Sempre que, no Brasil, é assassinado alguém de classe média, volta a discussão: deve-se baixar a maioridade criminal para algo como 16 anos? As pessoas morrem como moscas, no Brasil, mas há certas mortes que valem mais a pena.
Desde que passei um tempinho na cadeia, lá na década de 70, me dei conta de alguns detalhes importantes. Afinal, na tranca sobra pouca coisa pra se fazer além de pensar.
A prisão não pode - até mesmo por uma questão de, digamos assim, mecânica dos fluidos - ser melhor do que a vida da maioria do lado de fora.
Desde que me conheço, as prisões, no Brasil, são verdadeiros infernos. Aliás, desconfio que assim foi desde 1.500 d.C.. Mesmo que as prisões sejam desse modo, conheci várias histórias de presos que, soltos, cometeram algum pequeno delito para poder voltar ao presídio.
Então, não adianta pensar em melhorar as condições carcerárias se - antes - não forem melhoradas as condições de vida do povo em geral.
Antes de prosseguir, é preciso que deixe claro que não tenho nenhuma opinião definida sobre toda essa questão. Tenho dúvidas. E já considero isso uma conquista.
Não entendo o porquê de raramente, no Brasil, considerar-se a possibilidade de não estabelecer uma idade fixa para a maioridade. Deixá-la ao talante da Justiça.
Será porque ninguém acredita no Poder Judiciário? Será mesmo esse Poder o mais corrupto da República?
Algum tempo atrás, na Inglaterra, dois garotos de 11 anos foram considerados adultos, do ponto de vista penal, ao terem raptado um bebé pela simples razão de queriam saber se um bebé explodiria quando uma composição do Metro passasse por cima dele. Viram. E foram condenados a 15 anos de prisão.
Esse é outro detalhe: 15 anos, na Inglaterra ou em quase qualquer outro lugar, são 15 anos. No Brasil, os condenados o são a centenas de anos. Cumprem 5 ou 6 e vão embora, em liberdade.
Outra questão complicada é a Pena de Morte (assim, em maiúsculas, pra dar mais importância). A avassaladora maioria da população brasileira é a favor. Mas, nesse aspecto, as tais elites conservadoras e as esquerdas revolucionárias (exagerei!) se unem para garantir que a voz do povo é a Voz de Deus mas nem sempre. Hay que caminar muy despacio...
Sá coméquié! O povo sabe quando sabe, e a gente sabe quando o povo não sabe.
Tem também a turma que tira da reta em relação à pena de morte e prefere a prisão perpétua. Claro, desse modo evita-se que um erro judicial se torne incorrigível. Se bem que criaria emprego de carrasco. E o pessoal anda ávido. Mas a prisão perpétua também gera empregos.
Outra possibilidade é o antigo olho por olho. Dia desses, na Arábia Saudita, um rapaz que deixou outro paraplégico foi condenado a ficar - ele também - paraplégico. Não sei o que vão fazer. Acho que lhe vão aplicar uma injecção que resolva a questão.
Confesso que isso me causa náuseas. Mas não sei o que resultaria de plebiscito a respeito no Brasil...
A única coisa de que tenho certeza, nisso tudo, é que nada vai acontecer, no Brasil varonil.
Sem comentários:
Enviar um comentário