sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Tipologia do stress


Antigamente a gente dizia que o fulano estava enfezado, cuca fundida, esquentado, pavio curto, meio lelé, essas coisas.
Hoje, o cidadão tem stress. Ou melhor, estresse. Já criaram o equivalente em português. Com sotaque carioca. O carioca gosta de colocar sílabas extras nas palavras. Por exemplo: Volkswagen, cuja pronúncia é folquisvaguem, o carioca fala folquissivaguem.
Vai daí stress virou estresse.
E serve de justificativa pra tudo. Pra pessoa arrumar amante, tomar um porre, gritar por nada.
Acontece que há stress e stress. No mínimo dois: o positivo e o negativo.
O negativo é o mais comum, claro. Nem preciso dar exemplos.
Já o positivo é aquele da espera da festa, da expectativa do prêmio, da ansiedade da paixão. Costuma ser menos produtivo que o negativo. No stress negativo você corre atrás da reversão das causas. Se o trabalho te consome e te estressa, pau na máquina pra acabar logo com isso. Já no stress positivo não. Ele, em geral, te deixa em estado alfa, paralisado, abobado, embevecido, derretido.
E tome contemplação.
O leitor mais apressado, já quase estressado com a leitura, vai direto ao ponto:
O stress positivo mata menos?
Penso que não.
Mas certamente a morte é mais feliz.

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