domingo, 12 de junho de 2005

Mexe mexe


Acabo de ver entrevista de Jorge Ben Jor a Chico Pinheiro, na Globonews. Me impressionou a informação de Jorge: diz ele que mora até hoje no mesmo lugar do Rio de Janeiro em que morava quando começou sua carreira. Não sei se foi força de expressão. De qualquer jeito, isso acionou em mim uma porção de lembranças. Primeiro, lembrei da entrevista a que assisti, no início dos anos 60. Um tal de Jorge Ben foi entrevistado por Silveira Sampaio. Era, salvo engano, a primeira aparição de Jorge em TV. Cantou Mais que nada e Chove chuva. De lá pra cá, não parou de produzir música. Chamou o síndico, aconselhou a tia Léa a não ir de helicóptero, inventou o Patropi, cantou os gols de um Fio ingrato, que o processou em busca de ‘direitos de imagem’, esquecido de que a imagem dele foi criada por Jorge (a música Fio maravilha teve de transformar-se em Filho maravilha), enalteceu Charles, o Anjo 45.
Agora, sua música ‘de trabalho’ é Mexe mexe.

Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum)
Vale a pena? Não, não vale a pena porque não há pena. Há, como sempre, liberdade, alegria, deslumbramento. Propõe que você se mexa. Nada de parar. Quem pára, apodrece. Vê se te mexe.
E volto à questão de Jorge continuar a morar no mesmo lugar de sempre. É claro, no caso dele, que isso não diz muito. Jorge é cidadão do mundo (Mais que nada é a música brasileira com maior número de gravações no exterior, umas duzentas. E eu, que pensava que era Garota de Ipanema). Mas lembrei dos meus tempos de Santos. Tinha um amigo de infância – o Luiz Carlos. Éramos inseparáveis. Desde muito pequenos, tínhamos namoradas definidas. Quando brincávamos com nossos carrinhos, imaginávamos que íamos visitar as respectivas namoradas. A imaginação voava. Pois bem. Minha vida deu mil piruetas. Fui jogado pelo destino de lá pra cá, de cá pra lá. Luiz Carlos não. Ficou em Santos. Construiu sua vida lá. Casou-se com aquela namoradinha dos tempos de infância. Teve filhos com ela. Enfim, virou árvore, enraizou-se.
Por muito tempo, confesso que desprezei essa postura vegetal de certas pessoas. Achava que viviam de modo muito provinciano, acomodado.
Hoje, entendo que há árvores e pássaros. Todos necessários ao (perdão pela má palavra) equilíbrio ecológico.

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