho o programa a rodar, peço que ele me dite os números da tabela. E ele, não querendo ficar pra trás, com tanto inglês na jogada, diz, solene:
- Fifty five.
É claro que o apelido pegou. Não sei o nome dele. Era só o fifty five.

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