Toda gente sabe que a Rede Globo de comunicação é um dos satanases da esquerda brasileira.
Aliás, o inferno da Sinistra é bastante povoado. Mas fiquemos na Rede Globo.
Durante anos eu nem tinha TV em casa.
Chegava ao trabalho na segunda-feira e - invariavelmente - ouvia de colegas:
- Viste o Fantástico de ontem?
E lá ia eu a reafirmar que não tinha TV em casa. Mas era inútil. A cena se repetia a cada semana.
Mas meu contacto com a TV Globo surgiu mesmo foi no Presídio Tiradentes. Quando lá cheguei, ao Pavilhão 2, cela 12, havia um aparelho de TV que circulava pelas celas do pavilhão 2. Um dia em cada cela.
Eu não entendia a excitação de alguns companheiros quando se aproximava o dia de o aparelho mágico vir para nossa cela.
- Vamos poder ver o Jornal Nacional!
E eu perguntava:
- Que diabo de Jornal Nacional é esse?
E todos se espantavam. Eu não sabia o que era o Jornal Nacional!
Alguns membros da esquerda, hoje em dia, se tivessem vivido alguns tempinhos no Tiradentes, talvez não mantivessem o ardor revolucionário que hoje ostentam.
Teriam conhecido um bocadinho mais de perto a turminha que hoje dirige o país.
E talvez não tivessem tanto sentimento de culpa...
Feliz 2.014 para todos!
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Meritória e inútil
Acho oportuno, nesse final do décimo terceiro ano (ou, como preferem alguns, décimo quarto) do século XXI, trazer uma palavra de moderação aos brasileiros deslumbrados pelos resultados da Ação Penal 470, para os íntimos mensalão.
A prisão de alguns figurões dos mundos político e financeiro em terras tupiniquins não nos deve fazer esquecer que não há virgens na zona.
E que a corrupção é componente do caráter nacional tão antiga quanto as caravelas de Cabral.
A propósito, cito abaixo uma descrição desse caldo moral em toda a Colônia na segunda metade do século XVII:
A pronunciada queda dos réditos de Pernambuco, que tanto alarmava a coroa, era em grande parte motivada pela desbragada corrupção que lavrava nos altos escalões administrativos da Colônia. Governadores, magistrados, oficiais das câmaras e outros funcionários se apropriavam regular e impunemente das rendas da coroa. As devassas ordenadas pelas autoridades de Lisboa invariavelmente davam em nada. Isso, por exemplo, o que aconteceu com a missão atribuída pela coroa em 1667 ao desembargador João de Góis e Araújo. Em Pernambuco, na Bahia e no Rio o magistrado tentou em vão reunir provas contra os peculatórios
(in Décio Freitas, Palmares - A Guerra dos Escravos, 2ª edição, 1978, Edições Graal. página 92)
Portanto, José Dirceu e seu partido apenas seguiram a tradição.
A denodada luta de muitos pela moralização do exercício da função pública é tão meritória quanto inútil.
A melhoria do nível de lhaneza no trato da coisa pública virá mais da evolução dos sistemas informáticos na administração do que de perorações moralistas.
A prisão de alguns figurões dos mundos político e financeiro em terras tupiniquins não nos deve fazer esquecer que não há virgens na zona.
E que a corrupção é componente do caráter nacional tão antiga quanto as caravelas de Cabral.
A propósito, cito abaixo uma descrição desse caldo moral em toda a Colônia na segunda metade do século XVII:
A pronunciada queda dos réditos de Pernambuco, que tanto alarmava a coroa, era em grande parte motivada pela desbragada corrupção que lavrava nos altos escalões administrativos da Colônia. Governadores, magistrados, oficiais das câmaras e outros funcionários se apropriavam regular e impunemente das rendas da coroa. As devassas ordenadas pelas autoridades de Lisboa invariavelmente davam em nada. Isso, por exemplo, o que aconteceu com a missão atribuída pela coroa em 1667 ao desembargador João de Góis e Araújo. Em Pernambuco, na Bahia e no Rio o magistrado tentou em vão reunir provas contra os peculatórios
(in Décio Freitas, Palmares - A Guerra dos Escravos, 2ª edição, 1978, Edições Graal. página 92)
Portanto, José Dirceu e seu partido apenas seguiram a tradição.
