Até que me convençam
do contrário, penso que a melhor tradução para o paralelismo tipo
Jano, de que falei antes, vem a ser a que utiliza os dois
significados da “palavra Jano”, a palavra de duplo sentido que
dificulta a versão do hebraico para outras línguas.
Assim, uma sugestão
que dou para traduzir Gênesis 49:26 (parte) é a seguinte:
As bençãos de
teu pai excedem as bençãos de meus pais
Tal como as
montanhas eternas excedem o cume das colinas antigas.
Emprego nessa tradução
tanto “meus pais” quanto “montanhas eternas”, os dois
significados que a palavra hebraica “horái” tem. No texto
original essa palavra aparece apenas uma vez, conferindo ao texto uma
ambiguidade que não se deixa transportar para outra língua.
O “tal como” que
usei como ligação entre as duas partes pode bem ser substituído
por outro elo equivalente. Ou pode mesmo ser omitido, ficando a
ligação implícita.
Por fim, usei a
tradução “cume de” para o hebraico “taavát”. A melhor
tradução é mesmo “desejo de”, “aspiração de”. Mas o
dicionário BDB (hebraico-inglês) admite que se traduza “taavát”
por “boundary”, ou seja “fronteira”, “limite”, "extremidade”. Já que se trata de colinas, preferi usar logo “cume
de”.
A tradução deixa de
lado a literalidade em prol da clareza.