domingo, 30 de maio de 2010
Salada de frutas
Portugal está em crise. Aí o primeiro ministro (aqui se escreve PM) Zezinho Sócrates vai ao Brasil e pede pra conversar com quem? Com Chico Buarque.
Talves ele quisesse ouvir aqueles versos:
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia.
Já o polêmico Diogo Mainard se queixa, na revista Veja, de que Caetano Velloso tenha se tornado colunista.
E eu, sem querer conversar com Chico ou com Caetano ou com Mainard, passei este sábado às voltas com o pessoal que veio instalar uma nova lareira aqui em casa, com o moço que veio instalar uma ducha higiênica na casa de banho etc etc.
No final das contas, sobrou-me o domingo, pra ir a Passos, visitar quem ainda não foi visitado.
E o sábado, que foi lindo nesta Bragança dos deuses, tornou-se prosaico pela contingência das reformas mas manteve sua dignidade ao fornecer temperatura amena, na faixa dos 22ºC.
E, pra vocês, continuação.
Continuação é dessas palavras que abreviam uma frase.
Começou-se, sabe deus quando, a dizer:
Continuação de bom ano
Continuação de bom final de semana
Continuação de boas férias
Continuação de boas festas
E por aí vai.
Tudo isso foi substituído – sinteticamente – por
CONTINUAÇÃO
É como nosso OBRIGADO, expressão igualmente sintética que correu mundo e transmudou-se em ARIGATÔ, em japonês (ao menos é o que dizem).
terça-feira, 25 de maio de 2010
Dora e Arnaldo
Pois bem. Hoje é o aniversário de minha prima Dora e anteontem foi o de seu marido Arnaldo, que nasceram e vivem em Passos de Lomba. São tão unidos que nasceram quase no mesmo dia (faltaria saber em que ano nasceu cada um. Isso fica pra lá)
Tiveram um filho, o José Carlos, que vive no Alentejo mas que vem ao Norte todos os anos para ajudar os pais na colheita das castanhas. O "meu Carlos", como sempre diz a Dora, é casado com Utília, mulher de cabeça feita, e têm uma filha de nome encantador: Sofia.
Só agora me dei conta de que tenho apenas fotos sofríveis dos dois.
Esta, abaixo, subtraí de uma foto mais ampla, de um almoço em casa de Zelinda, irmã de Dora.
E aqui está Dora, em roupa caprichada (apesar da pose de Vai encarar?, Dora é a pessoa mais doce que conheci em toda minha vida):
Por fim, o casal, também extraído de foto mais ampla. Ainda pego os dois de surpresa, para foto melhor (escondidinhos, estão Zelinda e seu marido, o incrível Alípio).
Maria Branca dos Santos
Semana passada, ao ler Visão, dei de cara com entrevista do ex-ministro das finanças de Portugal, Campos e Cunha (apesar do nome, ele é um só). Dizia ele que “o Estado vive há anos num esquema parecido com o da D. Branca”.
Fiquei na mesma.
Hoje, ao ler o Diário de Notícias, deparei-me com o texto de Pedro Tadeu: “Uma crise provocada por os grandes banqueiros e os seus amigos negociarem dinheiro de poupanças e investimentos como se fossem a versão premium da dona Branca.”
Alto lá!
Não sou um português tão ignorante assim. Já sei até quem foi o soldado Milhões!
Mas, afinal, quem terá sido dona Branca?!?
Percebo, então, que minha ignorância não tem fim.
Dona Branca já foi, até, protagonista de novela.
Prometo que vou estudar-lhe a vida até aos mínimos detalhes.
Vai que isso ajude Portugal a sair de seu atoleiro.
domingo, 23 de maio de 2010
Flores e Festa
As fotos a seguir eu as tirei em Bragança, sexta-feira, 21.
A primeira é tirada da praça da Sé. Vê-se ao fundo, no alto, o castelo de Bragança.
Esta outra realça as flores da praça, além da Baixinha e da Doga, recuperada depois de uns remédios chineses e algumas sessões de acupuntura.
Esse jardim é um dos muitos que embelezam a primavera bragançana. Fica a meio caminho entre o IPB (Instituto Politécnico de Bragança) e a Zona Industrial.
No sábado, fomos a Passos, para a festa de Nossa Senhora da Caridade. Lá pelo meio-dia há missa, seguida de procissão. Não vimos nada disso pois minha família é religiosa mas dá prioridade ao estômago, o que muito me agrada. Ficámos na casa da Zelinda (minha prima) e almoçámos leitão e cordeiro, mais batatas ao murro, legumes etc e tal.
