Não conheço o município de Maricá,
no estado brasileiro do Rio de Janeiro.
Se mal ouvi falar dele, agora ouvi
falar mal dele.
Dele não. De sua elite. Elite
política. E um bocadinho econômica, também.
Lá vem mais um petista falar mal da
elite, dirá um eventual leitor, apressado.
Só que neste caso a tal elite é toda
do Partido dos Trabalhadores (PT).
Acontece que minha mulher foi ao Brasil
visitar familiares. Ficou na cidade do Rio de Janeiro.
Como em tempos idos viveu em Niterói,
foi passar um fim de semana em casa de amigas que moram em Maricá.
Amigas de vida simples, muito simples.
E de olhos e ouvidos muito atentos.
Contaram histórias apimentadas sobre a
tal elite política de Maricá.
Tão apimentadas que resolvi conferir
antes de passar adiante.
Pelo que pude verificar por meio da
Internet, tudo que disseram é verdadeiro. Até alguma coisa é já
pública. Eu é que não sabia de nada.
O prefeito de Maricá é o senhor
Washington Luiz Cardoso Siqueira. Mas podem chamar de Washington
Quaquá. É, digamos, seu nome de guerra.
Reeleito em 2012, foi condenado a ficar
oito anos inelegível, pelo Tribunal Regional Eleitoral. E condenado
duas vezes. Uma por ter aumentado em até 100% o salário dos
servidores municipais 55 dias antes das eleições (a lei não
permite isso dentro dos 90 dias anteriores à eleição). Outra vez
por ter enviado mais de onze mil telegramas a eleitores convidando-os
ao lançamento de um programa “Renda Melhor”., não constante do
orçamento. Não se apoquentou com tamanho castigo. E continua a
incorrer em delitos semelhantes a esses. Já chegaremos lá.
Não contente em ser prefeito de
Maricá, ele é também o presidente estadual do PT no Rio de
Janeiro.
Mais: sua esposa, Rosângela Zeidan,
que no Facebook aparece como casada e na ficha de deputados estaduais
eleitos agora em 2014 apresenta-se como divorciada, teve votação
expressiva que lhe garantiu uma folgada eleição para a Assembléia
Estadual do Rio de Janeiro. Já veremos como isso se tornou assim tão
fácil.
Por fim, uma eminência parda para
coroar toda a história: Lurian Lula da Silva. Ela mesma. A filha do
impoluto ex-presidente em exercício.
Deixemos em segundo plano as questões
picantes, que falam de relações extra-conjugais, de resto segredos
de polichinelo na cidade.
A questão que me parece central, aqui,
é a criação do cartão cidadão e da – como é mesmo? - moeda
eletrônica social Mumbuca. Ao par com o Real (um mumbuca = um real),
essa moeda recebeu esse nome em homenagem ao bairro Mumbuca, situado
na margem norte do Lago de Maricá, de onde é Quaquá. Por
coincidência o bairro em que vivem as minhas fontes.
O citado cartão dá a seu possuidor o
direito de consumir noventa reais por mês (segundo o sítio da
Prefeitura na Internet, seriam R$ 85,00. Tanto faz) e para exercer
tal direito o feliz possuidor do cartão dispõe de uma vasta rede de
lojas espalhadas por toda a cidade.
Só não consegui saber, no sítio da
Prefeitura nem em qualquer lugar da Internet, como se faz para
tornar-se beneficiário do tal cartão.
Acontece que uma das amigas de minha
mulher é a feliz possuidora de um desses cartões. E explicou: basta
você se apresentar à Prefeitura e exibir seu título de eleitor
para provar que você vota no município. Agora na época anterior às
eleições do dia 5 de Outubro o cidadão além de receber seu cartão
era sutilmente informado de que o benefício seria extinto caso a
primeira dama não fosse eleita.
Essa mesma amiga comentou que não
votou na esposa de Quaquá por já ter a certeza de que ela teria uma
enorme votação. Caso tivesse alguma dúvida quanto a isso, votaria
nela.
A entrega dos cartões é sempre feita
com muito estardalhaço, em cerimônias públicas.
Por fim: qual a relação de Lurian com
tudo isso?
Ela não só reside em Maricá como é
também amicíssima da neodeputada Zeidan, a primeira dama.
São tão amigas que Zeidan foi viver
na mansão de Lurian.
Elite é isso.
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