quinta-feira, 30 de novembro de 2006
Vésperas de viagem
É sempre assim. Quando se aproxima a hora de zarpar, tudo se acumula. É trabalho que não acaba mais. E tudo tem de ser feito pra que a partida seja possível.
Mas – como sempre – tudo vai dar certo.
Meu amigo Asulado já deve estar a providenciar um encontro de blogueiros lá no Algarve. Qualquer coisa entre 15 e 18 de dezembro.
Isso nos dá pretexto (como se fosse necessário) para sair lá do norte, descer durante dois dias ao sul, ficar lá um dia e voltar novamente ao norte, por caminhos diferentes. A percorrer esse Portugal fantástico.
E eis que, em meio a toda essa azáfama, recebo notícias pra lá de boas:
Meu filho acaba de ganhar um prêmio incrível. Sua mulher, minha nora, não deixou por menos e fez também um brilhareco.
Agora é correr pra fazer o que tem de ser feito e – em seguida – partir pra Terra Prometida, que ninguém é de ferro.
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
Uma pequena maldade
Dia desses, uma blogueira que até então me mandava dezenas de e-mails todo dia mandou-me um, um tanto diferente. Pedia ela que – sem pensar – guiado apenas pelo primeiro impulso, escrevesse, em resposta, a primeira palavra que surgisse em minha mente, associada a ela.
Ao ler tal pedido veio-me à mente umbiguista. Palavra, aliás, que o Houaiss não registra. Mas muito utilizada nos blogs portugueses.
Fiquei em dúvida se deveria responder ou não. Seria grosseiro? Mas, por outro lado, o pedido partira dela. Além disso, trata-se de uma psicanalista. Tem, como dever mesmo de ofício, saber que o que ocorre em minha mente tem muito mais a ver comigo mesmo do que com qualquer outra pessoa. Cheguei a imaginar que trocaríamos alguns e-mails para investigar as razões de ter brotado tal termo em minha mente.
Respondi.
Dia seguinte recebo a réplica:
:) tá bom, não vou mais te mandar nada, assim não precisa mais ficar olhando meu umbigo tchau. Fui .
Como o texto começava com aquele símbolo de riso, encarei como brincadeira e fiquei à espera de novos e-mails dela.
Nada.
Havia feriados. Pensei que talvez tivesse viajado ou que tivesse visitas em casa. Continuei a esperar.
Nada.
Acabei por concluir que ela ficou zangada mesmo, comigo.
Logo pensei em escrever a ela para explicar.
Mas explicar o quê?!
Foi quando lembrei de algo que aprendi com a experiência, no tempo em que dava aulas. Em todas as turmas funcionava assim:
Tópico novo. Eu explicava pela primeira vez. Metade da turma, mais ou menos, entendia na primeira.
Eu explicava de novo. Mais uns trinta por cento passavam a entender.
Explicava pela terceira vez, em atenção aos 20% que ainda não tinham entendido.
Restavam, então, apenas 10% sem entender.
E, aí, entrava o paradoxo.
Se eu explicasse o assunto pela quarta vez, ao invés de a turma dos que não compreenderam cair para uns 5%, ela aumentava!
Surgiam alunos que tinham entendido antes e que agora se confundiam com a nova explicação.
Aprendi, então, que não havia salvação para os tais 10% que não entenderam nem com três explicações.
Ou ainda: nem todos conseguem entender qualquer coisa.
Há momentos em que o remédio é silenciar.
domingo, 26 de novembro de 2006
Hora da virada
Estou mais ou menos como o Geraldo - lembram dele? Aquele, que era candidato a presidente da República do Brasil.
A vaca já tinha ido pro brejo fazia tempo e ele falava em hora da virada.
Ontem, meu amigo Asulado me mandou e-mail pra saber se vamos nos encontrar aquando de minha ida a Portugal, agora em dezembro.
De quebra, mandou-me este link com notícias de meu concelho, o de Vinhais.
