sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ufa!


Hoje fui fazer um enxerto ósseo pra poder implantar um dente no lugar do molar que perdi em novembro do ano passado.


Como deixei passar muito tempo (quase um ano) entre tirar o dente e querer implantar outro, o osso foi sumindo.
Foi preciso enxertar pó de osso pra que meu osso resolva crescer e aparecer.

Não sei se é preciso dizer: eu estava simplesmente apavorado.
Nos últimos dias deitava e ficava pensando como seria a cirurgia. O dentista com uma furadeira, abrindo espaço em meu osso para poder enxertar o pó milagroso.
O osso rangendo. Talvez se rompendo irremediavelmente.

Já me via com o rosto partido em pedaços irreconciliáveis. Iria – com certeza – tornar-me um daqueles seres das pinturas cubistas.
Um quadro de Picasso, ambulante.

Enfim, eis-me aqui, enxertado de modo suave.

Tá certo que está tudo dolorido, desse lado esquerdo do rosto. Mas nada que um analgésico não resolva.

Agora vou dormir. Sem pensar em furadeiras.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A inescapável velhice


A Folha de S.Paulo publica hoje, no caderno Informática, matéria sob o título A Morte do E-mail (aqui, para assinantes Folha ou UOL).

Em resumo, informa que a garotada já migrou para outras formas de comunicação. E-mail – agora – é coisa de velho.

A velharada que – à custa de muito esforço – conseguiu abandonar o cartão postal e passou a usar correio eletrônico, está de novo compelida a lutar: o Twitter e os Facebooks da vida a esperam.

A corrida em busca da juventude perdida é maratona sem linha de chegada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Das vantagens da mediocridade


Ontem, ao assistir a uma entrevista de João Carlos Martins, me ocorreu uma perplexidade:

De alguma forma, parece que o destino aproveita acidentes na vida das pessoas para retirar delas o que elas possuem de excepcional.

Vejam, também, o caso de Osmar Santos. Grande narrador esportivo, ao sofrer um acidente automobilístico perdeu justamente a voz.

Há alguns anos, no dia de meu aniversário, uma de minhas irmãs, possuidora de memória fantástica, teve uma crise ao que parece derivada de um pico de pressão arterial e perdeu – ainda bem que por poucos dias – justamente a memória.

Por que Osmar Santos não perdeu alguns movimentos da mão? João Carlos Martins teria perdido a voz e ambos continuariam exercendo seus dons maiores.

De tudo isso resulta que desse mal não irei padecer. Não possuo dons excepcionais. Talvez essa seja uma das virtudes da mediocridade.

domingo, 25 de outubro de 2009

PRO CURA


PROCURE NÃO DESEJAR O IMPOSSÍVEL.
PROCURE NÃO DESEJAR.
PROCURE NÃO.

PROCURE.

O IMPOSSÍVEL.
O IMPOSSÍVEL DESEJAR.
O IMPOSSÍVEL DESEJAR NÃO PROCURE.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Doga é um gênio


A modéstia quase me impede.
Mas lá vai.
Vejam minha Doga a trabalhar em três computadores simultaneamente:

CLIQUE PARA AMPLIAR

Uma dica (talvez) útil


Sempre me vali de legendas nas fotos que coloco aqui no Bazar. Coisas como mostrado abaixo:

Olha a legenda aqui também
Você coloca o mouse/(rato) sobre a foto e pronto: aparece a legenda por alguns instantes.
No meu desktop começou a acontecer que as legendas não apareciam. E isso só ocorria em meu blog. Se visitava outro blog lá estavam as legendas nas fotos.
Abri meu blog em outros computadores e, neles, as legendas reapareciam.

Terminei por descobrir, depois de alguma procura, que tudo pode ser resolvido com um clique.
Acontece que meu desktop está com o Internet Explorer 8 (IE8). Nele, há um botão justamente para adequar aos padrões do IE8 páginas construídas em versões anteriores:

CLIQUE PARA AMPLIAR
Foi só clicar nele e as legendas voltaram a aparecer.