A denodada luta de muitos pela moralização do exercício da função pública é tão meritória quanto inútil.
A melhoria do nível de lhaneza no trato da coisa pública virá mais da evolução dos sistemas informáticos na administração do que de perorações moralistas.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Sonhos diferentes
Jang Song Thaek a ser retirado de reunião do Politburo
O tal "socialismo real" acaba de fornecer mais um exemplo de sua natureza.
Jang Song Thaek, que foi mentor do actual líder da Coreia do Norte, foi executado por ter, segundo a agência estatal KCNA (a imprensa livre de lá), ousado "sonhar sonhos diferentes".
Sugiro, aliás, aos ardentes defensores do governo brasileiro, que adoptem mais essa expressão desqualificadora de adversários e que foi usada contra o tal Jang: "escumalha humana desprezível". Não sei em Coreano. Mas em Português fica lindo.
E termino com diálogo entreouvido em sonhos (daqueles sonhos diferentes):
- Já comeste merda?
- Eu?! Que horror!
- Essa tua repulsa resulta de pensares na "merda real". Mas me refiro à "merda ideal". Deliciosa!
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Dia do Arquiteto
Corria o ano da graça de 1.974. Minha mulher e eu, que planeávamos ter filhos (a mais velha nasceu ao fim de 1.975), começámos a pensar em ter uma casa na qual pudéssemos educar os filhos da maneira como imaginávamos
Queríamos educar os filhos em casa, sem enviá-los à escola. Eu já desenvolvia os primeiros cursos que daríamos a eles...
Comprámos um belo terreno em Cotia, São Paulo, e procurei um arquiteto que projetasse uma casa para o terreno, a obedecer nossos critérios de como conviver em família.
Um colega de trabalho me disse que conhecia dois arquitetos arrojados, que poderiam ser úteis.
Levou-me, em um início de noite ao final do trabalho, à casa deles.
Era uma casa no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Eu estava de terno, pois fui direto do trabalho para a casa dos arquitetos.
Ao lá chegar, guiado por meu colega, fomos convidados a entrar. A casa estava mergulhada em uma névoa muito característica: era resultado de alto consumo de maconha, com seu cheiro inconfundível.
Os dois arquitetos nos receberam de modo simpático e começámos a conversar sobre o projeto.
Eles, mais do que ouvirem o que eu dizia, apegaram-se à imagem de um executivo trajado de modo formal.
Dias depois, foram à minha casa expor as ideias que haviam desenvolvido para nossa futura casa.
Haviam concebido uma habitação absolutamente convencional, adequada ao que eles imaginavam ser um executivo careta.
Passei-lhes uma descompostura. Eu lhes falara de planos heterodoxos e eles nos traziam um desenho banal?
Repeti, agora com mais ênfase, toda nossa proposta de vida. Proposta que deveria refletir-se no projeto da casa.
Espicaçados pelo desafio, voltaram no dia seguinte. Não haviam dormido aquela noite.
Trouxeram-nos um projeto fantástico, de acordo com nossa proposta de vida.
Em lugar de sala de estar, uma Ágora. Ao lado dela uma biblioteca.
Quartos todos separados por divisórias baixas. Banheiros sem portas (o que deixou em pânico nossas famílias. Não percebiam que a geometria dos ambientes oferecia privacidade mesmo sem portas...).
Aprovámos o projeto entusiasticamente.
Daí em diante os arquitetos é que quiseram radicalizar mais: queriam que fôssemos todos morar no terreno e ajudar na construção da casa.
Por outro lado, o projeto de educar os filhos fora da escola começou a ser bombardeado de todos os lados. Nossos amigos não eram simplesmente contra.. Ficavam raivosos diante da ideia.
Para um casal que acabara de passar por um período de prisão por afrontar a sociedade (sim, a ditadura era só expressão dessa sociedade) tudo isso pareceu suplantar nossas resistências.
Desistimos do projeto educacional. Nossos filhos, feliz ou infelizmente, foram para a escola pública.
Desistimos do projeto habitacional. Os arquitetos só nos deram prejuízo: montaram um escritório em imóvel alugado com meu aval. Sumiram em seguida e me deixaram encarregado de pagar três meses de aluguel para me livrar daquilo.
