segunda-feira, 15 de agosto de 2005

A profissão de bola quadrada


Uma das conseqüências desagradáveis da atual crise política brasileira (Que crise?!?, diria LuLLa) é o que se pode chamar de décima primeira praga do Egito. Um enxame de cientistas político(a)s assola o debate. Agora há pouco mesmo, o Blog do Noblat postou um comentário da cientista política Lucia Hippolito intitulado “Ninguém precisa perder o sono”. Nele, a cientista política esclarece:
(...) Mas o artigo seguinte [da Constituição Federal], o 81, afirma com todas as letras que, se a vacância dos cargos de presidente e vice-presidente ocorrer nos dois últimos anos do mandato, serão convocadas eleições dentro de 30 dias.
Estas eleições serão indiretas. O presidente e o vice-presidente serão eleitos pelo Congresso Nacional e completarão o mandato.
Assim, na hipótese remota de Lula e José Alencar serem afastados como resultado de um processo de impeachment, o máximo que pode acontecer é o país ter Severino Cavalcanti como presidente da República por 30 dias.

O tal Artigo 81 da Constituição Federal reza:
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Essa expressãozinha “na forma da lei” é que fez a cientista política enfiar o pé na jaca. Essa lei ainda não existe. Daí, percamos novamente o sono.
Eu só queria saber quem inventou essa história de cientista político. Só consigo entender essa expressão em duas situações: quando um cientista é eleito pra algum cargo no Executivo ou no Legislativo e quando um político se forma em algum ramo da ciência.
Fora disso, é bola quadrada.

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