Para quem não conhece minha terra, Vinhais é como se fosse - cá no Brasil - um município. As aldeias (muito mal comparando) seriam bairros desse município. Mais concretamente, Vinhais é uma vila (pequena cidade) e as aldeias são pequenas localidades (com população em torno de 100 pessoas cada) afastadas umas das outras - e de Vinhais - por algo como 20 ou 30 quilômetros.
Como podem ler na notícia que me envia o Asulado, Vinhais é - vá lá, vamos direto ao ponto - o pior município de Portugal.
Que seja. Mas está a aproximar-se a hora da virada.
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
Domingos de ceia
Uma vez por mês, na Primeira Igreja Batista de Santos, domingo à noite, era celebrada a Ceia. Como na igreja católica, havia o pão e havia o vinho. Só não havia a eucaristia, aquele sacramento que faz do pão a carne de Cristo e do vinho seu sangue.
Ah. Detalhe. O vinho era suco de uva.
Mas, por conta da celebração da ceia, o culto – que de resto era igual ao de todos os outros domingos, terminava um pouco mais tarde.
Eu, na impaciência da infância, achava o domingo de ceia meio cansativo.
Depois que os diáconos distribuíam o pão e o vinho por todo o salão, depois das orações e dos hinos, meu pai – invariavelmente – terminava a ceia com o versículo:
- E tendo cantado o hino, partiram para o Monte das Oliveiras.
Acredite se quiser. Até hoje, quando alguma palestra, algum seminário, alguma coisa desse tipo a que sou obrigado a assistir e que me entedia termina, recito com meus botões:
- E tendo cantado o hino, partiram para o Monte das Oliveiras.
E me dirijo a meu Monte das Oliveiras, que fica em alguma parte aconchegante de meu ser.
quarta-feira, 22 de novembro de 2006
Eles se salvam. Você paga a conta.
Semana passada, um grupo de cinco pessoas resolveu fazer um passeio pela floresta amazônica. Algum deles telefonou pra você pra perguntar se você achava razoável a aventura?
Pra mim, ao menos, ninguém telefonou.
Foram passear e se perderam. Entre eles havia um cônsul da Holanda e seu filho.
Haja helicóptero, haja exército, marinha, bombeiros, o escambau. Todo mundo mobilizado pra achar a turma.
Acharam. Confraternização geral. Beleza. Todo mundo salvo. Os cinco agradecem o esforço feito para salvá-los.
Sobre os custos da busca, nenhuma palavra.
Você vai pagar mais essa conta.
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Pai Natal ou Papai Noel?
Em Portugal, o velhinho que invade as casas pela chaminé para deixar presentes é conhecido como Pai Natal. No Brasil, é Papai Noel.
Agora, quando ele entra pela chaminé para roubar algo, é ladrão, mesmo. Tanto lá como cá.
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Pacto de morte ou morte do Pacto
Rousseau fala de um Contrato Social, que permitiu ao homem viver em sociedade.
Aqui e ali, cotidianamente, esse pacto vem sendo rompido.
domingo, 19 de novembro de 2006
Preto no branco
Sei lá, entende? É uma coisa assim, tipo tamos aí. Se rolar a gente vê como fica. Mas na boa. Pode crer, mermão. É massa. Isso é. Tem problema não. Qualquer coisa, bota pra quebrar. Ou não. Sei lá, entende?
sábado, 18 de novembro de 2006
sexta-feira, 17 de novembro de 2006
Santa Comba Dão
Mais do que ser a terra na qual nasceu Oliveira Salazar, Santa Comba Dão é uma terra linda, na qual também nasceu António Neves, do Voz do Seven.
Ontem a RTPi mostrou um pouco de Santa Comba Dão. Tirei da TV algumas fotos, que publico em homenagem ao Neves.