Portanto, se você usa o IE8 (para verificar qual sua versão do Internet Explorer, clique em Ajuda (Help), lá em cima, na barra de menus, e em Sobre o Internet Explorer (about Internet Explorer)) e não vê legendas quando pára o mouse/(rato) sobre fotos, clique naquele botão lá do alto, indicado na figura acima.

É outono. Portanto...


Época de castanhas e de níscaros, na minha terra.

ao clicar, chega à origem da foto
ao clicar, chega à origem da foto

ATUALIZAÇÃO (26/10/2009): Como alguns amigos lembraram a forma "míscaros", registro (ou registo, como se usa em Portugal) que ambas são possíveis.

domingo, 18 de outubro de 2009

Cosmogonias


Em La Creación y P.H.Gosse (Otras inquisiciones, pág. 37, Emecé Editores, 1ª edição, 1.960), Jorge Luis Borges discorre sobre a relação entre Criação e o problema do tempo.
Não vou, é claro, reproduzir aqui o texto de Borges.
É preciso, e delicioso, lê-lo.
Borges começa pela aparentemente desimportante questão de se Adão tinha umbigo para enveredar pela causalidade temporal e sua incompatibilidade com a idéia de Criação.
Incompatibilidade que não existe, ao menos na visão de Gosse.
Gosse aceita que o estado do universo em um determinado instante é conseqüência de seu estado em um instante imediatamente anterior.
Assim, ao estado f sucede o estado g, a este sucede o estado h etc etc. Mas antes do, digamos, estado r, uma catástrofe divina pode aniquilar o planeta.
Como diz Borges:
O futuro é inevitável, preciso, mas pode não acontecer.
Da mesma forma, esse tempo causal, infinito para diante e para trás, pode ter sido interrompido em algum ponto no passado pelo evento da Criação.
Mais uma vez Borges (explicando Gosse):
O primeiro instante do tempo coincide com o instante da Criação, como dita Santo Agostinho, mas esse instante comporta não só um infinito futuro mas também um infinito passado. Um passado hipotético, é claro, mas minucioso e fatal. Surge Adão e seus dentes e esqueleto contam 33 anos; surge Adão e ostenta um umbigo, ainda que nenhum cordão umbilical o tenha atado a uma mãe.

Ao final do texto, Borges menciona, ainda, a versão moderna dessas idéias de Gosse, versão proveniente da imaginação de Bertrand Russell:
O planeta foi criado há poucos minutos, provido de uma humanidade que “recorda” um passado ilusório.

Quanto a mim, sempre me intrigou a aparente contradição entre um deus onipotente, onisciente, onipresente, e um deus que zela por minhas dores de cabeça ou me ajuda a marcar um gol em uma partida de futebol entre solteiros e casados.

Talvez da aflição oriunda dessa antinomia, surgiu minha versão da Criação:

Na Cidade dos Deuses, em uma casa assobradada de um bairro da periferia, no amplo quintal dotado de algumas árvores frutíferas, um pé de girassol e algumas galinhas à procura de minhocas, dois deusezinhos brincam a brincadeira predileta da maioria da gurizada da cidade: a criação de mundos.

E bolam um mundo cheio de galáxias. Chegam a detalhar uma Via Láctea, com miríades de estrelas, entre elas um insignificante Sol.
Num dos planetas do Sistema Solar, a Terra, instalam fauna, flora e coroam tudo isso com o Ser Humano.
Quando a brincadeira está a atingir seu ponto melhor, a mãe grita lá do interior da casa:
- Crianças, venham lavar as mãos! O almoço está na mesa.
Os dois deusezinhos largam tudo e correm a matar a fome.
E lá ficamos nós, à mercê das intempéries.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Evolução


Quando eu fazia o Ginásio, o livro de Geografia que quase todo colégio adotava era o do Haroldo de Azevedo.
Por ser filho temporão, recebi como herança um livro que havia sido usado por minhas irmãs vários anos antes (hoje em dia elas são mais novas do que eu, mas isso é outra história).
Nele, havia um capítulo sobre a curvatura da Terra.
Além disso, acabei por ter acesso a edição mais recente do mesmo livro.
Continuava lá o capítulo sobre as provas da redondeza da Terra.

Sim.

No meu tempo de escola, era preciso provar que a Terra era redonda.

