quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mais embustes com dinheiro público

Há dias em que preferia que não eliminassem partes de minha ignorância. É verdade que, dado ser ela infinita, eliminar dela um bocadinho não altera em nada sua magnitude.
Graças ao texto de Alberto Gonçalves na Sábado desta semana, fui apresentado ao conceito de crianças índigo.
É incrível como as superstições já existentes parecem não satisfazer a necessidade que grande parte das pessoas tem de acreditar em bobagens .
Já não bastavam as idiotices das religiões tradicionais, dos três monoteísmos dominantes com suas ramificações, das religiões africanas. Já não bastavam os vários ramos do espiritismo nem as seitas neopentecostais caça-níqueis.
Agora a moda é o ser quântico, a identidade quântica, a imortalidade quântica etc etc.
Para coroar esse  universo de imbecilidades e espertezas surge a criança índigo. E dá-lhe explicação sobre as cores da aura, sobre vidas anteriores e futuras.

Decididamente esta vida nossa de cada dia não parece ser suficiente para a avassaladora maioria das pessoas. É preciso acreditar que viemos de algum outro lugar. E / ou que iremos para uma nova vida no futuro.

Que seja.

Mas se quando os espertos tiram dinheiro dos crédulos eu não os condeno, porque pedem e tudo lhes é dado de bom grado pelos incautos, quando o que se subtrai é dinheiro público a coisa muda de figura.

Não gosto de pagar impostos para sustentar esses espertalhões.

É particularmente o caso, em Portugal, da Fundação Casa Índigo - Fundação para a Formação Consciencial e Cultural de Crianças Índigo, Jovens e Educadores.

Como relata Alberto Gonçalves, "o governo do eng. Sócrates reconheceu oficialmente a relevância da Casa Índigo, cujos cursos permitem aos professores do ensino público acumular créditos para progredir na carreira."

Quando alguém gasta seu rico dinheirinho para dar oferta nas igrejas de toda espécie, nada a opor. Cada um faz de seus recursos o que bem entende, desde que não transgrida as leis. Mas quando metem a mão em meu bolso sem meu consentimento já não aprecio.

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