O terreno de Cotia transformou-se em um mico, meus filhos seguiram o curso normal de suas vidas, a estudar em escolas e a fazer nelas amizades que persistem até hoje.
Quanto aos dois arquitetos que contratei, espero que tenham longa vida e que tenham dado boas gargalhadas às custas do executivo sonhador que os sustentou - e a seus baseados - durante alguns meses.
Viva o Dia do Arquiteto!
Queríamos educar os filhos em casa, sem enviá-los à escola. Eu já desenvolvia os primeiros cursos que daríamos a eles...
Comprámos um belo terreno em Cotia, São Paulo, e procurei um arquiteto que projetasse uma casa para o terreno, a obedecer nossos critérios de como conviver em família.
Um colega de trabalho me disse que conhecia dois arquitetos arrojados, que poderiam ser úteis.
Levou-me, em um início de noite ao final do trabalho, à casa deles.
Era uma casa no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Eu estava de terno, pois fui direto do trabalho para a casa dos arquitetos.
Ao lá chegar, guiado por meu colega, fomos convidados a entrar. A casa estava mergulhada em uma névoa muito característica: era resultado de alto consumo de maconha, com seu cheiro inconfundível.
Os dois arquitetos nos receberam de modo simpático e começámos a conversar sobre o projeto.
Eles, mais do que ouvirem o que eu dizia, apegaram-se à imagem de um executivo trajado de modo formal.
Dias depois, foram à minha casa expor as ideias que haviam desenvolvido para nossa futura casa.
Haviam concebido uma habitação absolutamente convencional, adequada ao que eles imaginavam ser um executivo careta.
Passei-lhes uma descompostura. Eu lhes falara de planos heterodoxos e eles nos traziam um desenho banal?
Repeti, agora com mais ênfase, toda nossa proposta de vida. Proposta que deveria refletir-se no projeto da casa.
Espicaçados pelo desafio, voltaram no dia seguinte. Não haviam dormido aquela noite.
Trouxeram-nos um projeto fantástico, de acordo com nossa proposta de vida.
Em lugar de sala de estar, uma Ágora. Ao lado dela uma biblioteca.
Quartos todos separados por divisórias baixas. Banheiros sem portas (o que deixou em pânico nossas famílias. Não percebiam que a geometria dos ambientes oferecia privacidade mesmo sem portas...).
Aprovámos o projeto entusiasticamente.
Daí em diante os arquitetos é que quiseram radicalizar mais: queriam que fôssemos todos morar no terreno e ajudar na construção da casa.
Por outro lado, o projeto de educar os filhos fora da escola começou a ser bombardeado de todos os lados. Nossos amigos não eram simplesmente contra.. Ficavam raivosos diante da ideia.
Para um casal que acabara de passar por um período de prisão por afrontar a sociedade (sim, a ditadura era só expressão dessa sociedade) tudo isso pareceu suplantar nossas resistências.
Desistimos do projeto educacional. Nossos filhos, feliz ou infelizmente, foram para a escola pública.
Desistimos do projeto habitacional. Os arquitetos só nos deram prejuízo: montaram um escritório em imóvel alugado com meu aval. Sumiram em seguida e me deixaram encarregado de pagar três meses de aluguel para me livrar daquilo.
O terreno de Cotia transformou-se em um mico, meus filhos seguiram o curso normal de suas vidas, a estudar em escolas e a fazer nelas amizades que persistem até hoje.
Quanto aos dois arquitetos que contratei, espero que tenham longa vida e que tenham dado boas gargalhadas às custas do executivo sonhador que os sustentou - e a seus baseados - durante alguns meses.
Viva o Dia do Arquiteto!
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Preferências
Dilma viaja para as exéquias de Mandela. Na bagagem leva os ex-presidentes Sarney, Lula, Fernando Henrique e Collor.
domingo, 8 de dezembro de 2013
Consolo e Verdade
Alberto Gonçalves, na revista Sábado da semana passada, a propósito de outro contexto, diz:
"[...]Os tementes a Deus desesperados por emprestar um sentido para o encantador absurdo da dimensão humana, [veem] a si próprios como esclarecidos no meio de ingênuos".
Meu primo Wanderley colocou no Facebook, há alguns dias, um vídeo com um discurso de um líder espírita, Divaldo Franco, proferido há 15 anos. Para quem quiser vê-lo, basta clicar aqui.
