segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Meritória e inútil

Acho oportuno, nesse final do décimo terceiro ano (ou, como preferem alguns, décimo quarto) do século XXI, trazer uma palavra de moderação aos brasileiros deslumbrados pelos resultados da Ação Penal 470, para os íntimos mensalão.



A prisão de alguns figurões dos mundos político e financeiro em terras tupiniquins não nos deve fazer esquecer que não há virgens na zona.
E que a corrupção é componente do caráter nacional tão antiga quanto as caravelas de Cabral.

A propósito, cito abaixo uma descrição desse caldo moral em toda a Colônia na segunda metade do século XVII:

A pronunciada queda dos réditos de Pernambuco, que tanto alarmava a coroa, era em grande parte motivada pela desbragada corrupção que lavrava nos altos escalões administrativos da Colônia. Governadores, magistrados, oficiais das câmaras e outros funcionários se apropriavam regular e impunemente das rendas da coroa. As devassas ordenadas pelas autoridades de Lisboa invariavelmente davam em nada. Isso, por exemplo, o que aconteceu com a missão atribuída pela coroa em 1667 ao desembargador João de Góis e Araújo. Em Pernambuco, na Bahia e no Rio o magistrado tentou em vão reunir provas contra os peculatórios
(in Décio Freitas, Palmares - A Guerra dos Escravos, 2ª edição, 1978, Edições Graal. página 92)

Portanto, José Dirceu e seu partido apenas seguiram a tradição.

A denodada luta de muitos pela moralização do exercício da função pública é tão meritória quanto inútil.
A melhoria do nível de lhaneza no trato da coisa pública virá mais da evolução dos sistemas informáticos na administração do que de perorações moralistas.

1 comentário:

Alberto disse...

teste de ratoeira