Como quase tudo em Portugal, começa-se pela Igreja, entra-se na comida, mergulha-se na natureza, apreciam-se as mulheres.
segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Era uma vez XXXIII -
O dia em que fui pra lá de politicamente incorreto
Estávamos lá, sem o que fazer, no xadrez 12 do Pavilhão 2. O Vô (aquele, pra quem óbvio era isso é coisa já vista), seu companheiro de Partidão cujo nome esqueci, Ismael (o que não tinha ódio de classe, mas inveja de classe. Enfim, um precursor dos atuais sindicalistas do PT), Toninho, Melo e Jonas (os três, companheiros meus do POC).
Lembrei-me de uma história verídica que o irmão de um médico me contara tempos antes. E resolvi repassá-la aos companheiros de cela.
Uma jovem empregada doméstica marcou um exame ginecológico no Hospital das Clínicas. Era o primeiro exame desses em sua vida.
No dia marcado, nervosíssima, ela tomou um rigoroso banho e – não satisfeita – encheu as partes íntimas de talco.
Lá foi ela.
Colocada naquela clássica e ridícula posição ginecológica, ficou a aguardar o médico. Este, depois do primeiro olhar, saiu do quarto, chamou colegas que por ali passavam e explicou:
- Venham ver. Já vi isto de todas as formas possíveis. À milanesa, é a primeira vez.
Quem me dera jamais ter contado essa história. O Jonas caiu matando.
Pra ele, era inadmissível rir de uma situação dessas. Uma pobre moça, inexperiente, sujeita ao ridículo.
E – nós – a rir da infeliz.
Passamos horas a discutir a coisa toda (aliás, na cadeia, o melhor de tudo é conseguir discussões intermináveis. Faz o tempo passar).
Em vão tentei argumentar que a situação realmente desagradável pela qual passara a moça não invalidava a graça do comentário do médico.
Jonas ficou irredutível.
Desde aquele dia, penso que Jonas era o dono da razão.
Mas continuo a achar graça na história.
Devo ser um total pervertido.
domingo, 12 de novembro de 2006
Evolução política
Finalmente, o Brasil tem seu primeiro presidente comunista.
Eu, que lutei um pouquinho pra que isso fosse possível um dia, fico feliz.
Penso que se trata de uma evolução.
Mais um passo nessa evolução será o dia em que tivermos certeza de que ele foi o último.
sábado, 11 de novembro de 2006
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
Sugestão do MBI (Meu Bazar de Ideias)
Oscar Niemeyer, o grande arquiteto, resolveu casar-se outra vez.
O MBI, conservador como sempre, é contra.
Indecência, casar-se com uma mulher quase quarenta anos mais nova. Chega às raias da pedofilia.
Mas, como o MBI é adepto da crítica construtiva, temos também uma sugestão:
Por que Niemeyer não se casa com Dercy Gonçalves?
Aí sim. Idades compatíveis, ambos famosos, ele comunista, ela também excêntrica.
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Miguel Urbano Rodrigues
Escrevi, aqui, sobre Miguel Urbano.
Não sabia por onde andaria tão interessante pessoa. Eis que recebo um e-mail, enviado por desconhecido, contendo artigo escrito por ele (será?) para o Avante!, de Beja, conhecido como Alentejo Popular. Dado que tal jornal não possui site na Internet, fico à espera de poder adquirir algum exemplar dele, agora em minha próxima viagem a Portugal.
Antes disso, alguém pode me dar detalhes das atuais atividades do antigo editorialista do doutor Julinho, do Estadão?
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
Revezamento
Dia desses, em conversa com amigo meu que acabara de voltar de passeio aos Estados Unidos, fiquei sabendo que 49% da população americana já esteve em cana. É. É isso mesmo. Arredondando, de cada dois americanos, um já viu o sol quadrado.
Fiquei estupefato. Não. Estupefato só se ficava no meu tempo de infância. Fiquei, digamos, zureta.
