quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Acaso e crença


Já me aconteceu de conhecer alguém e ouvir dessa pessoa:
- Não foi por acaso que nos conhecemos.
É sempre a dificuldade de aceitar que os eventos se sucedem ao acaso.
Parece que aceitar isso é admitir a nossa enorme insignificância.
E, no entanto, essas mesmas pessoas gostam de lembrar, com freqüência, o quão insignificantes somos diante da vastidão do Universo. Isso quando se trata de enaltecer algum deus de plantão.
Há algum tempo aprendi que esperar uma postura com alguma lógica dessas pessoas (infelizmente, a grande maioria) é inútil.
A Internet, então, tornou-se o paraíso dos que adoram falar de flores, pássaros, sentimentos nobres e como tudo isso causa a felicidade.
E dá-lhe power point, com música melodiosa de fundo (ligue o som!).
Se eu fosse governante, principalmente em país europeu nesse momento de crise, instituía um imposto sobre power point criado e sobre seu repasse.
Das duas uma: ou resolvia a crise ou acabava com essa mania de criar e repassar power point.
Ora, se um indivíduo quer acreditar em um deus qualquer, isso é problema dele. Só se torna problema meu quando o mesmo indivíduo resolve que eu também devo acreditar no deus dele.
Quanto a mim, se me permitem, prefiro entender que cá estamos por acaso, nascemos ao acaso, vivemos ao acaso e morreremos por acaso. E isso me parece deslumbrante. Não preciso de causalidade que me explique nada disso.

Nesse aspecto, os portugueses têm o hábito salutar de usar uma expressão que enaltece o acaso: é o se calhar.
Usa-se o se calhar a propósito de quase tudo, nesta terra católica.

Se calhar, nem católica é.

1 comentário:

Helga Ilse Bekman disse...

Adorei. Também acredito no acaso. Calhou estar aqui, bjim