sábado, 10 de maio de 2008

Foi uma terceira pessoa


Pois é. Não foi Pero Vaz e Caminha que pediu ao Rei de Portugal emprego para um parente. Foi uma outra pessoa. Ela se intrometeu na carta sobre a descoberta do Brasil e acrescentou trechos apócrifos.
Nem pensem que Pedro I proclamou a Independência. Ele apenas teve um pequeno desarranjo intestinal às margens do Ipiranga. Algum gaiato aproveitou-se do imprevisto e gritou o Independência ou Morte.
Já Deodoro da Fonseca, esse, todo mundo sabe que era monarquista. Foi empurrado para a História. Mas quem proclamou a República foi o cavalo.
Por falar em cavalo, a Revolução de 30 teve como ponto alto o tal cavalo que os gaúchos amarraram no obelisco, no Rio. Ou não.
Getúlio não se matou. Foi uma terceira pessoa, ou quarta, ou quinta, sabe-se lá, que entrou no quarto e atirou nele. Até mesmo a Carta Testamento, que tantas lágrimas suscitou ao longo dos anos, não se sabe bem por qual terceira pessoa foi escrita.
E o País continuou sempre dominado por terceiras pessoas.
No caso de JK, a terceira pessoa era uma amante. Ou várias. Menos mal.
O golpe de 1° abril de 1.964 foi patrocinado por terceiros. No caso, os EUA.
Mas nem precisava. A esquerda brasileira não precisa de inimigos. Bastam-lhe os amigos.
E os governos militares? Meu deus! Quanta estupidez! Claro, toda de terceiras pessoas. Afinal, Castelo Branco, Costa e Silva, os Três Patetas, Médici, Geisel, Figueiredo, todos (ou quase todos, sei lá) foram primeiros alunos de suas turmas no Exército. Imaginem os últimos.
Daí fomos parar nas mãos dos Marimbondos de Fogo. Que loteou (os marimbondos, são, no caso, singular) o governo entre terceiras pessoas. Todas foram muito bem remuneradas e o mundo continuou girando em sua órbita.
E veio Collor. E PC Farias. Mas tudo o que amealharam foi obra de terceira pessoa. Tanto é que foram absolvidos. PC Farias foi assassinado, é verdade. Mas nem tudo são flores neste país terceirizado.
Itamar Franco foi o menos ruim. Tá certo. Era – e é – muito caipira. Parece ter sido o primeiro presidente da República que nunca tinha viajado a São Paulo. Pode?! Mas assumiu seus ridículos sem intermediários. Só valeu-se de terceiras pessoas pra implantar o Plano Real. Afinal, o negócio dele era outro, nada real.
Fernando Henrique eu me recuso a comentar. Já tinha escrito um monte de asneiras e governou produzindo mais asneiras. O que de bom foi produzido em seus governos foi obra de terceiros. Sempre a terceira pessoa.
Lula tem uma vantagem: ele troca de terceira pessoa a toda hora. Primeiro era o Zé, depois o Palocci, depois a Dilma, depois quem?
Depois ele, claro. Prontinho pro terceiro mandato.
Vai daí, não entendo a incredulidade da imprensa em relação à versão dos Nardoni sobre o assassinato de Isabella. Se sempre há uma terceira pessoa em tudo que acontece de relevante neste país, por que não haveria uma terceira pessoa na cena do crime?
Aliás, um detalhe: a versão me parece não ser obra nem do pai nem da madrasta de Isabella. Tenho a forte impressão de que a versão é obra de terceira pessoa.
Como sempre, em tudo.

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