Vejam só como a primavera, em Passos, não poupa nem as pedras à beira dos caminhos e as povoa de flores:
Consegui obter esta foto da Doga em desabalada carreira, o rabo empinado a denotar inequívoca felicidade. Contudo, maior é a minha, a ver a pequena a correr, livre.
O altar abaixo fica ao pé do café do Otávio Marcelo. Não sei se reverencia a Nossa Senhora da Caridade ou o quê.
Sou mais ignorante a respeito de símbolos católicos do que a candidata a presidente do Brasil, Dilma Roussef. Perguntada pelo jornalista (vá lá) Datena sobre suas convicções religiosas, em entrevista na TV, enrolou-se toda na referência a Nossa Senhora. O tal Datena, querendo ajudá-la, criou a Nossa Senhora de Forma Geral. Penso que esse altar poderia bem homenageá-la.
Próximo ao altar, preparava-se o carro de som para a festa da noite. A Doga apavorou-se com o alto volume do som e fugiu. Mostrou mais bom senso que a juventude atual, afundada em toneladas de decibéis.
De volta à casa da Zelinda, quis fotografar o burro pertencente a meu primo Alípio (cuidado lá com o que dizes, homem!). Ele estava à sombra e a foto não sairia lá essas coisas. Penso que ao perceber isso, aproximou-se de mim, colocando-se ao sol.
Lembrei-me da expressão Pôr o burro na sombra. Acabei por fazer o contrário.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Ainda Bruna Real
Fiz um post, ontem, sobre a professora de Mirandela que saiu na Playboy.
Pensei que a notícia passaria um tanto em branco: os assuntos do nordeste trasmontano não interessam aos portugueses das metrópoles.
Ledo engano. Hoje, ao ler as revistas que saíram ontem, constatei:
Os dois articulistas de que mais gosto, Ricardo Araújo Pereira (revista Visão) e Alberto Gonçalves (revista Sábado) não conseguiram escapar dos encantos da docente.
É certo que Alberto Gonçalves, além de meu xará (Renato é apenas um pseudônimo), parece ser morador de Bragança. Mas é inegável a atração que o evento provoca em qualquer um que tenha freqüentado os bancos escolares.
Voltei a meus tempos de Colégio Marçal, em Santos. Fiz lá os 3º e 4º anos do curso primário. No 3º, tinha eu meus 9 anos, a professora acabara de ter filho ou estava grávida, não me lembro ao certo. Tinha jeito de mãezona e não me inspirava fantasias sexuais. Ao chegar ao 4º ano, fui entregue aos cuidados da irmã da primeira professora.
Dona Cidinha.
Encantadora.
Preencheu meus dez anos de idade com fantasias incríveis.
Não consigo, simplesmente não consigo, imaginar o que seria de mim se tivesse acesso, na época, a fotos de dona Cidinha inteiramente nua.
Teria eu sobrevivido?
quinta-feira, 20 de maio de 2010
É fogo!
A fogosa cidadã - Bruna Real - de cuja excelência vai aí uma amostra era professora em uma freguesia de Mirandela, cidade próxima aqui de Bragança. Professora de Expressão Musical, diga-se.
Deixou-se fotografar pela Playboy e causou previsível alvoroço.
Agora pretende voltar às aulas, pois foi transferida para o Arquivo Municipal em função de sua aparição na revista masculina.
Se conseguir seu intento, penso que o Arquivo Municipal verá o número de seus freqüentadores sensivelmente diminuído. O interesse pela pesquisa deve ter aumentado muito em Mirandela desde sua transferência para o Arquivo.
O que mais me chamou a atenção, logo após a exuberância da mestra, claro, claro, foi o nome da freguesia na qual ela ministrava suas aulas: Torre de Dona Chama.
Os alunos, por certo, viviam a pegar fogo.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
É primavera
domingo, 16 de maio de 2010
Dia de sol, festa de luz
Não. Não se trata de O Barquinho, de Menescal e Bôscoli.
É do domingo em Bragança.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
7 de abril de 2.011
Então. Depois de fazer as contas concluí: meu último dia de trabalho será o dia 7 de abril do ano que vem.
Essa história vem de longe. Aos 15 anos de idade consegui meu primeiro aluno particular de matemática. Ele era aluno de minha mãe no Colégio Canadá, em Santos. Terceira série do Ginásio. Quanto a mim, cursava o primeiro Científico.
O pai do garoto procurou minha mãe pra pedir aulas particulares. Minha mãe não podia dar aulas particulares a seu próprio aluno no Colégio. Sugeriu que eu desse as aulas. Engraçado, isso. Hoje em dia dirão que isso era errado. Eu, filho da professora, dando aulas pro aluno dela?! Naquela época, isso soava normal. Ninguém imaginaria qualquer irregularidade. Simples: o normal era que as pessoas fossem honestas. E minha mãe era. O pai do garoto também. Jamais me passou pela cabeça perguntar a ela o que cairia em uma prova que meu aluno faria. E se eu perguntasse, nem sei o castigo que receberia.