Na edição que herdei das irmãs, havia uma foto tirada do interior de um avião e que mostrava o horizonte. Por sobre a foto, traçaram uma linha reta para mostrar que ela não coincidia com a linha do horizonte, que – portanto – era curva.

Já na edição mais contemporânea de minha época ginasial, a foto apresentada era a tirada de um satelitezinho afastado da Terra o suficiente para dispensar a linha reta sobre a foto. A curvatura era mais evidente.

Vocês podem não acreditar, mas não conheci Pedro Álvares Cabral pessoalmente.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Caprichos da natureza
ou
Se inveja matasse


Faz onze aninhos que moramos no mesmo apartamento. Nele, ao longo das janelas da sala, há uma jardineira.
Já tentámos de tudo. Não tem jeito. É praga atrás de praga. De vez em quando nascem umas florzinhas muito mixurucas e olhe lá.
De repente, do nada, um vizinho do prédio em frente enche a jardineira do apartamento dele de flores e as pragas nem-te-ligo.
Olha só:

CLIQUE PARA AMPLIAR
O jeito é pensar como a Baixinha:
- Melhor assim. As flores na jardineira dele a gente vê melhor do que se estivessem na nossa.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O vídeo de Maitê Proença



Um brasileiro ridicularizando Portugal nem deveria ser notícia. Trata-se de um dos esportes favoritos dos brasileiros.
Sabe-se que é freqüente um povo colonizado gostar de ridicularizar o colonizador.

No caso, a surpresa parece ter sido apenas dos portugueses.

Os portugueses têm o hábito de endeusar tudo que chega do Brasil. Como brasileiro que vai morar em Portugal, isso me favorece. Mas na qualidade de português que conhece razoavelmente o Brasil, isso me deixa irritado. Essa adoração por tudo que é brasileiro só pode ser ignorância ou masoquismo.
Dizer que se trata de amor por um filho é de um reducionismo insustentável.

Então, fiquemos assim: que os portugueses tratem bem os brasileiros que lá vão, tudo bem. Mas nunca esquecendo que, no Brasil, quando alguém fala que vai morar em Portugal, é obrigado a ouvir:
- Mas lá naquele fim de mundo?!

É que o centro do mundo, para grande parte dos brasileiros, é o próprio umbigo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fim de feira


E o pastel de vento ganhou o Nobel da Paz.

Em matéria de estadistas, o mundo parece viver clima de fim de feira. Só tem tomate amassado, tangerina seca e muita mosca na barraca de peixe.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Gato escaldado...


Dia desses, um amigo de colega meu guiava seu carro ali na Av. Cidade Jardim, em São Paulo, quando um outro automóvel (acho que um Audi) deu-lhe uma leve batida na traseira.
O cidadão desceu e foi reclamar com o motorista do carro "agressor". Eis senão quando, tratava-se de ninguém mais nem menos que Ronaldo, o Fenômeno.
O dito cujo não discutiu. Sentou em seu carro, preencheu um cheque e entregou-o ao amigo de meu colega:
- Isso é suficiente?
Sim. Era suficiente.
Tratava-se de um cheque de trinta mil reais.
O abalroado agradeceu e foi embora.

Ronaldo deve ter pensado:
Se eu tivesse feito isso com aqueles travestis, não teria dado aquela confusão toda.

Parece que aprendeu. Só não precisava exagerar.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um dia como outro qualquer


Hoje, logo ao acordar, soube da morte de um amigo meu.
A Folha até publicou um resumo biográfico dele.
Tá certo que eu não o via há uns 15 anos. Mas, pra mim, freqüência de encontros nunca determinou grau de amizade.
Fosse assim e meu melhor amigo seria o porteiro do prédio em que moro.

Na hora do almoço vi, na TV, imagens do quebra-quebra de trens no Rio.
Lembrei que os operários, nos tempos iniciais do capitalismo, quebravam as máquinas para protestar contra a exploração de que eram vítimas.
Quando será que os brasileiros sairão do século XVIII?

Tomei um cafezinho e voltei ao trabalho.
Afinal, a única coisa que costumo quebrar é a rotina.

sábado, 3 de outubro de 2009