terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bolsa família e outras bolsas


Não conheço o município de Maricá, no estado brasileiro do Rio de Janeiro.
Se mal ouvi falar dele, agora ouvi falar mal dele.
Dele não. De sua elite. Elite política. E um bocadinho econômica, também.

Lá vem mais um petista falar mal da elite, dirá um eventual leitor, apressado.
Só que neste caso a tal elite é toda do Partido dos Trabalhadores (PT).

Acontece que minha mulher foi ao Brasil visitar familiares. Ficou na cidade do Rio de Janeiro.
Como em tempos idos viveu em Niterói, foi passar um fim de semana em casa de amigas que moram em Maricá.
Amigas de vida simples, muito simples. E de olhos e ouvidos muito atentos.
Contaram histórias apimentadas sobre a tal elite política de Maricá.
Tão apimentadas que resolvi conferir antes de passar adiante.
Pelo que pude verificar por meio da Internet, tudo que disseram é verdadeiro. Até alguma coisa é já pública. Eu é que não sabia de nada.

O prefeito de Maricá é o senhor Washington Luiz Cardoso Siqueira. Mas podem chamar de Washington Quaquá. É, digamos, seu nome de guerra.
Reeleito em 2012, foi condenado a ficar oito anos inelegível, pelo Tribunal Regional Eleitoral. E condenado duas vezes. Uma por ter aumentado em até 100% o salário dos servidores municipais 55 dias antes das eleições (a lei não permite isso dentro dos 90 dias anteriores à eleição). Outra vez por ter enviado mais de onze mil telegramas a eleitores convidando-os ao lançamento de um programa “Renda Melhor”., não constante do orçamento. Não se apoquentou com tamanho castigo. E continua a incorrer em delitos semelhantes a esses. Já chegaremos lá.

Não contente em ser prefeito de Maricá, ele é também o presidente estadual do PT no Rio de Janeiro.

Mais: sua esposa, Rosângela Zeidan, que no Facebook aparece como casada e na ficha de deputados estaduais eleitos agora em 2014 apresenta-se como divorciada, teve votação expressiva que lhe garantiu uma folgada eleição para a Assembléia Estadual do Rio de Janeiro. Já veremos como isso se tornou assim tão fácil.

Por fim, uma eminência parda para coroar toda a história: Lurian Lula da Silva. Ela mesma. A filha do impoluto ex-presidente em exercício.

Deixemos em segundo plano as questões picantes, que falam de relações extra-conjugais, de resto segredos de polichinelo na cidade.




A questão que me parece central, aqui, é a criação do cartão cidadão e da – como é mesmo? - moeda eletrônica social Mumbuca. Ao par com o Real (um mumbuca = um real), essa moeda recebeu esse nome em homenagem ao bairro Mumbuca, situado na margem norte do Lago de Maricá, de onde é Quaquá. Por coincidência o bairro em que vivem as minhas fontes.

O citado cartão dá a seu possuidor o direito de consumir noventa reais por mês (segundo o sítio da Prefeitura na Internet, seriam R$ 85,00. Tanto faz) e para exercer tal direito o feliz possuidor do cartão dispõe de uma vasta rede de lojas espalhadas por toda a cidade.

Só não consegui saber, no sítio da Prefeitura nem em qualquer lugar da Internet, como se faz para tornar-se beneficiário do tal cartão.

Acontece que uma das amigas de minha mulher é a feliz possuidora de um desses cartões. E explicou: basta você se apresentar à Prefeitura e exibir seu título de eleitor para provar que você vota no município. Agora na época anterior às eleições do dia 5 de Outubro o cidadão além de receber seu cartão era sutilmente informado de que o benefício seria extinto caso a primeira dama não fosse eleita.
Essa mesma amiga comentou que não votou na esposa de Quaquá por já ter a certeza de que ela teria uma enorme votação. Caso tivesse alguma dúvida quanto a isso, votaria nela.
A entrega dos cartões é sempre feita com muito estardalhaço, em cerimônias públicas.

Por fim: qual a relação de Lurian com tudo isso?
Ela não só reside em Maricá como é também amicíssima da neodeputada Zeidan, a primeira dama.
São tão amigas que Zeidan foi viver na mansão de Lurian.

Elite é isso.

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