Dia seguinte, por coincidência, meu genro e minha neta, que moram em Connecticut, vieram jantar em minha casa (estão passando alguns dias cá no Brasil). E meu genro contou a seguinte história:
Ele, minha filha e minha neta moram em um condomínio. Um casal vizinho deles vive às turras. É briga quase toda semana. Volta e meia, aquela gritaria.
Outro dia meu genro vinha chegando do trabalho e viu dois carros de polícia parados diante do condomínio. Viu que junto aos policiais estava o tal vizinho. Preocupado, pensando tratar-se de assalto à casa do vizinho, foi conversar com o dito cujo.
- Não, não foi assalto. Briguei com a minha mulher. Mas foi uma briguinha à toa. Só chamei a polícia porque da última vez em que brigamos foi ela que chamou. Se ela a chamasse pela segunda vez consecutiva eu iria preso. Por isso tratei eu de chamá-la, pra zerar a coisa toda.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
O espetáculo do crescimento
Está no Brasil o maior homem do mundo (depois do Lula, claro). Meu Bazar de Ideias (MBI) conseguiu entrevistá-lo, com auxílio de uma escada.
MBI: O ar está muito rarefeito aí em cima?
Xi Shun: Pô, meu. Tenho de agüentar essa piadinha infame há anos. Não dá pra fazer pergunta inteligente?
MBI: Vou tentar. Que aconteceu pra você ficar grandão desse jeito?
Xi Shun: Até lá pelos vinte anos, eu era um cara normal. Tinha qualquer coisa tipo 1,70 m e vivia feliz na minha fábrica de lampadinhas de Natal pra vender no Brasil. Quer dizer. Quase feliz. Meu único problema é que eu achava que tinha pênis pequeno.
MBI: Mas isso quase todo homem acha.
Xi Shun: Ué. Como é que quase todos os homens sabiam que eu tinha pinto pequeno?
MBI: Não! Quase todo homem acha que o seu próprio pinto é pequeno. Não o seu.
Xi Shun: Ah bom. Isso é que dá, dar entrevista com tradução simultânea.
MBI: Sim, mas e daí?
Xi Shun: Daí que comprei, pela Internet, um pó que faz o pinto crescer. Só que como meu inglês é fraquinho não entendi direito a bula. Era pra passar o tal pó no pênis. Eu misturei em um copo d’água e tomei.
MBI: Espera aí. Não que eu queira duvidar de você. Quem sou eu pra procurar encrenca com um cara de 2,36 m. Mas você não tem 55 anos?
Xi Shun: Não. Sou grande mas tenho um ânus só.
MBI: Pô. Não tinha ficado combinado que não valia piada infame?!
Xi Shun: Foi você que começou.
MBI: Se você tem 55 anos, como você diz que fabricava lampadinhas de Natal pra vender pro Brasil quando tinha 20 anos? Naquele tempo a China não produzia lampadinhas. E como você comprou esse pó pela Internet? Não existia Internet há 35 anos.
Xi Shun: Lá vem você com essas chatices de jornalista. O Lula não prometeu o espetáculo do crescimento para agosto de 2003?
MBI: Hum, humm.
Xi Shun: Pois então. Os brasileiros não só acreditaram como, mesmo não tendo acontecido espetáculo nenhum, reelegeram o homem. Você não é brasileiro?
MBI: Hum, humm.
Xi Shun: Então, trate de acreditar no que eu digo e não enche.
sábado, 4 de novembro de 2006
Os primos do Norte estão chegando
Justo agora, que o Pin resolveu matar a víbora e mostrar o pau, a Ediouro vai lançar (dezembro, segundo a Mônica Bérgamo, na Folha, pra assinantes) a tradução do Gus & Waldo, Book of Love, história de dois pingüins homossexuais, escrita por Massimo Fenati.
Ouvi dizer que Pin e Güim, do Ordisi, estão a preparar uma tremenda recepção para a dupla Gus & Waldo. Será?
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
Subscrever:
Mensagens (Atom)