O objetivo declarado da palestra é o de mostrar que a reencarnação é mencionada em vários lugares da Bíblia. E, com isso, derrubar as objeções dos cristãos que não aceitam a ideia de reencarnação por entenderem que a Bíblia não a endossa. Mas o sr. Franco vai mais além e faz uma completa apologia da reencarnação.
Quanto às alegadas menções à reencarnação na Bíblia, o conferencista chega a dar uma explicação a uma afirmação de Jesus que sempre causa embaraços aos crentes. Trata-se da afirmação de Jesus de que seu retorno "numa nuvem, com poder e grande glória" ocorreria logo: "não passará esta geração até que tudo aconteça". (Lucas 21: 27 e 32). Essa afirmação de Jesus é tanto mais embaraçosa por repetir-se em três dos evangelhos canônicos (Mateus 24:34 e Marcos 13:30, além do já citado Lucas).
Pois bem. Divaldo Franco não é de se deixar apertar por dificuldades desse tipo. Para ele, Jesus não se referia à existência de seus discípulos naquele momento, mas na vida dos espíritos deles. Se as previsões escatológicas de Jesus não se cumpriram até os dias de hoje é porque aqueles discípulos continuam a se reencarnar, a gerar sucessivas existências até que - enfim - chegue o Juízo Final. Haja imaginação!
Aliás, a grande virtude da teoria das reencarnações (que, diga-se, não é apenas apanágio dos espíritas. A versão espírita é mais simples e - por isso - atrai mais adeptos. Mas há versões mais sofisticadas, como, por exemplo, a da Antroposofia), a grande virtude, dizia, é a de explicar muita coisa que sem ela ficaria sem explicação.
Entenda-se explicação, aqui, como versão dos factos que dá sentido ao que parecia absurdo ou injusto.
O próprio Divaldo Franco, em sua palestra, dá alguns exemplos. Um deles: o indivíduo que descobre ter um cancro (câncer, no Brasil) e se pergunta: Por que eu? E Divaldo, a brandir sua teoria da reencarnação, corrige: E por que não eu?
Conheço um caso que ilustra essa questão. Um dos filhos de Evangelista, o famoso ponta esquerda da linha dos cem gols do Santos F.C. da década de 30, teve um filho com severos problemas mentais e motores. Tanto Evangelista como quase toda a família eram membros da Primeira Igreja Batista de Santos. Há alguns anos, soube que esse filho de Evangelista e sua mulher haviam se tornado espíritas. Motivo: o Espiritismo lhes dava sentido a tudo que já haviam vivido.
Como toda religiosidade tem ligação com a ideia de consolo, o Espiritismo oferece uma alternativa das mais atraentes. Ao menos para os brasileiros. Na França, berço do fundador da seita, o Espiritismo não faz o mesmo sucesso. Talvez porque, lá, não haja tanta necessidade de consolo...
Apenas me incomoda a tentativa dos espíritas de utilizarem-se da Ciência para buscar validar suas teorias. Se o terreno das religiões é o consolo, o da ciência é o da busca da Verdade.
E a ciência prefere a ignorância à ilusão de saber.
É preferível a ignorância a um avatar de conhecimento.
Meu primo Wanderley colocou no Facebook, há alguns dias, um vídeo com um discurso de um líder espírita, Divaldo Franco, proferido há 15 anos. Para quem quiser vê-lo, basta clicar aqui.
O objetivo declarado da palestra é o de mostrar que a reencarnação é mencionada em vários lugares da Bíblia. E, com isso, derrubar as objeções dos cristãos que não aceitam a ideia de reencarnação por entenderem que a Bíblia não a endossa. Mas o sr. Franco vai mais além e faz uma completa apologia da reencarnação.
Quanto às alegadas menções à reencarnação na Bíblia, o conferencista chega a dar uma explicação a uma afirmação de Jesus que sempre causa embaraços aos crentes. Trata-se da afirmação de Jesus de que seu retorno "numa nuvem, com poder e grande glória" ocorreria logo: "não passará esta geração até que tudo aconteça". (Lucas 21: 27 e 32). Essa afirmação de Jesus é tanto mais embaraçosa por repetir-se em três dos evangelhos canônicos (Mateus 24:34 e Marcos 13:30, além do já citado Lucas).
