sexta-feira, 15 de maio de 2009
Explicação
Quando era criança, não via graça em ganhar qualquer competição (por exemplo, uma partida de botão) se não fosse de forma honesta.
Eu era assim. Fazer o quê.
Utilizei bons anos de minha juventude a lutar pelo que entendia ser a saída honrosa para o Brasil.
Fui torpedeado. Não me refiro ao óbvio: prisão, tortura etc.
O pior – para mim – foi a oposição de todos. Familiares, amigos, conhecidos. Todo mundo.
Claro que meus familiares sempre me seguraram a barra. Mas foi sempre apesar de.
Ninguém achava que eu estivesse certo.
Ao contrário: todo mundo queria que eu partisse pra outra. Que saísse dessa enrascada.
Enfim, saí.
Hoje sei que o caminho que tentei trilhar estava redondamente errado.
Passados muitos anos, consegui entender que o Brasil quer outra coisa de você. Quer que você seja esperto.
Pois bem. É isso que querem?
Fui esperto.
E me dei bem.
Mas não sou feliz por isso.
Divirto-me com os moralistas que reclamam da falta de ética de políticos etc.
São incompetentes.
Se tivessem um mínimo de capacidade, tirariam proveito.
É assim que funciona.
Meu sentimento em relação ao Brasil não poderia ser outro:
Tenho nojo deste país.
Nojo.
Aqui vivi mais de sessenta anos, lutei para que isto aqui fosse um lugar mais decente, fui massacrado por ter tido tal pretensão, cansei-me de ver a sacanagem prevalecer.
Por causa disso, vou embora, tão logo me seja possível.
Voltarei aqui com freqüência porque cá residem minhas irmãs e alguns de meus filhos e netos. Muitos de meus tios e tias. E primos e primas. Alguns pouquíssimos amigos. Enfim, porque – quer queira quer não – aqui estão minhas raízes.
Continuarei a sentir um frio na espinha ao assobiar o Hino Nacional.
Mas sei, a essa altura da vida, que isso é coisa de imbecil que não caiu na real.
Estamos nas mãos dos sindicalistas espertos, dos apóstolos e bispas sacanas, dos espertalhões da política, dos financistas malandros.
Adeus, pessoal. Tô fora.
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