segunda-feira, 20 de junho de 2005

A Coisa


Estava distraído. Mas percebi que o papel higiênico acabara. E percebi a tempo. Sorte minha. O que me chamou a atenção foi que haviam deixado bem visível o...

Qual o nome disto?
O... o quê?
Pensei que deveria haver um nome para isso. Afinal, o que se espera de uma linguagem é que ela contenha nomes específicos para cada entidade específica. Além, claro, de nomes para espécies, coletividades etc etc.
Lembrei logo de Gilberto Freyre, que em Casa Grande & Senzala anota o hábito brasileiro de chamar qualquer vegetal de mato e qualquer animal de bicho. Para ele, isso resulta da quase infinita exuberância de nossa natureza tropical.
Lembrei, em seguida, de José Carlos Barros, o poeta de Boticas, que fala em tílias e urze, colmos e giesta negral.
Não disponho de tal vocabulário. Visto está que não é culpa da língua. Tudo advém de minha composição urbana, absolutamente citadina.
Agora, cá entre nós: há algo mais urbe que um rolo de papel higiênico? Certo que não. Portanto, eu – habitante típico de burgos – deveria saber o nome de seu núcleo.
Pois é. Nossa familiaridade com os rolos de papel higiênico nos obriga a conhecê-los em todos os seus aspectos, detalhes. E sua utilização continuada nos leva a seu miolo, seu cerne. Como se chama essa coisa?
Cilindro higiênico?
Não.
Sustentáculo do papelório? Decididamente, não.
Canudo-indicador-de-fim-de-linha? Sem comentários.
Sugestões, se faz favor.

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