Pois bem. Divaldo Franco não é de se deixar apertar por dificuldades desse tipo. Para ele, Jesus não se referia à existência de seus discípulos naquele momento, mas na vida dos espíritos deles. Se as previsões escatológicas de Jesus não se cumpriram até os dias de hoje é porque aqueles discípulos continuam a se reencarnar, a gerar sucessivas existências até que - enfim - chegue o Juízo Final. Haja imaginação!
Aliás, a grande virtude da teoria das reencarnações (que, diga-se, não é apenas apanágio dos espíritas. A versão espírita é mais simples e - por isso - atrai mais adeptos. Mas há versões mais sofisticadas, como, por exemplo, a da Antroposofia), a grande virtude, dizia, é a de explicar muita coisa que sem ela ficaria sem explicação.
Entenda-se explicação, aqui, como versão dos factos que dá sentido ao que parecia absurdo ou injusto.
O próprio Divaldo Franco, em sua palestra, dá alguns exemplos. Um deles: o indivíduo que descobre ter um cancro (câncer, no Brasil) e se pergunta: Por que eu? E Divaldo, a brandir sua teoria da reencarnação, corrige: E por que não eu?
Conheço um caso que ilustra essa questão. Um dos filhos de Evangelista, o famoso ponta esquerda da linha dos cem gols do Santos F.C. da década de 30, teve um filho com severos problemas mentais e motores. Tanto Evangelista como quase toda a família eram membros da Primeira Igreja Batista de Santos. Há alguns anos, soube que esse filho de Evangelista e sua mulher haviam se tornado espíritas. Motivo: o Espiritismo lhes dava sentido a tudo que já haviam vivido.
Como toda religiosidade tem ligação com a ideia de consolo, o Espiritismo oferece uma alternativa das mais atraentes. Ao menos para os brasileiros. Na França, berço do fundador da seita, o Espiritismo não faz o mesmo sucesso. Talvez porque, lá, não haja tanta necessidade de consolo...
Apenas me incomoda a tentativa dos espíritas de utilizarem-se da Ciência para buscar validar suas teorias. Se o terreno das religiões é o consolo, o da ciência é o da busca da Verdade.
E a ciência prefere a ignorância à ilusão de saber.
É preferível a ignorância a um avatar de conhecimento.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Notas australianas
O título é ambicioso, Mas, na verdade, o alcance deste post é bem mais limitado.
Em primeiro lugar, são impressões de segunda mão, recolhidas da Léa, que acaba de retornar de um período de imersão no universo aussie (pronuncia-se ózi).
Além disso, trata-se de impressões colhidas em uma cidade específica (Townsville), em um bairro específico dessa cidade. Um lugar junto ao mar.
É facto que quando lá estive, 2.007, em Gold Coast, um bocadinho mais ao sul da costa Leste, testemunhei muita coisa compatível com o que segue.
Feitas as devidas ressalvas, vamos lá:
1. As pessoas que ali vivem formam uma comunidade, que comemora a convivência com jantares que a todos reúnem às sextas-feiras.
2. As pessoas não têm quase preocupação alguma com a aparência. Parece-me que por não haver lá significativas diferenças de níveis de renda, ninguém precisa mostrar status ou algo que o valha. Aliás, já em Gold Coast eu observara que as pessoas vão a restaurantes e a centros comerciais descalças. Bem vestidas, mas sem sapatos ou mesmo chinelos.
3. Quase todos têm como automóvel esses veículos conhecidos como SUV. Cá em Portugal chamamo-los jipes.
4. As garagens das casas, quase invariavelmente, guardam o SUV e um barco.
5. Quase todos pescam. De um modo ou de outro. Alguns com vara e anzol, outros instalam no mar armadilhas para os peixes e retornam mais tarde para buscar o resultado.
6. Todos bebem bastante (nomeadamente cerveja e vinho branco).
7. A quase totalidade deles é tatuada. Mas com tatuagens que abarcam um braço inteiro, uma perna inteira, coisas assim.
8. 90% (estimativa do sistema Data Léa de pesquisa) desse pessoal vive às custas do governo.
9. Todos aparentam felicidade constante.
O juízo de valor fica por conta do leitor.
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