Mas isso foi no tempo em que os animais falavam e as pessoas eram – em regra – honestas.
Meu aluno era filho de um cidadão aposentado, de nível elevado. Não me lembro qual era sua profissão. Desembargador? Médico? Acho que era médico legista. Sei lá. Esqueci.Vivia só, com o filho, em um apartamento na Epitácio Pessoa, Santos, rua paralela à praia, uma quadra de distância do oceano. Era obcecado pelo temor de que sua ex-mulher viesse seqüestrar o filho. Só saía sozinho de casa quando eu chegava para a aula. Recomendava que eu não abrisse a porta do apartamento para ninguém. Aproveitava, então, para dar umas voltinhas enquanto eu servia de cão de guarda e de professor de matemática.
Comecei minha primeira aula, como não poderia deixar de ser, tremendo como vara verde (era como se dizia naquele tempo). Poucos minutos depois de ter começado a aula, o pai – que naquele primeiro dia ainda não se aventurara a sair pra passear – veio me perguntar se podia gravar a aula. Podia, claro. Só não disse a ele o que isso significava para meu sistema nervoso.
Aos poucos, constatei que meu aluno não precisava de aulas particulares. Era excelente aluno. Penso que era o pai que necessitava de um guardião que lhe desse uma hora de folga durante três dias da semana. Cumpri meu papel. Ganhei meus primeiros trocados.
Ao começar a cursar a Escola Politécnica, já órfão de pai, já em São Paulo, já com 18 anos, percebi que viver às custas de minha irmã – que passara a bancar a família – não era lá coisa tão respeitável. Tinha de fazer o que sabia: dar aulas particulares de matemática. Fiz isso ao longo de todo o curso de engenharia. Pelo menos, já não pesava tanto na contabilidade da mana. No último ano, consegui uma promoção: comecei a dar aulas em cursinho para vestibulares.
Fiquei algum tempo nisso. Até querer casar e procurar emprego mais aceitável pelos pais da namorada. Um estagiozinho na Light e pronto: desemboquei no Instituto de Matemática da USP, recém constituído.
Preso, perdi a condição de acadêmico. Virei subversivo recolhido à prisão.
Voltei à USP depois de solto, em condicional.
Por querer ter filhos, resolvi correr pra iniciativa privada, onde se ganhava mais.
Lá fiquei quase 20 anos.
Fui bem sucedido. Tive meus altos e baixos, como quase todo mundo.
Por me perceber sem vocação para empresário, o que seria a evolução natural, refugiei-me no serviço público.
Chego ao final. Que – pra mim – é um início.
Jamais vou me esquecer do dia em que saí de uma aula particular ali perto do Parque do Ibirapuera. Tinha ainda 18 anos. Dirigia o Fusquinha de minha mãe de volta pra casa quando tive o insight. Por ironia, em frente à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo:
Vou ter de trabalhar a vida toda se quiser comer.
Senti um calafrio percorrer minha espinha.
Fiz exatamente isso durante 50 anos, mais ou menos.
Houve momentos, quando trabalhava na Promon Engenharia, por exemplo, em que levantava de minha mesa, me refugiava no banheiro e chorava violentamente até descarregar toda minha frustração.
Mas, de choro em choro, de riso em riso, criei três filhos maravilhosos e quase transformo esse post em texto de auto-ajuda.
Vou pra Portugal perder meu lugar.
Perder meu lugar e ganhar uma vida sem trabalho, na mais pura vagabundagem.
Falta pouco.
domingo, 2 de maio de 2010
Joia rara
Há muito esperava a publicação do livro sobre Passos, de meu primo Orlando.
Imaginava eu que seria um detalhamento dos parentescos dos habitantes de nossa aldeia.
Acabo de ler o livro finalmente publicado.
É bem mais do que eu imaginava.
Orlando descreve a Passos dos anos trinta do século passado, período em que ele - nascido no Brasil - lá viveu. É incrível que ele, mesmo sendo criança de menos de 8 anos na época, lembre de tantos detalhes da vida aldeã.
Nos últimos capítulos, enumera as alterações que foi constatando em suas viagens posteriores à Zona da Lomba.
O livro acaba por ser uma fotografia fantástica de um Portugal afastado dos roteiros turísticos.
P.S.: Vou perguntar a ele como se deve fazer para adquirir o livro. Explico depois.
Subscrever:
Mensagens (Atom)